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Universidade Federal de Goiás

Mandala agrícola

Em 27/05/11 13:21. Atualizada em 21/08/14 11:45.

 

 
Suas curiosidades científicas respondidas pelos especialistas da UFG

 

 


A palavra mandala vem do sânscrito, língua originária da Índia, e significa círculo. Usada na cultura hindu no sentido religioso, a mandala seria um círculo composto de um centro, o lugar sagrado, e anéis, que declinam em nível de importância do centro para a borda. O conceito e sua representação física foram apropriados pela Agronomia para propor uma forma de cultivo autossustentável e voltada para a agricultura familiar, em que os recursos físicos e geográficos da terra possam ser aproveitados da melhor maneira.

 

Na mandala agrícola, a disposição segue a interpretação dada pelos hindus, com o grau de importância das culturas decrescendo nos anéis do centro para a borda. No centro da mandala há geralmente um tanque, destinado à irrigação do sistema, mas que também pode comportar criações animais como peixes e aves aquáticas que, além de sua própria importância, podem enriquecer a água que será destinada às culturas. Nos primeiros anéis, correspondentes aos “círculos da vida”, podem ser plantadas hortaliças para o consumo familiar. Em anéis centrais pode optar-se por culturas de plantas medicinais e condimentares e, no último círculo, o uso de plantas que funcionem como cerca viva, protegendo toda a mandala de vento e polinização externa.

Para a construção da mandala é preciso fazer uma vistoria do local, com avaliação das condições existentes e do que poderá ser aproveitado e do que deverá ser adquirido. A área escolhida deve ser de fácil acesso à água e ser isolada de outras culturas que possam utilizar-se de agrotóxicos. Com um bastão de madeira, marca-se o centro e, com o auxílio de um cordão e outro bastão amarrado na ponta, marca-se a circunferência correspondente ao canteiro central e posteriormente os demais anéis concêntricos com largura variando conforme a cultura. A próxima etapa é a construção de uma unidade de armazenamento de água para a irrigação. Essa água deverá ser levada até as mangueiras que se encontram sobre os canteiros. Em cada círculo ficam torneiras que liberam a passagem d'água, havendo assim um controle individual de irrigação nos anéis.

 

De acordo com o professor Wilson Mozena, responsável pela mandala agrícola existente na Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos (EA/UFG) da universidade, “a mandala aos poucos vai se disseminando pelo Brasil como um sistema harmonioso e eficiente, prático e aplicável em diversas culturas.” Embora desenvolvida a princípio como uma unidade de produção familiar de subsistência, “com a otimização de recursos e o desenvolvimento de técnicas de cultivo e gestão, a mandala passa a ser uma alternativa de complementação de renda para qualquer propriedade, sendo adotada até mesmo por arrendatários”, complementa o professor.

 

A mandala implantada na EA propôs um modelo de produção alimentícia com emprego de insumos alternativos, contribuindo para elaboração de um modelo de segurança alimentar das áreas de agricultura familiar. Nos primeiros círculos da mandala são cultivados vegetais para consumo próprio, a saber, cenoura, rabanete, coentro, rúcula, alface e acelga. Nos círculos intermediários há cultivo de hortelã, hortelã-de-folhas-grossas, cebolinha, manjericão e flores como o cravo-de-defunto, entre outras, que têm a função de atrair insetos que possam comer as pragas ou de repelir as pragas e insetos nocivos. Por fim, uma “cerca viva” fecha o conjunto e dá proteção a toda a mandala.

 

Fonte: Professor Wilson Mozena Leandro, da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG.

 

 

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Fonte: Ascom UFG