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Universidade Federal de Goiás
Abelhas

Brasil conhece pouco sobre suas abelhas, aponta pesquisa

Em 04/11/25 13:44. Atualizada em 04/11/25 13:44.

Estudo mapeou falhas no conhecimento científico sobre polinizadores e alerta para impactos das mudanças ambientais

Luiz Felipe Fernandes

Apesar de abrigar mais de 2 mil espécies conhecidas de abelhas, o Brasil ainda sabe pouco sobre a biodiversidade e o papel ecológico desses importantes polinizadores. É o que revela um estudo publicado na revista Sociobiology por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e do Instituto Tecnológico Vale (ITV).

O trabalho analisou bases de dados nacionais e internacionais para medir o tamanho das lacunas de conhecimento sobre as abelhas brasileiras, da descrição de espécies à distribuição geográfica, passando pelas relações evolutivas, pelo estado das populações e pelas interações ecológicas.

"Ao usar a taxa de descrição de espécies por ano, essa lacuna de conhecimento hoje é no mínimo cinco vezes maior do que a dos países europeus com menos conhecimento. Não temos nenhum registro público de quais espécies de abelhas ocorrem em mais da metade do nosso território nacional, e para a maior parte das espécies nós não temos nem ao menos dez registros de coordenadas diferentes. Ou seja, temos ainda muito mais espécies para serem descobertas e descritas cientificamente, e falta muito conhecimento sobre onde essas várias espécies ocorrem", explica Bruno Ferreira Marques, doutorando em Ecologia e Evolução na UFG.

Outro alerta do estudo diz respeito à escassez de informações genéticas e ecológicas. "Sabemos pouco sobre as relações evolutivas entre as diversas espécies, que são melhor avaliadas através de estudos genéticos, e sobre a tolerância dessas espécies a variáveis ambientais como temperatura e umidade", acrescenta o pesquisador.

As interações entre abelhas e plantas, fundamentais para a polinização agrícola e a manutenção da biodiversidade, também são pouco documentadas. "As abelhas interagem com várias espécies, usando-as como alimento ou locais para fazerem ninhos, como é o caso de inúmeras plantas, e para a maioria dessas espécies de abelhas nós também não temos nenhuma informação compilada dessas interações, além das informações compiladas serem insuficientes, incluindo as relações das abelhas com cultivos agrícolas que elas polinizam", afirmam os pesquisadores.

O trabalho identificou as regiões do Brasil com maior carência de dados. A região do Centro-Oeste está entre as que apresentam maiores lacunas sobre a ocorrência de abelhas tanto no passado como no presente.

 

Abelhas
Resumo gráfico do estudo | Imagem: Reprodução

 

Políticas públicas

Segundo os pesquisadores, a falta de conhecimento dificulta o estabelecimento de prioridades para ações de conservação. Também prejudica a compreensão de como as abelhas estão e continuarão a ser impactadas pelas várias mudanças ambientais globais que vêm acontecendo, como as mudanças climáticas, as mudanças do uso de solo (como o
desmatamento para diferentes formas de agricultura, pecuária, urbanização e mineração), mudanças na fertilidade do solo, espécies invasoras, entre outras.

Além disso, o estudo mostra a necessidade de maior investimento na formação de pesquisadores taxonomistas para a descrição das espécies e em estudos que façam a descrição genética dessas abelhas com o uso de novas tecnologias.

"Ao identificar as regiões e grupos com maiores lacunas, este estudo auxilia o planejamento de estudos futuros que visem reduzir estas lacunas", concluem os pesquisadores.

Acesse aqui o estudo Challenges for Quantifying Knowledge Shortfalls on Tropical Pollinators in the Face of Global Environmental Change – Brazilian Bees as a Case Study.

 

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Fonte: Secom UFG

Categorias: biodiversidade Ciências Naturais ICB Destaque Notícia 1