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Universidade Federal de Goiás
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Articulação de políticas públicas deve impulsionar a popularização da ciência

Em 13/07/10 08:46. Atualizada em 21/08/14 11:45.
Uma das principais metas do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência do Ministério de Ciência e Tecnologia é a criação da Rede Nacional de Popularização da Ciência

Por Michele Martins

Foto TV Brasil

 

Em 2010, o professor do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ildeu de Castro Moreira, recebeu a Ordem Nacional do Mérito Científico, na categoria Personalidade Nacional por sua dedicação aos trabalhos de popularização da ciência. Esse reconhecimento é prestado somente às personalidades nacionais e estrangeiras que se distinguiram por relevantes contribuições à ciência e à tecnologia. Ildeu de Castro está hoje à frente do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Durante a 4ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, realizada em Brasília no final de maio, ele concedeu uma entrevista ao Jornal UFG On-line e falou sobre as principais ações do ministério para a promoção da popularização científica. Confira.

 

 

Como os resultados das pesquisas de percepção pública da ciência nos países da América Latina, promovidas pela Rede Iberoamericana de Ciência e Tecnologia (Ricyt), têm auxiliado na formulação de políticas públicas voltadas para a divulgação e popularização da ciência?

 

Os resultados dessas pesquisas ajudaram a perceber a enorme desigualdade de oportunidades entre as classes sociais do país. Os índices baixos de visitação a museus de ciência e bibliotecas por parte da classe A, mesmo sendo menores que os da Europa, ainda assim é maior que os índices apresentados pelas classes mais pobres. Existe, portanto, uma distribuição muito desigual dos espaços e das oportunidades de se ter acesso à ciência. Na pesquisa, dois terços dos brasileiros dizem que têm interesse mas, não têm acesso à informação  científica de qualidade e à demonstração de experimentos interessantes. De lá para cá, entre colocar um planetário em uma cidade que já tem, preferimos instalá-lo no interior.  Nos editais de divulgação científica do governo temos seguido uma política de direcionar parte dos recursos para o Norte e o Nordeste, ou seja, para as regiões que têm menor densidade de espaços para a divulgação da ciência. Essa é uma estratégia. A outra é criar programas que atinjam cidades mais pobres e segmentos mais segregados, que estão começando e os quais precisamos reforçar ainda mais. Precisamos fazer um trabalho direcionado para os jovens das periferias, das favelas, para os negros e para as comunidades do interior. Para isso precisamos dos meios de comunicação. A TV pública tem de fazer divulgação científica para que possamos atingir todas as camadas da população. Essa foi uma indicação importante das pesquisas de percepção pública da ciência.

 

Como é a proposta para a criação da Rede Nacional de Popularização da Ciência?

 

Temos hoje no Brasil a Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciências e existe uma rede de popularização da ciência na América Latina. Existe uma concreta política voltada para a popularização da ciência. O que pretendemos de fato, a partir dessa conferência, é criar uma rede nacional que integre todos os espaços de ciências do Brasil, como os museus, jardins botânicos, jardins zoológicos e os meios de comunicação. O objetivo é fazer uma divulgação da ciência de forma mais integrada. Já existe no país, a partir de trabalhos recentes, a criação de novos espaços de divulgação da ciência, mas precisamos estar mais integrados. Traçar uma política que contemple essas ações é um dos objetivos da 4ª CNCTI.

 

A sociedade civil organizada poderia contribuir de forma mais efetiva para a popularização da ciência?

 

Com certeza. Para resolvermos os grandes problemas do Brasil de educação científica, no sentido mais amplo do termo, que envolve a educação na escola e a não formal, pelos meios de comunicação e por meio de espaços como museus de ciências e planetários, é preciso que haja uma ação não só do governo, mas também de todas as entidades da sociedade civil, sociedades científicas e comunitárias. É precisos que haja um grande esforço para envolver a sociedade brasileira, a fim de que de fato haja melhorias na educação de ciências no país.

Veja o conteúdo impresso no Jornal UFG, aqui.

Fonte: Ascom/UFG