
Teste rápido detecta micose em animais
Método para identificar esporotricose foi desenvolvido em pesquisa de mestrado da UFG
Daniel Henrique Ferreira
A esporotricose, conhecida como "doença do jardineiro" ou "doença da roseira", é causada pelo fungo do gênero Sporothrix e é caracterizada pela presença de lesões na pele, que podem evoluir para feridas ou nódulos. A micose afeta humanos e animais, sendo particularmente preocupante em gatos. A transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com lesões infectadas e por meio de arranhões e mordidas.
Com o objetivo de otimizar o diagnóstico da doença, pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram um método de testagem rápida para casos de esporotricose. O teste foi desenvolvido no mestrado de Isabela Cristina de Oliveira do Santos, no Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PPGCB), sob orientação das professoras Elisângela de Paula Silveira Lacerda e Lívia do Carmo Silva.
A testagem ocorre com o método RT-LAMP, semelhante ao usado para a covid-19. O teste detecta material genético do agente infeccioso – neste caso, o fungo da esporotricose – usando amplificação isotérmica (LAMP). O processo dispensa o uso de um equipamento chamado termociclador, permitindo a emissão de resultados mais rápidos, em cerca de 30 minutos.
"Coletamos uma amostra clínica e a adicionamos em um tubo contendo soro fisiológico. Essa amostra é colocada na mistura reacional [uma mistura que contém todos os reagentes necessários para que a detecção aconteça]. Após isso, essa mistura é colocada em um termobloco a 69 °C por 30 minutos. O resultado é visualizado pela mudança de cor da reação, em que amarelo é positivo e rosa é negativo", explica a professora Lívia.
De acordo com a pesquisadora, há previsão de testagem em animais. "Já estamos em parceria com a Escola de Veterinária e Zootecnia da UFG e o Centro de Zoonoses para que possamos testar em massa aqueles animais com suspeita de esporotricose".
Para humanos, o teste já está sendo validado a fim de expandir a testagem. "O fungo é o mesmo, a doença é a mesma, o teste é compatível", detalha.
Leia também: UFG desenvolve teste rápido para detectar bactéria em alimentos
Gatos infectados podem transmitir esporotricose por arranhões e mordidas (Foto: Fiocruz Amazônia)
Espécie típica do Brasil
Em nota técnica publicada em 2023, o Ministério da Saúde alertou que cerca de 90% dos casos de esporotricose em humanos, gatos e cachorros têm relação com a espécie típica do Brasil, a Sporothrix brasiliensis, descoberta em 2007.
O tratamento consiste no uso de antifúngicos e pode durar de três meses a um ano. Em 2023 foram notificados 1.239 casos no Brasil, além de mais 945 casos notificados até junho de 2024. Apesar da disponibilidade de tratamento no SUS, a doença ainda não é plenamente identificada e sua notificação só se tornou obrigatória em 2025.
Receba notícias de ciência no seu celular
Siga o Canal do Jornal UFG no WhatsApp e nosso perfil no Instagram.
É da UFG e quer divulgar sua pesquisa ou projeto de extensão?
Preencha aqui o formulário.
Comentários e sugestões
jornalufg@ufg.br
Política de uso
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal UFG e do autor.
Fonte: Secom UFG