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Universidade Federal de Goiás

Popularização e eficácia plena são alguns dos desafios para a consolidação da terapia genética

Em 14/06/10 07:03. Atualizada em 21/08/14 11:45.
Para saber mais sobre as possibilidades desse tratamento, o Jornal UFG On-line conversou com o professor José Daniel Gonçalves Vieira, do curso de Biotecnologia

Por Marcela Guimarães (Ascom/UFG)

 

A cura de doenças genéticas pela manipulação de genes é a promessa da terapia gênica ou genética. Uma notícia sobre esse tipo de tratamento foi divulgada no início do mês por uma empresa estadunidense de biotecnologia. A Pathway Genomics anunciou que iria comercializar testes genéticos em farmácia. Isso significa que qualquer pessoa poderia detectar rapidamente doenças como Alzheimer, por exemplo.


Realizada pela primeira vez em 1990, esse procedimento consiste na transferêncida de material genético das células para o tratamento de doenças ou a correção de disfunções de um organismo por meio da introdução de genes funcionais que substituam ou complementem aqueles defeituosos e que causam doenças. Essa definição foi fornecida por José Daniel Gonçalves Vieira, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG). Para saber mais sobre a terapia gênica, o Jornal UFG On-line conversou com o professor José Daniel, do recém-criado curso de Biotecnologia. Confira a entrevista.

 

Em que situações a terapia gênica é indicada?

 

Não existem, até onde tenho lido, tratamentos totalmente seguros e indicados. O que se tem são protocolos de tratamentos com resultados promissores. As pesquisas que vêm sendo realizadas mostram possibilidade de indicação da terapia gênica para o tratamento de vários tipos de câncer, tais como tumores cerebrais, câncer de mama, câncer, colon-retal, melanoma maligno, neuroblastoma, câncer pulmonar, câncer de ovário, carcinoma de célula renal. Deverá ser apropriada também para a cura de diabetes e obesidade, talassemia, fibrose cística e tuberculose, bem como na produção de hormônios, no desenvolvimento de vacina contra o HIV e no tratamento de doenças neurológicas.

 

O primeiro procedimento de terapia gênica em humano foi realizado em 1990. De lá para cá, em que aspectos esse tratamento evoluiu?

 

O primeiro procedimento foi realizado com uma menina que tinha uma deficiência no sistema imune. O tratamento consistiu na inserção do gene correto nos seus leucócitos. Entretanto, o efeito era temporário, sendo necessário repetir o procedimento com frequência. Quanto à sua evolução, somente protocolos têm sido pesquisados. Em alguns, como o tratamento da deficiência da adenosina-deaminase (vista no filme do John Tavolta, O bebê da bolha), e de alguns tipos de perda de visão, já foram obtidos resultados bastante promissores. Outros, entretanto, levaram os pacientes a óbito.

 

A terapia gênica tem-se popularizado no tratamento de doenças genéticas?

 

O principal problema para a popularização da terapia gênica são os efeitos colaterais que podem ocorrer. Entre eles, podemos destacar: amplificação da resposta do sistema imune, que pode levar a uma resposta adversa ao vetor utilizado na terapia inicial, podendo inviabilizar uma repetição do protocolo. Como vários vetores da terapia são vírus, eles podem apresentar problemas potenciais de toxicidade, resposta inflamatória e em alguns casos, recobrar sua capacidade de causar doenças. Em geral, as doenças são causadas por variações em vários genes e não somente em um. Isso dificulta o processo de terapia. Há também problemas éticos quanto ao tratamento em células somáticas e/ou germinativas.

 

As perspectivas apontam para a conclusão do mapeamento genético humano e, consequentemente, para o aumento do emprego de possíveis tratamentos com terapia gênica. Na prática, o que a evolução da terapia gênica mudará no tratamento de doenças genéticas?

 

O conhecimento originado do mapeamento do DNA humano, aliado aos projetos de genômica e proteômica, levará ao desenvolvimento de novos testes de diagnóstico.  No último 14 de maio, deveria ocorrer o lançamento, nos Estados Unidos, de testes de diagnóstico para o mapeamento do indivíduo comercializados em farmácias. Entretanto, sua comercialização foi suspensa. As perspectivas são sempre otimistas. Em um futuro próximo, poderemos ter exames mais precisos e também terapias mais seguras.

 Confira o conteúdo impresso no Jornal UFG, aqui.

Fonte: Ascom/UFG