
Setor produtivo requer cada vez mais Terras Raras
Café com Ciência abordou origem, produção e a questão geopolítica em torno desses elementos
Produção brasileira tem relevância mundial (Imagem: Wikipedia)
Arthur Gabriel
Dados recentes do U.S. Mineral Commodity Summaries, apontam o Brasil como portador da segunda maior reserva em terras raras do mundo, com cerca de 21 toneladas, atrás apenas da China, que possui reservas de 44 toneladas. Assim, no contexto global, o Brasil detém 23% das reservas mundiais, e a China 49%, dentre 8 países. Nesse contexto, o Brasil adquire relevância pela pujança de suas reservas.
Entender sobre as terras raras nesse contexto é de grande relevância para pensar sua exploração e aplicações. Com essa perspectiva, o Café com Ciência, projeto de extensão do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás, trouxe o professor da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), José de Araújo para uma palestra intitulada “Terras Raras: O que são, para o que servem e a questão geopolítica”, no anfiteatro do IF no dia 14 de outubro. O objetivo do Café com Ciência é trazer temas variados de todos os ramos da ciência promovendo uma interação entre ramos da comunicação e ciência com a sociedade.
As terras raras possuem uma série de aplicações na vida cotidiana: “Hoje em dia, pelas propriedades magnéticas, luminescentes, elétricas e catalíticas são aplicadas em diversos produtos de alto nível tecnológico, por exemplo, fabricação de componentes e peças de aviões, jatos caças, mísseis, satélites, componentes de smartphones, veículos elétricos, contrastes para exames de ressonância magnética, fibras ópticas, dentre várias outras aplicações,” afirmou o professor.
José explicou que já existem pesquisas no campo das terras raras no estado de Goiás: “No momento, existem investimento ligados ao setor produtivo, uma mineradora no estado, produz desde 2024, compostos de terras raras voltado à exportação, e mais duas outras empresas desenvolvem pesquisa no sentido de exploração de reservas em Goiás, uma delas com projeto de planta piloto situada no município de Aparecida de Goiânia.
As terras raras hoje, segundo o professor, atingem apenas o patamar de 1% da produção mundial. “Existe uma ampla aplicação de produtos portadores de terras raras, a confecção dos mesmos, envolve em geral pesquisa, tecnológica e inovação em altos níveis, os quais requerem investimentos elevados, para conquista de mercados diversos: “Trata-se de uma disputa comercial entre as maiores economias mundiais. A partir das anos 1980, a China investiu pesado na produção de terras raras, e em tecnologia para geração de produtos competitivos e inovadores em escala global, protagonizando assim, um papel de destaque entre as maiores economias (União Europeia e Estados Unidos), ou seja, o conjuntos dos países dependem de alguma forma, tanto das reservas, quando dos respectivos produtos de terras raras oriundos da China”, afirma o professor.
Origem e tabela periódica
As terras raras constituem um grupo de 17 elementos químicos na tabela periódica: “As terras raras correspondem a um conjunto de 15 elementos químicos da tabela periódica, também chamados de lantanídeos. Pelas propriedades físicas e químicas similares, são acrescidos mais dois elementos à este grupo, que são o escândio e o Ítrio. Portanto, as terras raras constituem 17 elementos químicos”.
Segundo o professor, o primeiro nome, ‘terras’ se deve ao fato de que os primeiros pesquisadores, em 1800, que conseguiram isolar estes elementos, o fizeram sob a forma de óxidos, retirados de alguns minerais, e tais substâncias exibem uma aparência similar a areia, assim foi estabelecido o termo “terras” como sinônimo de óxidos: “Nessa época, por serem apenas conhecidos em minerais oriundos da Escandinávia, cuja separação era difícil, foram designados por "raros“. No final das contas nem tão “terras” , e nem tão ‘raras’”.
A palestra também foi transmitida pelo Youtube do Instituto de Física
Receba notícias de ciência no seu celular
Siga o Canal do Jornal UFG no WhatsApp e nosso perfil no Instagram.
É da UFG e quer divulgar sua pesquisa ou projeto de extensão?
Preencha aqui o formulário.
Comentários e sugestões
jornalufg@ufg.br
Política de uso
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal UFG e do autor.
Fonte: Secom UFG
Categorias: Mineração divulgação científica IF Notícia 5