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Universidade Federal de Goiás
Empreendedorismo feminino

Mulheres lideram acesso ao microcrédito no Brasil, aponta pesquisa da UFG

Em 28/10/25 12:35. Atualizada em 28/10/25 12:36.

Elas representam mais de 67% dos tomadores de crédito do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado

 

Empreendedorismo feminino

Embora empreendam cada vez mais, mulheres ainda enfrentam desigualdade no mercado (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

Da Redação

Nos últimos anos, o empreendedorismo feminino tem ganhado cada vez mais destaque e relevância no Brasil. O relatório técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) sobre o empreendedorismo feminino divulgado em 2024 aponta que existem 30 milhões de empreendedores no país, sendo que, desse total, as mulheres somam mais de 10 milhões à frente do próprio negócio.

Segundo dados da pesquisa Monitor Global de Empreendedorismo de 2023, entre os 47,7 milhões de brasileiros com intenção de empreender até 2026, as mulheres representaram 54,6%. Esses números contrastam com a pesquisa de 2022, em que os homens lideravam com 55% desse grupo.

As mulheres empreendedoras representam mais de 67% dos tomadores de crédito do Programa Nacional do Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), de acordo com o Relatório de Efetividade 2024 do PNMPO, o que soma 3.030.588 mulheres atendidas. Já o público masculino é formado por 1.497.493 empreendedores, representando 33% dos clientes atendidos pelo Programa.

Nos dias 4 e 5 de novembro, das 8h às 17h, no Auditório da Caixa Econômica Federal, em Brasília, será realizado o Seminário Nacional do Projeto de Avaliação do PNMPO, quando serão apresentados os resultados da pesquisa de avaliação do PNMPO, realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (Face).

O Seminário, realizado em parceria com o MTE, discutirá as propostas de aprimoramento da política pública para a oferta do microcrédito no Brasil e marca a etapa conclusiva de um amplo processo avaliativo conduzido em todas as regiões do Brasil. Durante o evento, será realizado um painel que abordará a questão do empreendedorismo feminino. Também será lançado o e-book fruto da pesquisa, elaborado por mais de 15 pesquisadores da UFG e da Universidade de Brasília (UnB), sob a coordenação da professora Andréa Freire de Lucena.

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Andréa Lucena (Face/UFG) coordenou a pesquisa (Foto: Divulgação)

A coordenadora da pesquisa afirma que, entre os principais resultados da pesquisa, percebe-se que o PNMPO também consegue atingir uma porcentagem maior de mulheres, o que deve contribuir para redução das desigualdades de renda segundo gênero, indicando seu potencial de impacto na sociedade.

Os dados coletados, segundo a professora, apontam que há um predomínio da participação feminina em todos os tipos de instituições analisadas, com destaque para o Nordeste, onde as mulheres representam 68% dos tomadores de empréstimos produtivos. No entanto, apesar de não haver informações sobre o rendimento do trabalho dos beneficiários na amostra fornecida pelas instituições, o estudo demonstrou, a partir de simulações, que o grupo de mulheres segue com as menores remunerações, confirmando os maiores riscos de vulnerabilidade.

Outro número importante é o valor do empréstimo, com os homens demandando, em média, valores maiores que as mulheres. Diante dos dados, os especialistas avaliam que o PNMPO já deu o primeiro passo: atender em maior número o grupo feminino. Entretanto, ações ainda precisam ser articuladas com vistas a uma maior equidade.

Relevância social e dificuldades

O empreendedorismo feminino se refere à criação e gestão de negócios liderados por mulheres, muitas vezes com o objetivo de transformar suas realidades econômicas e sociais. Ele também está associado à promoção de uma maior equidade de gênero no mercado de trabalho, ao aumentar a representatividade das mulheres no setor empresarial e criar condições para o empoderamento econômico.

No entanto, mais do que isso, o empreendedorismo feminino é uma forma de gerar impacto social. Empresas lideradas por mulheres tendem a valorizar mais a diversidade, a responsabilidade social e a sustentabilidade, criando uma rede de apoio que se estende para além dos lucros financeiros.

Apesar do crescimento expressivo, as mulheres ainda enfrentam diversos desafios, como a dificuldade de acesso a crédito, a sobrecarga do trabalho doméstico e a falta de representatividade em cargos de liderança. Contudo, o mundo digital tem sido um grande aliado nos últimos anos, oferecendo novas oportunidades de mercado para quem deseja expandir seus negócios, mesmo com recursos limitados.

Muitas mulheres enfrentam dificuldades em garantir linhas de crédito com condições favoráveis ou em acessar investimentos de risco. Uma pesquisa recente do Instituto Rede Mulher Empreendedora aponta que 42% das empreendedoras brasileiras que solicitaram crédito tiveram seus pedidos negados em 2023.

A sobrecarga do trabalho doméstico também é um fator que ainda impacta diretamente o desempenho das mulheres empreendedoras. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que as brasileiras dedicam, em média, 9,6 horas semanais a mais que os homens nessas atividades. Dessa forma, reduzem consideravelmente o tempo disponível para seus negócios para se dedicar aos cuidados com a casa e a família.

Dia do Empreendedorismo Feminino

Foi em 2014 que o empreendedorismo feminino recebeu um importante marco: a criação do Dia do Empreendedorismo Feminino pela Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com a ONU Mulheres. Celebrada em 19 de novembro, a data tem como objetivo fortalecer a participação feminina no mercado de trabalho e combater o preconceito de gênero.

Durante o evento de lançamento, mais de 150 países se reuniram para discutir formas de combater a desigualdade salarial e aumentar o protagonismo das mulheres nos negócios. Desde então, a data se tornou um símbolo da luta por mais oportunidades para as mulheres empreendedoras.

 

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Fonte: Secom UFG

Categorias: Economia Humanidades FACE destaque Notícia 2