Há muitas razões para a profissionalização na área do jornalismo científico
Uma das principais obrigações dos jornalistas que atuam na área é chamar a atenção dos cidadãos para as implicações da produção científica no cotidiano dos cidadãos.
A atuação dos jornalistas em centros de pesquisa e tecnologia, seja na cobertura diária dos veículos de comunicação de massa, ou seja no trabalho das assessorias de comunicação, é uma atividade primordial nas sociedades. Uma das principais obrigações é chamar a atenção dos cidadãos para as implicações da produção científica no cotidiano dos cidadãos. Foi nessa especialidade que o trabalho do professor Wilson da Costa Bueno tornou-se referência. Sempre muito crítico e chamando a atenção para o olhar atento que os jornalistas devem voltar para os bastidores da ciência, ele concedeu esta entrevista ao Jornal UFG durante a 63ª Reunião Anual da SBPC, realizada na UFG em julho de 2011. Professor aposentado de Universidade de São Paulo e hoje vinculado à pós-graduação da Universidade Metodista de São Paulo, onde já trabalha há mais de 30 anos, em 2012, ele deverá completar uma centena de 100 teses orientadas na área de comunicação. Pouco menos da metade desses trabalhos tratam de jornalismo científico. Acompanhe a seguir outros trechos da entrevista.
Como devemos considerar o uso de novas mídias na prática do jornalismo científico?
Foi algo que cresceu bastante e isso tem dado um curso importante no jornalismo científico. Primeiro: quanto ao acesso às fontes. Segundo: na pluralização da opinião, do ponto de vista de se ter despachos que não são controlados pela mídia de massa, quase sempre monopólio no Brasil. No país temos um modelo de monopólio. Quatro ou cinco grandes redes detêm o controle da mídia. E ainda com alguns problemas particulares: temos mídias que são religiosas e que têm uma relação complicada com a ciência e a tecnologia. Portanto, os espaços não são tão amplos assim e com a internet, com os blogs, cresceu bastante o espaço de circulação de informações de ciência e tecnologia, até mesmo de periódicos científicos on-line. Portanto, as novas tecnologias têm possibilitado não só o acesso às fontes, mas à produção de material, que não passa necessariamente pelo crivo da imprensa tradicional que, em regra, é preconceituosa em relação à divulgação científica.
O interesse geral pela ciência tem aumentado?
Sim, tem melhorado em função do surgimento de temas emergentes, como por exemplo, o meio ambiente, por causa das mudanças climáticas, transgênicos, células-tronco. Então, alguns temas emergentes têm tornado a ciência mais presente na mídia, o que não quer dizer que os veículos, depois dessa cobertura episódica, mantenham espaços regulares de ciência e tecnologia. No entanto, o tema é mais ausente no rádio e na televisão, que seriam espaços de comunicação com grandes audiências. Falta uma visão dos empresários, dos editores e provavelmente um maior apoio do governo a iniciativas de divulgação científica. Melhorou no governo agora, mas é muito pouco ainda, sobretudo para o jornalismo científico, pois ainda somos muito tímidos nesses projetos.
Fonte: Michele Martins
Categorias: Educação Jornalismo científico ciência
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