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Universidade Federal de Goiás
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Com parcerias, área de Extensão e Cultura avança

Em 25/11/10 03:20. Atualizada em 21/08/14 11:45.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Anselmo Pessoa Neto, fala sobre essa dimensão da vida da universidade nos dias atuais.

 

Em instituições com compromisso social, como é o caso das universidades públicas brasileiras, a relação com a comunidade é algo fundamental. Um dos pilares do tripé constitutivo da universidade – ensino, pesquisa e extensão – essa ação ganha força no mundo globalizado, em que a interação é vital. A UFG, no curso dos seus 50 anos de existência, sempre privilegiou essa relação.
 
Academicamente, há ainda o estigma da extensão, de que ela tem um status inferior, por exemplo, à pesquisa?
Bem, depende do ponto de vista. A grande diferença está em saber quais são os indicadores da extensão. Na pesquisa, os indicadores são claros: é a produção, a publicação de trabalhos em revistas científicas. Isso é fácil de ser auditado. Na extensão, os indicadores não são objetivos como na pesquisa. Essa é uma questão histórica e, creio, não terá solução a curto prazo. Por exemplo, um certo programa de rádio atinge um público imenso e um programa que trata de pessoas com deficiência física alcança um público menor. Como se vai avaliar qual é mais importante? A qualidade ou a quantidade? Esse é um tipo de problema para o qual ainda não foi encontrada uma resposta. Não se trata de ser mais ou menos privilegiada que a pesquisa. O ideal seria que aquele programa de rádio fosse também parte ou fruto de uma pesquisa, além de ensino, claro, pois envolve estudantes. Dessa forma, cumpriríamos o tripé constitucional. É essa cultura que estamos implantando na UFG. Os grandes projetos de extensão da UFG são grandes projetos de pesquisa. E são ensino também, pois, como sabemos, essas atividades são indissociáveis.
 
 
Como é o apoio, por parte dos dirigentes da alta administração e das unidades, a essa forma de relação universidade-comunidade ?
De modo geral, é muito bom. O reitor é um entusiasta dessa relação. Ele tem consciência de que a sustentação política da universidade passa pela relação da instituição com a sociedade de modo geral. As parcerias estão sendo feitas a todo momento. A falta de um aporte maior de recursos próprios para extensão é um problema nacional. Hoje o investimento em extensão na UFG vem da rubrica de custeio da instituição. É preciso “dinheiro novo” para essa atividade essencial da universidade,. É preciso que haja uma rubrica própria para extensão e cultura no orçamento do MEC para as universidades públicas, mas com “dinheiro novo”, isto é, com um aumento verdadeiro na dotação orçamentária das universidades. Mas, mesmo diante desse quadro, vale ressaltar que a extensão na UFG, na atual administração, tem recebido um aporte, no mínimo três vezes maior, do que em períodos históricos mais recentes.
 
Quais são os critérios para a aprovação de ações de extensão e cultura na Proec?
Antes havia um longo caminho burocrático para a aprovação de uma ação de extensão. Com a nova resolução que aprovamos, eliminamos o procedimento de reaprovação da proposta, já aprovada pela unidade/órgão, na Câmara de Extensão e Cultura. Isso agilizou bastante todo o processo. Hoje todo o encaminhamento se dá na unidade ou órgão do coordenador responsável pela proposta de ação de extensão e cultura. A Proec valida somente o que já foi aprovado na unidade/órgão. Nem a Proec e nem a Câmara de Extensão e Cultura, hoje, entram no mérito do que já foi discutido e aprovado na unidade/órgão. Ao mesmo tempo, a câmara, ou porque provocada por qualquer membro da comunidade universitária, ou por iniciativa de qualquer um de seus membros, pode avocar a discussão e deliberar em relação a todas as ações de extensão e cultura existentes na UFG.
 
 
Observa-se que diversas atrações culturais não atingem o público esperado. Por que isso tem acontecido?
Creio que nunca houve na história um determinado período em que todo tipo de atração cultural fosse sempre coroado de sucesso de público. São vários os fatores que podemos levantar para explicar a ausência de público, hoje, em algumas atrações culturais. Um é que as pessoas trabalham cada vez mais. Com o avanço da informática e das novas formas de comunicação, no geral, hoje, as pessoas trabalham o tempo todo. Ou as pessoas estão plugadas na internet ou estão no celular. E o tempo livre, o ócio, é uma necessidade vital para a fruição de uma manifestação ou obra cultural de qualidade. Para assistir a um filme de Fellini, Buñuel e, em certa medida, Glauber Rocha, por exemplo, é necessário que se esteja descansado, é necessário até mesmo que se possa ver duas ou mais vezes o mesmo filme. E isso vale para qualquer manifestação artística de qualidade. Para dar um exemplo contrário, as telenovelas são feitas justamente para um público cansado, que chega extenuado do trabalho e do trânsito infernal das grandes cidades. A pessoa liga a TV para se desligar. Acontece o mesmo com as músicas que fazem grande sucesso de público. Em regra, são músicas pouco exigentes, facilmente assimiláveis, são “músicas chicletes” que grudam nos ouvidos. Já uma boa peça de teatro exige atenção, certa comodidade e atenção redobrada. Como se pode ver, a questão é complexa, mas, sem sombra de dúvida, aqueles que se permitem, ou porque têm uma boa condição econômica, ou porque se esforçam para fruir manifestações artísticas de qualidade, adquirem uma visão de mundo mais aberta, mais tolerante para com a diversidade e com mais propensão para aceitar as mudanças de valores e dos modos de vida.

 

Fonte: AscomUFG