Adriano Monteiro (Emac/UFG), com escultura feita de biomaterial, em que é possível alterar o canto das cigarras por meio do toque (Foto: Arquivo Pessoal)

Eduardo Bandeira

Os professores da Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (Emac/UFG) Adriano Monteiro e Rafaela Pires apresentaram, na última quinta-feira (27/3), os resultados da pesquisa De/Re:Generação, desenvolvida durante a residência no Ligeti-Zentrum, instituição artístico-científica de Hamburgo, na Alemanha. O projeto, que investiga o uso de biomateriais na interseção entre música, artes cênicas e novas tecnologias, recebeu financiamento do programa Ibermúsicas e, no Brasil, contou com o apoio da Funarte.

O projeto se desenvolveu a partir de diferentes frentes de trabalho, incluindo concepção musical e de vídeo, pesquisa e desenvolvimento de interfaces tangíveis com bioplásticos, além da criação de esculturas e objetos interativos. Rafaela trouxe ainda a ideia de utilizar o bioplástico como um exoesqueleto, funcionando como uma segunda pele e ampliando as possibilidades expressivas da performance.

A concepção musical teve como ponto de partida os sons das cigarras, gravados tanto em Goiânia, na UFG, quanto em Campinas (SP). A pesquisa também envolveu um estudo aprofundado de diferentes receitas de bioplásticos e a análise de seu comportamento dentro do sistema desenvolvido, buscando compreender como esses materiais poderiam funcionar como interfaces interativas e se integrar a elementos eletrônicos.

A paisagem sonora criada a partir das gravações de cigarras foi ampliada com a síntese de sons naturais por modelagem física, uma técnica que utiliza algoritmos para simular o comportamento de sons de objetos naturais, criando sons que imitam fenômenos como o vento ou o canto de um animal.

Além disso, foi desenvolvido um sistema de espacialização sonora com 32 alto-falantes, permitindo uma distribuição tridimensional do som e criando uma experiência imersiva para o público.

A pesquisa tem como objetivo final a realização de uma performance artística no Centro Cultural UFG. A obra será um ambiente interativo multimídia, apresentado tanto como instalação artística quanto como um espaço para performances cênico-musicais.

O momento final da performance será marcado por padrões interativos: ao tocar a escultura, os espectadores despertarão sons diferentes, gerados pela interação com a instalação.

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Projeto De/Re:Generação é fruto de residência dos professores da UFG em instituição artístico-científica da Alemanha (Foto: Arquivo Pessoal)

Desafios e próximos passos

Um dos desafios enfrentados pelos pesquisadores foi explorar as possibilidades estéticas de integrar elementos multimídia aos bioplásticos, investigando também como tornar esses materiais mais biodegradáveis dentro do contexto performático.

A continuidade do projeto envolverá melhorias na interface, incluindo o desenvolvimento de uma placa de circuito impresso personalizada. Essas placas funcionam como uma base que conecta e organiza os componentes eletrônicos, permitindo que sensores e sistemas interajam de forma mais eficiente.

No caso do De/Re:Generação, a PCB ajudará a integrar os bioplásticos com os sensores, garantindo que a instalação responda ao toque do público de maneira mais precisa e fluida.