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Universidade Federal de Goiás

Grupo Ser-Tão realiza pesquisa sobre políticas públicas LGBT

Em 28/03/11 07:52. Atualizada em 21/08/14 11:45.
O grupo viajou para todas as regiões do Brasil e ouviu gestores e ativistas em um total de 95 entrevistas

Tiago Gebrim

 

Políticas públicas para a população LGBT – um mapeamento crítico preliminar é o título do estudo que absorveu as atenções do Ser-Tão durante os últimos dois anos. Como bem exemplificou o diretor da Faculdade de Ciências Sociais (FCS), coordenador do Ser-Tão e membro da equipe da pesquisa, professor Luiz Mello, “o estudo é crítico porque analisa criticamente os limites e os avanços das políticas públicas e é preliminar porque nós não daríamos conta de fazer tudo”. Dada a extensão do objeto de estudo, o grupo escolheu nove estados para representar as regiões do país, a saber Amazonas, Pará, Piauí, Ceará, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, além do Distrito Federal. Seis áreas prioritárias foram definidas para a análise: saúde, previdência social, assistência social, trabalho, educação e segurança.

 

A pesquisa do Ser-Tão diferencia-se por fazer um levantamento das ações governamentais e por promover uma coleta de documentos antes nunca executada, conforme explica o mestrando em Antropologia da FCS e membro da equipe de pesquisa, Marcelo Perilo: “Foi possível criar um banco de dados inédito, com inúmeros planos, programas, projetos, leis e atos do Poder Executivo referentes ao tema da pesquisa, instrumento que possibilita a pesquisadores e demais interessados acesso fácil a documentos antes dispersos e, como em muitos casos, já não mais disponíveis na internet.”

 

Para realizar a pesquisa foi preciso vencer algumas dificuldades. A principal delas foi o acesso aos gestores responsáveis pelas diversas áreas, tanto na esfera federal quanto na estadual e na municipal. Mesmo nos estados que têm uma divisão especial para os assuntos LGBT, as informações não estão todas centralizadas, exigindo que se entrevistasse separadamente os responsáveis pela educação, saúde, trabalho e demais áreas abrangidas pelo estudo. O grupo não se limitou a ouvir a versão oficial dada pelos gestores, realizando também, em todos o estados, entrevistas com ativistas do movimento LGBT. Houve casos de pessoas que tiveram receio de dar entrevista, muitas vezes solicitando uma permissão de superiores.

 

Dificuldades internas também existiram. A pesquisa exigiu muitos recursos, sobretudo porque os membros do grupo tiveram de viajar por todo o Brasil para recolher os dados. Além disso, há o problema do trabalho em grupo, que exige maturidade para convivência e sintonia na realização das atividades e a discussão de ideias. Em 2008, no início da pesquisa, a equipe era formada por apenas cinco pessoas, entre elas graduandos e recém-ingressos no mestrado. “Em dois anos muitas coisas ocorreram, como o ingresso de membros da pesquisa em programas de mestrado e doutorado, além de outras situações que mais auxiliaram do que dificultaram a realização dos trabalhos, mas exigiram períodos de adaptação.”, conta Marcelo Perilo. A equipe mais que dobrou durante os 24 meses de pesquisa, chegando a 12 membros quando de sua conclusão.

 

De acordo com o professor Luiz Mello, a primeira fase da pesquisa foi a apropriação da discussão teórica e conceitual sobre políticas públicas. Embora já haja no Brasil vários estudos sobre esse tema, eles se relacionam a outras áreas que não os direitos sexuais. A segunda etapa foi a construção dos questionários a serem aplicados aos gestores e dos roteiros de entrevistas a serem utilizados para gestores e ativistas. Por fim, foi necessário criar uma ferramenta de análise que desse conta do volumoso material coletado (95 entrevistas), possibilitando um tratamento de dados descomplicado mas que não os transformasse em uma gigantesca tabela, mantendo a voz dos entrevistados e, por sua vez, o caráter humano da pesquisa.

 

Para apresentar o resultado do trabalho, o Ser-Tão optou por criar um site na internet. Além de possibilitar acesso livre de qualquer lugar do mundo e ainda facilitar o trânsito das informações, os dados podem ser constantemente atualizados. No mesmo endereço também foi disponibilizado todo o conjunto de documentos encontrados durante a pesquisa. O endereço para acesso é http://www.sertao.ufg.br/politicaslgbt/

 

Veja o conteúdo exclusivo, impresso no Jornal UFG.

 

 

Fonte: AscomUFG