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Universidade Federal de Goiás
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A extensão como agente transformador

Em 18/04/11 01:29. Atualizada em 21/08/14 11:45.
Projetos de extensão promovem ações de combate ao câncer de mama, tendo como ferramentas a sensibilização da população e a capacitação de profissionais da saúde para a prevenção e detecção precoce do câncer de mama

 Flávia Gomes

O câncer de mama é, provavelmente, o tipo de câncer mais temido pelas mulheres. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, as taxas no Brasil são consideradas altas, isso porque a doença é, frequentemente, diagnosticada em estágios avançados. A principal consequência desse diagnóstico tardio é que, seus efeitos podem ser devastadores para a saúde física e psíquica das mulheres vítimas da doença. Considerando essa situação, professores das Faculdades de Enfermagem e de Medicina da UFG concluíram que ações de educação e de orientação são essenciais para evitar que esse quadro permaneça.

A constatação do câncer de mama como um problema de saúde pública (pelas altas taxas de incidência e mortalidade entre as mulheres) e a necessidade de ações que sensibilizassem a população para a importância da detecção precoce influenciaram a criação de projetos capazes de interferir nessa realidade. Na UFG, projetos como De Peito Aberto, Parceria com o Agente Comunitário de Saúde na Prevenção do Câncer de Mama, Liga da Mama e Caravana da Saúde são exemplos dessa articulação do ensino, da pesquisa e da extensão diretamente relacionados à saúde da mulher no combate ao câncer de mama.

Os projetos

Em 2006, a Faculdade de Enfermagem (FEN) da UFG iniciou o projeto de extensão Parceria com o Agente Comunitário de Saúde na Prevenção do Câncer de Mama, sob a coordenação das professoras Nilza Alves Marques Almeida e Jacqueline Rodrigues de Lima, em parceria com o Programa de Mastologia do Hospital das Clínicas da UFG (PM/HC/UFG) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia. O objetivo foi capacitar agentes comunitários de saúde (ACS) no município de Goiânia para atuar na prevenção do câncer de mama no âmbito da estratégia de saúde da família (ESF).

Entretanto, esta não foi a primeira parceria da universidade com a comunidade em ações contra o câncer. A ideia nasceu das intervenções educativas do projeto De Peito Aberto de educação permanente de profissionais de saúde da SMS e do projeto de rastreamento do câncer de mama em Goiânia, coordenado pelo professor da Faculdade de Medicina Ruffo de Freitas Júnior, o qual verificou o desconhecimento da comunidade quanto à periodicidade do autoexame, ao exame clínico das mamas, à necessidade da mamografia e aos direitos de acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS), além do medo que a mamografia costuma provocar.

De acordo com as coordenadoras do projeto de capacitação de ACS, a identificação dessas barreiras confirmava a importância da participação do ACS como elo entre a comunidade e os serviços de saúde para a sensibilização da população em relação aos riscos da doença. Além disso, a capacitação dos profissionais incluiria, na agenda de trabalho, orientações para a promoção da saúde da mulher com ênfase na prevenção e detecção precoce do câncer de mama. Dessa maneira, segundo as coordenadoras, foi possível colocar à disposição da população o conhecimento técnico científico além do fortalecimento de novas parcerias.

Um exemplo é o projeto Caravana da Saúde, iniciado em 2010 e favorecido pelo edital do Programa de Extensão Universitária (Proext), lançado pelo Ministério de Educação e Cultura, por meio da Secretaria de Educação Superior (SESu). O projeto, coordenado pelo PM/HC, em conjunto com as Faculdades de Enfermagem e de Medicina, consiste no rastreamento do câncer de mama nos distritos sanitários de Goiânia e do interior, e é uma parceria com as secretarias municipais de saúde. O Caravana da Saúde passou pelos municípios de Catalão, Rubiataba, Goiatuba, Santa Helena, Rio Verde, Quirinópolis, Pirenópolis, Jataí, Piracanjuba, São Luiz dos Montes Belos e Ceres.

Resultados

Nilza Almeida, destaca a oportunidade dos alunos de vivenciar a realidade da saúde pública. A coordenadora ressalta ainda a importância de campanhas de rastreamento como forma de melhorar a atenção e o planejamento de políticas públicas para o combate ao câncer de mama mediante resultados obtidos nas pesquisas realizadas.

A realização dos projetos permitiu também a aquisição de aparelhagens para diagnóstico dos exames realizados no Hospital das Clínicas da UFG. Nilza Almeida ressaltou a compra de um aparelho de ultrassonografia, que ajudou a melhorar a estrutura do serviço, contribuindo para a avaliação clínica e diagnóstica do médico mastologista e a humanização da assistência prestada às usuárias do SUS, ao garantir a realização imediata do exame de ultrassonografia mamária, inclusive de casos que necessitam de biópsias guiadas por ultras-som.

Conforme explicou a professora Nilza Almeida, foi realizada uma pesquisa em 2009 com os ACS sobre prevenção e detecção precoce do câncer de mama no contexto da atenção básica. Uma parte dos resultados foi publicada em 2009 na Revista da Sociedade Brasileira de Cancerologia (v. 40) e outra encontra-se na fase final de redação do artigo. A falta de conhecimento, de material educativo e de apoio institucional foram identificados como barreiras para a atuação desses profissionais na luta contra o câncer de mama.  Em razão dessas dificuldades, eles têm feito esforços, com base em seu saber, para exercer o papel de vigilantes da saúde, com a garantia de sensibilização da comunidade. A professora concluiu enfatizando que "a educação permanente, com o devido treinamento dos ACS para a utilização de abordagens educativas participativas e oriundas da educação popular em saúde na comunidade, representa uma importante ferramenta para o avanço da atuação desses trabalhadores na prevenção do câncer de mama."

Fonte: Ascom/UFG