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Universidade Federal de Goiás
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Um período de estabilidade

Em 13/08/10 01:20. Atualizada em 24/01/12 08:26.
A estabilidade e a efervescência política têm relação direta com o nível de abstenções em eleições.

 

Kharen Stecca
Para a pesquisadora Denise Paiva a estabilidade política faz com que tenhamos maior abstenção entre os jovens. Confira outros trechos da entrevista com a pesquisadora Denise Paiva, da Faculdade de Ciências Sociais da UFG
 
Jornal UFG: O número de eleitores de 18 anos diminuiu este ano, segundo dados do TSE. Qual o motivo dessa diminuição?
 
Denise Paiva: Nas democracias tradicionais e consolidadas temos índices altos de abstenção. No Brasil o voto é obrigatório, então a abstenção é menor. O Brasil viveu há alguns anos períodos de efervescência política, com o movimento Diretas Já, eleições diretas para presidente, o impeachment de Collor. Mas agora temos um regime político estável, funcionando há três décadas, então é natural que tenhamos um menor índice de participação. Em momentos de mais efervescência, a participação dos jovens é maior. Na eleição de Barack Obama, nos Estados Unidos, houve uma maior participação dos jovens, porque era um candidato negro, com chances de vitória, com a retórica da mudança. É natural que nesses momentos os jovens se sintam compelidos a participar. Nessas eleições brasileiras não temos nenhuma novidade e os jovens possivelmente não estão se sentindo compelidos a votar. Mas houve também um aumento do eleitorado. Provavelmente são pessoas beneficiárias dos programas governamentais e que agora estão participando das eleições. É uma possível explicação para o aumento da participação.
 
Jornal UFG: Além do voto, que outra arma o eleitor tem para pressionar os políticos e dinamizar a renovação dos quadros?
 
Denise Paiva: Em primeiro lugar, é importante lembrar que renovação não é necessariamente renovação dos quadros políticos. E é importante que tenhamos uma elite política preparada para pensar o país. Renovação não é necessariamente sinônimo de melhoria. O papel do eleitor não é só pensar se o candidato é novo na política. O candidato ter experiência administrativa e partidária também é um atributo importante. É preciso verificar a trajetória do candidato, suas experiências, a que partido está vinculado. É preciso informar-se para formar a própria opinião.
 
Jornal UFG: O que a senhora acha do voto em artistas e celebridades, como voto por revolta?
 

Denise Paiva: Esse tipo de voto é inócuo. É um voto em protesto, mas que vai se voltar contra nós mesmos. Temos de escolher bem, porque essas pessoas vão decidir questões importantes, como políticas públicas, questões econômicas. Tudo bem, esse gesto sinaliza o descontentamento. Mas então é melhor votar nulo. Chamamos essa atitude de “voto cacareco”. É legítimo o protesto, mas esse tipo de protesto não vai fazer diferença nenhuma em termos de elite política.

Fonte: AscomUFG