
Pesquisa avalia recepção do telejornalismo por pessoas com deficiências auditivas e visuais
Ausência de práticas jornalísticas mais inclusivas limitam a participação cidadã desses grupos
João Vítor Bueno*
O telejornalismo tem, nos últimos anos, oferecido recursos para o público com deficiências auditivas ou visuais como intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras), audiodescrição e legendas. No entanto, ainda prevalecem barreiras que limitam a participação cidadã desses grupos. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada por Sabryna Moreno da Silva no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Goiás (UFG), sob orientação da professora Ana Carolina Rocha Pessoa Temer.
A pesquisadora analisou as experiências e estratégias de acessibilidade comunicativa dessas pessoas. O estudo destaca a urgência de práticas jornalísticas inclusivas, propondo alternativas para que os veículos de comunicação cumpram sua função social e respeitem a diversidade, transformando a informação em um direito acessível.
Motivada pela necessidade de fortalecer a cidadania comunicativa e dar voz para essa comunidade, a autora partiu do modelo social de deficiência, reconhecendo que as barreiras enfrentadas são resultado de contextos históricos, sociais e culturais que limitam o acesso pleno à informação. A metodologia da pesquisa se desenvolveu por meio de entrevistas em profundidade e observação participante nas casas de dez pessoas com deficiência, sendo cinco com deficiência visual e cinco com deficiência auditiva.
Sabryna mapeou trajetórias de recepção e destacou as principais estratégias adotadas por essas pessoas no consumo do conteúdo televisivo, desde a mediação de familiares até o uso de tecnologias assistivas como Libras, audiodescrição e legendagem.
Programa Conexões, da TV UFG, é coapresentado por um intérprete de Libras (Foto: Divulgação/TV UFG)
Barreiras comunicacionais
Os resultados obtidos evidenciam a persistência de barreiras comunicacionais nos telejornais brasileiros, com conteúdos majoritariamente orientados para públicos ouvintes e videntes, o que reforça a exclusão de pessoas com deficiências sensoriais. Para contornar essas limitações, muitos desenvolvem estratégias próprias, como o apoio de familiares ou o uso de aplicativos e tecnologias que tentam suprir a falta de acessibilidade. Ainda assim, essas soluções são paliativas e não substituem a necessidade de práticas inclusivas efetivas por parte das emissoras.
Essa realidade impacta diretamente a cidadania comunicativa, pois restringe o acesso à informação e perpetua desigualdades ao afastar essas pessoas da esfera pública.
A pesquisadora acredita que, para tornar a acessibilidade comunicativa no telejornalismo possível e contribuir para a cidadania de pessoas com deficiência, é necessário que os veículos de comunicação adotem e expandam recursos como legenda, janela de Libras, audiodescrição e cultivem uma abordagem inclusiva, representativa e linguagem respeitosa.
Para Sabryna, quando esses recursos são efetivamente integrados à prática jornalística, a inclusão midiática contribui para fortalecer a inclusão, a participação social e o exercício pleno da cidadania.
* João Vítor Bueno é estagiário do curso de Jornalismo da FIC/UFG, orientado pela jornalista Kharen Stecca.
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Fonte: Secom UFG
Categorias: Acessibilidade Humanidades Fic Destaque Notícia 1