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Universidade Federal de Goiás
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Lapig e Semad-GO avançam no mapeamento da vegetação remanescente do nordeste goiano

Em 15/07/25 11:16. Atualizada em 15/07/25 11:19.

Equipes percorreram a Bacia do Médio Tocantins e Paranã com apoio de drones e sensoriamento remoto

atlasTerra Ronca Atlas - Parque Estadual de Terra Ronca, em Goiás - Foto: Divulgação/Atlas

 

Jayme Leno

Entre paisagens de vegetação conservada e trechos marcados pela degradação, uma nova missão de campo foi realizada por equipes da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad-GO) e do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás (Lapig/UFG). A expedição ocorreu nas regiões da Bacia do Médio Tocantins e do Paranã e integra a elaboração do segundo produto do Atlas dos Remanescentes de Vegetação de Goiás. O principal objetivo foi verificar, diretamente no território, a precisão das análises obtidas por imagens de satélite sobre a cobertura de vegetação nativa ainda existente.

A produção desses produtos foi uma iniciativa idealizada pela Semad-GO, e tem como objetivo principal mapear, com alta precisão, as áreas de vegetação nativa ainda preservadas no território goiano. O projeto busca fornecer informações fundamentais para orientar ações de conservação ambiental, restauração ecológica e planejamento territorial. Ao integrar ciência, tecnologia e políticas públicas, o Atlas visa contribuir para um modelo de desenvolvimento que concilie produção sustentável, preservação da biodiversidade e enfrentamento dos desafios climáticos.

Durante três dias intensos, o grupo percorreu sete municípios - São João d'Aliança, Teresina de Goiás, Campos Belos, São Domingos, Posse, Mambaí e Formosa - priorizando áreas próximas a unidades de conservação, como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e o Parque Estadual de Terra Ronca. A coordenadora geral do projeto, Elaine Barbosa, ressalta que “nesse caso, a gente estava focado nas unidades de conservação. Então, essas cidades foram escolhidas porque elas estão perto, tanto do Parque Nacional da Chapada, quanto do Parque de Terra Ronca”.

A missão tem papel estratégico na construção da chave de interpretação do produto, etapa essencial para garantir a acurácia das classificações de vegetação feitas por sensoriamento remoto. “A vegetação responde de forma distinta ao relevo. Áreas com terrenos mais ondulados, por exemplo, apresentam padrões diferentes dos observados em regiões planas, e isso precisa ser considerado na análise”, explica a pesquisadora.

De acordo com a supervisora dos intérpretes de imagens, Amanda Falcão, a metodologia aplicada envolve uma amostragem aleatória estratificada, sorteando pontos representativos das diferentes fitofisionomias do Cerrado. Embora a coleta de campo ainda esteja em andamento — com apenas cerca de um terço da bacia percorrida — os dados já coletados são fundamentais para o aprimoramento técnico da equipe de intérpretes. “A ida ao campo ajuda a identificar padrões, ajustar interpretações e treinar os profissionais que atuam diretamente na leitura das imagens”, completa Amanda.

atlasJardim de Maytrea, na região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás — Foto: Divulgação / Atlas

 

Expedição

Entre as limitações logísticas enfrentadas pela equipe em campo, os principais desafios foram o acesso aos parques ambientais e a necessidade de autorizações para entrada nas áreas de pesquisa. Para superá-los, o grupo teve o apoio da Semad-GO, além do planejamento estratégico e tecnologias de sensoriamento remoto. A utilização de drones, por exemplo, foi essencial para driblar as limitações de acesso e possibilitar a obtenção de dados em áreas com vegetação densa e relevo acidentado.

Segundo Elaine, “o drone amplia nosso olhar para além do que é possível ver em campo, permitindo captar imagens mais altas e distantes, o que facilita a análise da relação entre o tipo de relevo e a vegetação predominante”. Os dados obtidos com o equipamento, em conjunto com os mapas geológicos, serão fundamentais para a interpretação das imagens no sistema de monitoramento via satélite. O trabalho de interpretação e validação das imagens, realizado pelos intérpretes, envolve um processo técnico, baseado na análise de diversos materiais, como imagens dos satélites Sentinel e CBERS, registros do Google Earth Pro e gráficos de NDVI.

Os profissionais recebem as amostras e as máscaras de vegetação — contornos que delimitam áreas verdes — e, a partir disso, identificam padrões como textura, cor, tonalidade e comportamento da vegetação, para classificar as diferentes fitofisionomias. Essa análise é feita com base em uma chave específica para cada região, permitindo distinguir com maior precisão áreas de vegetação primária, secundária ou em transição.

De acordo com Amanda Falcão, a ida a campo teve papel essencial no aprimoramento técnico da equipe. A vivência direta com os ambientes mapeados permitiu validar informações, reconhecer erros e acertos e refinar o olhar dos profissionais na distinção entre classes de vegetação. Ela ressalta que o uso de equipamentos de voo multiespectral complementou a investigação, permitindo acesso a áreas de difícil alcance e ampliando a visão sobre remanescentes importantes. “Alguns pontos sorteados estavam inacessíveis por estrada, então usamos drones para obter imagens aéreas detalhadas”, explica Amanda.

Uma das diferenças notadas em relação ao primeiro produto do Atlas foi a qualidade dos remanescentes. Enquanto na primeira missão, realizada mais ao sul de Goiás, predominavam áreas degradadas e fragmentadas, agora, na região nordeste do estado, foram encontrados remanescentes bem conservados e com grande diversidade. “Trabalhamos praticamente com os extremos do Cerrado em Goiás. É visível a diferença entre uma área intensamente ocupada e outra com vegetação nativa ainda bem preservada”, destaca Elaine.

A coordenadora geral está otimista com a previsão de entrega deste segundo produto do Atlas, que inclui a máscara de vegetação e sua posterior classificação por fitofisionomia (como floresta seca, savana úmida, campo seco, entre outras), e espera que ele seja finalizado até o fim de julho. O grupo segue trabalhando semanalmente na análise, correção e auditoria das imagens, em um processo minucioso que visa garantir a confiabilidade científica do mapeamento.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Meio ambiente Notícia 5 Lapig