Luiz Felipe Fernandes

Você conhece algum Darwin brasileiro? E Einstein? Pois eles existem, de acordo com o Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A lista, disponível on-line, virou terreno fértil para quem gosta de garimpar nomes raros ou inesperados. O Jornal UFG entrou na busca e descobriu que, entre os milhões de registros nacionais, há quem carregue no RG a assinatura de grandes nomes da história da ciência.

Ao todo 1.128 brasileiros têm como primeiro nome Darwin, que é o sobrenome do naturalista inglês Charles Darwin, que revolucionou a compreensão da evolução das espécies. Trata-se do 428º nome mais popular no Brasil com a letra "d". E o número é maior considerando-se algumas variações também registradas: Darvin (350), Darvim (50), Darwim (29) e Darwuin (21).

Há Darwins em quase todos os estados brasileiros, mas eles estão em maior quantidade na capital paulista (207). Já Boa Vista (RR) tem a maior proporção: 0,02% da população total. Assim como o naturalista inglês no início de sua jornada ao redor do mundo, os Darwins brasileiros são jovens: a maioria nasceu entre 2000 e 2009 e a idade mediana é de 28 anos (ou seja, metade das pessoas com esse nome tem idade menor ou igual a esse número e a outra metade tem idade maior ou igual).

Já Einstein – sobrenome do alemão Albert Einstein – aparece em 166 documentos civis brasileiros como primeiro nome, distribuídos quase meio a meio entre Minas Gerais e São Paulo. Há também outros 27 Einsten, com a grafia ligeiramente diferente da do autor da Teoria da Relatividade. A idade mediana dos Einsteins brasileiros é de 40 anos.

Entre os "cientistas" do RG, Galileu – pioneiro da ciência moderna e defensor do método experimental – soma 825 registros, embora o original italiano seja Galileo, grafia que não está presente no Brasil. Também estão registrados Kepler (188), astrônomo que desvendou as leis do movimento planetário, e Tesla (32), engenheiro e inventor (mas que hoje também é o nome de uma empresa de carros elétricos).

Entre os homônimos de cientistas brasileiros estão Bertha (412), nome da bióloga e feminista Bertha Lutz, e Nise (264), que remete, intencionalmente ou não, a Nise da Silveira, médica baiana que revolucionou o tratamento em saúde mental. Outros nomes de expoentes brasileiros da ciência são mais comuns e não sugerem uma relação direta, como Oswaldo [Cruz], Carlos [Chagas] e Cesar [Lattes].

O Censo Demográfico 2022 do IBGE mapeou os nomes e sobrenomes de todos os moradores presentes ou ausentes (por no máximo 12 meses) em 1º de agosto de 2022. No total, foram recenseadas 203 milhões de pessoas, em 5.570 municípios e 27 unidades da federação, compondo uma base inédita sobre a diversidade de identidades do país.