
Crianças participam do Julho das Pretas na UFG
Secretaria de Inclusão da UFG promove quarta edição do evento com ações e debate sobre racismo e bullying
Educação antirracista: estudantes do Cepae/UFG participaram de atividades do IV Julho das Pretas (Foto: Julia Barros)
Jayme leno
Na luta contra o racismo, a Secretaria de Inclusão da Universidade Federal de Goiás (SIN/UFG) promoveu, na última sexta-feira (4/7), uma série de atividades em comemoração ao mês da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha – celebrado no dia 25 de julho –, tendo seu início no Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae). A ação educativa, que contou com o apoio de diversos coletivos do movimento negro, fez parte da programação do IV Julho das Pretas: Contra o racismo, por reparação e pelo bem viver, que tem como objetivo enfrentar violências estruturais que se manifestam, já na primeira infância, por meio de brincadeiras aparentemente inofensivas.
Essa edição consolida uma trajetória de quatro anos de ações contínuas voltadas à conscientização sobre as desigualdades enfrentadas pelas mulheres negras latino-americanas e caribenhas, ainda marcadas pelo racismo e pelo machismo. A principal inovação deste ano foi a inclusão de atividades voltadas para crianças, reconhecendo a importância de iniciar esse debate desde a infância.
Acesse aqui o álbum de fotos do evento.
A secretária de Inclusão da UFG, Luciana de Oliveira Dias, ressaltou que a SIN entende que a consciência deve ser formada desde muito cedo, nos primeiros anos, no início de uma trajetória de vida. "Isso porque o racismo e o machismo incidem sobre as pessoas negras e sobre as mulheres negras desde muito cedo, desde a primeira infância".
A coordenadora do Espaço IntegraSin, Liliene Rabelo dos Santos, reforçou que "a UFG, por meio da SIN, cumpre um papel fundamental na democratização do conhecimento, promovendo não apenas a formação de professores do ensino superior, mas também contribuindo para a qualificação de docentes da educação básica e, de forma mais ampla, impactando a formação de crianças e jovens que, futuramente, poderão se tornar profissionais da educação. Ao incentivar esse processo desde a educação básica, a Secretaria contribui para a inserção efetiva dessas temáticas no currículo escolar e para a construção de uma sociedade mais crítica, equitativa e antirracista desde os primeiros anos de vida".
Segundo a coordenadora, a mobilização coletiva é fundamental para que ações afirmativas saiam do papel e se transformem em práticas cotidianas: "Ninguém faz inclusão sozinho. Quando todos compram a luta antirracista, conseguimos transformar a universidade e a sociedade em um lugar mais seguro para todas as pessoas".
Crianças mostram máscaras feitas em oficina ministrada no evento (Foto: Julia Barros)
Antirracismo
O Julho das Pretas é uma mobilização política de mulheres negras que acontece desde 2013 no Brasil e hoje está presente também em países da América Latina, América do Norte, Europa e África. Segundo Luciana, na UFG o evento chegou à sua quarta edição com a proposta de incluir as crianças nas ações de conscientização.
"Escolhemos o Cepae porque é no Cepae que estão as crianças. E, como eu disse anteriormente, a gente quer trabalhar com essa conscientização desde a primeira infância", afirmou. Toda a equipe participa da organização, junto a coletivos, núcleos e grupos parceiros, inclusive externos à Universidade, para garantir a efetivação das ações dentro do espaço acadêmico.
Durante a manhã, estudantes dos anos iniciais participaram de oficinas com o Coletivo Geninhas em Movimento. Já as turmas dos anos finais participaram de uma oficina com a psicóloga clínica e social Carol Alencar, sobre o tema do bullying relacionado à racialidade e o impacto da falta de representatividade no desenvolvimento emocional de crianças e adolescentes negras.
A psicóloga Emanuelle Araújo explicou que muitos comportamentos considerados bullying, na verdade, configuram racismo, o que torna ainda mais urgente esse tipo de debate. "É essencial que as crianças aprendam a reconhecer o que é violência racial, que entendam que isso é crime e que saibam onde buscar apoio", observou.
Com apenas 12 anos, Izabela de Paulo Araújo, estudante do Cepae, destacou a importância de eventos como este para conscientizar sobre o racismo dentro do ambiente escolar. Ela contou que se identificou com a fala sobre o racismo, por já ter passado por situações parecidas. Para ela, ações como essa ajudam a refletir sobre atitudes racistas e podem transformar o comportamento de colegas. "Isso pode mudar a forma como as pessoas agem e ajuda quem sofre com isso", afirmou.
Já sua colega Heloísa Prado Fonseca, de 13 anos, contou que se sentiu feliz com a proposta, ressaltando que "mulheres e meninas negras não eram reconhecidas antes, e agora a gente está conhecendo a nossa história".
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Fonte: Secom UFG
Categorias: Conscientização Institucional SIN