Professor da FAV tem obras incorporadas ao acervo da Pinacoteca de São Paulo
Trabalhos sobre urbanismo e moradia popular reforçam reconhecimento artístico e acadêmico do docente
Eduardo Bandeira
O professor Glayson Arcanjo de Sampaio, da Faculdade de Artes Visuais (FAV) da Universidade Federal de Goiás (UFG), teve quatro de suas obras incorporadas ao acervo da Pinacoteca de São Paulo, um dos mais importantes museus de arte do Brasil. Duas delas estão em exibição na sala "São Paulo: contemplação suspensa", no segundo piso. As obras, monotipias sobre papel arroz, fazem parte da série Fachadas das ocupações por moradias em São Paulo, desenvolvida durante a residência artística Phosphorus, realizada em 2014 na antiga Sé Galeria, no centro de São Paulo.
Selecionado por meio de edital nacional, o professor passou três meses imerso no cotidiano urbano da capital paulista, observando os edifícios, pessoas e espaços que compõem o centro histórico da cidade. Quatro trabalhos da residência foram adquiridos por um colecionador, que anos depois os doou à Pinacoteca. A exposição reúne artistas de diferentes períodos, incluindo nomes como Tarsila do Amaral, Benedito Tobias, Arcangelo Ianelli, Rubens Mano, Márcia Xavier e Tuca Vieira, permitindo ao público perceber as múltiplas formas de representação da cidade ao longo do tempo.
Segundo Glayson, suas obras dialogam diretamente com a temática da sala, que aborda representações históricas e contemporâneas de São Paulo. "Durante a residência, minhas caminhadas diárias pelo centro da cidade me permitiram observar detalhes arquitetônicos, sinais de ocupação popular, pichações e faixas de protesto que se sobrepõem à história dos edifícios", explica. Os dois prédios representados nas monotipias estão localizados na Praça da Sé e no Largo da Misericórdia, e ambos têm relevância histórica e social: um é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp).
As obras expostas refletem uma sobreposição de tempos e gestos urbanos e abordam as rápidas transformações dos grandes centros e o impacto da especulação imobiliária sobre a moradia popular. "Minhas monotipias são resultado direto da experiência urbana, mas também carregam observações sobre como políticas públicas, ações privadas e ocupações populares interagem no tecido urbano da cidade", acrescenta o professor.
Pesquisa
A produção artística de Glayson está profundamente ligada à pesquisa acadêmica na FAV e na Unicamp, onde realizou doutorado entre 2013 e 2018. Ele ressalta que o desenho é seu ponto de partida e meio de investigação, permitindo a exploração de múltiplas linguagens e práticas contemporâneas. "O desenho me dá ancoragem, mas também abre espaço para saltos criativos que conectam a arte à pesquisa, à percepção urbana e à compreensão dos territórios", afirma.
Ter obras no acervo da Pinacoteca é, segundo ele, um reconhecimento de décadas de dedicação à arte e à pesquisa. "É emocionante ver meu trabalho socializado em um dos museus mais importantes do Brasil. Esta visibilidade permite que minhas obras sejam vistas diariamente por um público amplo e diverso, o que reforça o valor do trabalho artístico e acadêmico que vem sendo realizado na FAV e na UFG".
O impacto vai além da realização pessoal. O professor destaca a importância de valorizar a produção artística e acadêmica da FAV, especialmente diante de desafios estruturais. "Mesmo com recursos limitados, conseguimos apresentar pesquisas e produções em outros estados, galerias e museus, mostrando a relevância do trabalho desenvolvido na UFG", afirma.
O professor mantém outros projetos na unidade acadêmica, como a Galeria da FAV, coordenada por ele desde 2018, que já realizou mais de 70 exposições desde a inauguração, em 2002. Outro projeto é o Ateliê VÃO, inaugurado em maio deste ano, que funciona como espaço aberto de produção artística e que recebe visitas de estudantes, artistas e curadores. Já o projeto Matizes da Terra integra arte e ciência, promovendo exposições e oficinas sobre a importância ecológica e social do solo.
Em paralelo, Glayson planeja uma exposição individual panorâmica em Goiânia, reunindo quase duas décadas de produção artística. O projeto busca consolidar sua trajetória e compartilhar com o público o desenvolvimento de pesquisas e obras produzidas em diferentes períodos, refletindo sobre território, urbanização e práticas artísticas contemporâneas.
Receba notícias de ciência no seu celular
Siga o Canal do Jornal UFG no WhatsApp e nosso perfil no Instagram.
É da UFG e quer divulgar sua pesquisa ou projeto de extensão? 
Preencha aqui o formulário.
Comentários e sugestões 
jornalufg@ufg.br
Política de uso
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal UFG e do autor.
Fonte: Secom UFG
Categorias: Artes Plásticas Arte e Cultura fav Notícia 1
    





