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Universidade Federal de Goiás
Cesu

Goiás terá primeiro Centro de Excelência em Saúde Única do Brasil

Em 17/09/25 12:57. Atualizada em 17/09/25 12:58.

Pesquisadores vão desenvolver soluções para o uso racional de pesticidas e o controle sustentável de pragas

 

Cesu

Cesu contará com oito pesquisadores do núcleo principal e outros 25 vinculados à UFG e outras instituições (Foto: Fapeg)

 

Da Redação, com informações da Fapeg

Goiás será o primeiro estado do Brasil a sediar um Centro de Excelência em Saúde Única (Cesu), uma iniciativa pioneira que promete revolucionar a abordagem da saúde no país. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) investirá R$ 5 milhões nesse projeto que unirá pesquisadores altamente qualificados para promover a interconexão entre saúde humana, animal e ambiental, com foco no uso racional de pesticidas e no desenvolvimento de tecnologias alternativas para o controle de pragas.

A iniciativa, idealizada pelo governo de Goiás por meio da Fapeg, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater Goiás), posicionará o estado como referência nacional e internacional. Goiás alcançará um novo patamar na temática de controle de pragas e uso de pesticidas dentro do contexto de Saúde Única – que reconhece a interconexão entre a saúde humana, animal, vegetal e seus ecossistemas – e considerando o conceito de sustentabilidade (ambiental, social e econômica). Em uma rede integrada e colaborativa, os profissionais atuarão em pesquisa, inovação, ensino e extensão, possibilitando avanços científicos e tecnológicos em consonância com as metas da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

Com início oficial das atividades previsto para os próximos dois meses, após a formalização do convênio entre a Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape/UFG) e a Fapeg, o Cesu terá como sede principal o complexo de laboratórios da Emater Goiás, que será denominado Cesu-Agro. Além da sede na Emater, o Cesu contará com os laboratórios coordenados pelos pesquisadores principais, que estão sediados em diferentes unidades acadêmicas da UFG.

A expectativa é que, nos próximos cinco anos, o Centro se consolide como referência em políticas públicas, educação, tecnologia, ensino e extensão voltados à sustentabilidade no manejo de pragas de importância agrícola, veterinária e de saúde pública. As ações do Cesu gerarão impactos diretos na saúde pública, na segurança alimentar e na conservação ambiental, contribuindo para um futuro mais sustentável e equilibrado, aliando desenvolvimento econômico, qualidade dos alimentos, saúde animal e cuidado com o meio ambiente.

 

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Cesu-Agro terá como sede principal o complexo de laboratórios da Emater Goiás (Foto: Fapeg)

 

Coordenação

O Cesu será coordenado pela professora Virgínia Damin, cientista do solo, e terá como vice-coordenador o professor Caio Monteiro, biólogo especializado em controle de artrópodes de importância médico-veterinária, ambos da UFG. O Centro contará ainda com oito pesquisadores do núcleo principal e outros 25 pesquisadores colaboradores vinculados à UFG, Universidade Estadual de Goiás (UEG), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Arroz e Feijão), Instituto Federal Goianoa (IF Goiano) e Emater Goiás, além da colaboração de outros órgãos estaduais como Secretaria Estadual da Saúde, Agência Goiana de Defesa Sanitária, Vigilância Ambiental, e parcerias com órgãos federais como Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e associações.

Essa rede congregará especialistas de diversas áreas, como agronomia, biologia, biomedicina, biotecnologia, farmácia, química, veterinária e zootecnia. Os profissionais atuarão em ações divididas em dois grandes eixos temáticos principais: o desenvolvimento de estratégias para o uso racional de pesticidas e a redução dos impactos que eles ocasionam ao meio ambiente e organismos não alvo; e o desenvolvimento de tecnologias para controle de pragas, doenças e plantas infectantes no âmbito agrícola, veterinário e de saúde pública.

Os pesquisadores executarão atividades de monitoramento e otimização do uso de pesticidas, desenvolvendo processos e tecnologias para aumentar a eficácia das estratégias de controle de pragas e minimizando a contaminação e os impactos sobre a saúde humana, animal e ambiental. Além disso, desenvolverão tecnologias para controle de pragas e vetores, realizando pesquisas de bioinsumos e moléculas sintéticas seguras e eficazes, bem como estratégias inovadoras para controle de parasitas, reduzindo a dependência de pesticidas convencionais e promovendo a sustentabilidade agropecuária.

O Cesu terá também pesquisadores dedicados à avaliação dos impactos dos pesticidas à saúde humana (como o aumento de danos genéticos em trabalhadores rurais que não usam Equipamentos de Proteção Individual), à saúde animal (avaliação dos impactos em animais de grande e pequeno porte, abelhas, minhocas e outros) e aos ecossistemas como um todo (impacto em microrganismos, avaliação dos níveis de pesticidas em diversas matrizes, como solo e água).

Para Virgínia, o Centro colocará Goiás à frente dos demais estados em uma questão estratégica do ponto de vista do mercado nacional e internacional de alimentos saudáveis. O Brasil é um dos principais produtores de alimentos do mundo, e a região Centro-Oeste, especialmente o estado de Goiás, desempenha um papel estratégico nesse cenário.

Estimativas apontam que a população mundial atingirá 9,7 bilhões de pessoas em 2050, exigindo um aumento de 70% na produtividade agrícola sem expansão significativa das fronteiras agrícolas. Nesse contexto, o Centro de Excelência entra para vencer desafios críticos, como o controle eficiente de pragas e doenças, a sustentabilidade dos sistemas produtivos e a minimização dos impactos ambientais.

A pesquisadora explica que o uso extensivo e, muitas vezes, inadequado de pesticidas tem resultado na seleção de pragas resistentes, contaminação do solo e da água, impacto sobre organismos não alvo e danos diretos à saúde humana e animal. Além disso, o aumento de doenças transmitidas por vetores, como dengue, zika, chikungunya, leishmaniose e febre maculosa, reforça a necessidade urgente de desenvolver métodos de controle mais eficazes e sustentáveis.

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Virgínia Damin (EA/UFG) coordena o Cesu (Foto: Fapeg)

Resposta à demanda global

O Brasil é um dos três maiores consumidores de pesticidas do mundo, e Goiás também utiliza o produto em grande escala, girando em torno de 16 quilos de pesticida por ano por hectare, relata a pesquisadora. Segundo Virgínia, as ações do Cesu serão capazes de oferecer uma resposta estratégica às exigências do mercado internacional, que impõe restrições cada vez mais rígidas aos níveis de resíduos químicos nos alimentos.

"Se formos adotar, por exemplo, os parâmetros da União Europeia, os níveis de glifosato permitidos aqui no Brasil são 200 vezes maiores. Isso inviabiliza a exportação para mercados mais exigentes", alerta a coordenadora.

Em contrapartida, ela destaca que Goiás tem algumas leis à frente de outras unidades da federação, como a Lei de Bioinsumos, que podem auxiliar as ações do Centro. "Temos muito conhecimento científico, vários laboratórios atuando, inúmeras iniciativas e pesquisas sendo desenvolvidas por instituições, diversos pesquisadores altamente qualificados, mas tudo de forma pulverizada, o que dificulta uma visão holística da temática. O Cesu surgiu por observar a necessidade de juntar os esforços, centralizar as informações".

Ela completa: "Quando trazemos uma equipe especializada no assunto para trabalhar junto, quando começamos a ver os resultados do trabalho do outro, é como se fosse um quebra-cabeça que começa a fechar, a apresentar resultados maiores com esta abordagem multidisciplinar. Queremos transformar a informação pulverizada em conhecimento integrado, que sirva para orientar decisões, políticas e práticas agrícolas mais seguras e sustentáveis".

Para Virgínia, a participação da Emater Goiás é um ponto muito estratégico. "Ao mesmo tempo que estaremos gerando pesquisas de ponta dentro da temática do Cesu, teremos a oportunidade de testar e implementar as tecnologias e processos gerados em tempo recorde, beneficiando não só os produtores e profissionais do campo, mas toda a população, por meio da produção de alimentos mais saudáveis e seguros".

A pesquisadora aponta que a criação do Cesu é fruto da estratégia da Fapeg de fomentar ciência aplicada e integrada. "Hoje a Fapeg é destaque no Brasil pela forma de conduzir a ciência. Sou professora na UFG há 16 anos e a gente vê a verdadeira transformação que a Fapeg passou e também que ela faz".

Formação e capacitação

Inicialmente está previsto o lançamento de um curso de pós-graduação lato sensu, com a expectativa de, no futuro, oferecer a pós-graduação stricto sensu, que se tornaria o primeiro curso de pós-graduação em saúde única.

Entre as expectativas, o Cesu se propõe a ser referência em análise e monitoramento de pesticidas e em análises de segurança e toxicidade de produtos pesticidas em Goiás e no país; prospectar novas moléculas ativas utilizando modelagem molecular e inteligência artificial; prospectar novos alvos a serem atingidos para melhorar o controle de pragas; prospectar fungos entomopatogênicos e outros organismos biológicos capazes de controlar as pragas de interesse à saúde única; obter formulações mais seguras e eficazes, seja pelo uso de nanotecnologia; obter formulações mais estáveis, que reduzam o uso de substâncias químicas e favoreça a aplicação de doses menores de repelentes e carrapaticidas.

Além disso, visa obter redução no valor gasto com compra de insumos e favorecimento da biodiversidade; monitoramento do efeito deletério dos pesticidas à saúde humana, aos microrganismos do solo e em animais, incluindo abelhas. Prevê também monitoramento dos focos de praga nas lavouras para aplicação de pesticidas; desenvolvimento de novos biopesticidas com liberação controlada, mas seguros e eficazes; avaliação dos efeitos genotóxicos dos pesticidas; determinação toxicológica dos pesticidas; e o monitoramento dos níveis de resistência no estado de Goiás.

Também atuará na formação de profissionais capacitados em Goiás para realizar análises com pesticidas e produzir novas formulações e bioinsumos, além de ações que mostrem ao produtor rural, de forma prática e acessível, o que pode ser feito para melhorar a eficácia do herbicida e reduzir a quantidade aplicada; reduzir o uso de pesticidas nas propriedades agrícolas, aliando com ganhos econômicos, aumento de produtividade e sustentabilidade; e promover ação continuada do produtor rural e da comunidade sobre o uso racional de pesticidas, a importância do uso de EPI, riscos de intoxicações e estratégias de controle de intoxicação, em conjunto com a Vigilância Ambiental do Estado de Goiás e com o Programa de Vigilância em Saúde do Trabalhador Rural Exposto aos Agrotóxicos (VSPEA).

 

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Fonte: Secom UFG

Categorias: Integração Ciências Naturais EA Fapeg Notícia 1