Professora Sumbal Saba (IQ/UFG) em palestra no Fórum de Jovens Cientistas do Brics, em Brasília (Foto: Divulgação)

Gustavo de Souza

A professora Sumbal Saba, do Instituto de Química (IQ) da Universidade Federal de Goiás (UFG), foi uma das nove cientistas selecionadas para integrar a delegação brasileira no 10° Fórum de Jovens Cientistas do Brics. O evento, sediado em Brasília de 15 a 17 de setembro, foi organizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e reuniu jovens pesquisadores e inovadores de alto nível dos países do bloco.

Sumbal coordena o Laboratório de Síntese Sustentável e Organocalcogênio (LabSO), é membra afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e foi selecionada para o eixo temático Diplomacia Científica em um Mundo em Transformação. O eixo discutiu a importância da ciência como ferramenta de diálogo e a resolução de desafios globais.

O fórum foi criado em 2015 para fortalecer a cooperação na área científica e o intercâmbio de ideias entre os países membros do Brics. O bloco, originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, conta agora com a participação do Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Irã e Indonésia. Na categoria de países parceiros, também integram o grupo Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbesquistão.

"O fórum serve como uma plataforma para que jovens cientistas e pesquisadores dos países Brics compartilhem experiências, melhores práticas e desenvolvam redes de colaboração internacional", explica a professora da UFG. O processo de seleção foi feito pela ABC e a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), a pedido do MCTI.

A edição de 2025 contou também com a oitava edição do Prêmio de Jovens Inovadores do Brics – um reconhecimento a jovens empreendedores e pesquisadores dos países membros por inovações de destaque com potencial para gerar impactos socioeconômicos. Três brasileiros foram indicados.

Como país anfitrião, o Brasil definiu os temas das palestras da edição para encarar algumas questões como prioridades: Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (em sintonia com a COP 30, marcada para novembro deste ano na cidade de Belém, no Pará); Inteligência Artificial para Soluções Sociais; e Diplomacia Científica em um Mundo em Transformação, do qual a professora da UFG fez parte.

Jovens cientistas que participaram do evento do Brics (Foto: Divulgação)

Trajetória

A seleção da cientista reflete uma trajetória dedicada à excelência científica e à inclusão. Vinda do Paquistão, Sumbal chegou ao Brasil em 2012 para o doutorado, permanecendo no país para construir sua carreira acadêmica. Em 2020, se tornou docente adjunta na UFG, onde fundou o LabSO.

Suas pesquisas relacionadas à área de química orgânica já renderam mais de 70 artigos, três capítulos de livros e quatro patentes. Em 2024, foi a primeira cientista mulher da região Centro-Oeste a ser nomeada membra afiliada da ABC.

Além da produção científica, Sumbal é defensora ativa da inclusão na academia. Ela foi uma das pioneiras na criação do capítulo brasileiro da Organização para Mulheres na Ciência do Mundo em Desenvolvimento (OWSD), para apoiar outras mulheres pesquisadoras e mães na academia.

A professora considera que sua participação no Fórum de Jovens Cientistas do Brics é mais que uma conquista pessoal. "É uma forma de colocar a UFG, a região Centro-Oeste e o Brasil no mapa científico mundial. Acredito profundamente que a internacionalização e a colaboração são essenciais para o crescimento da ciência e tecnologia em qualquer país", afirma.