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Universidade Federal de Goiás
Leonardo Boff

Para Leonardo Boff, os tempos são de transformação das mentalidades

Em 22/03/12 15:57. Atualizada em 16/04/12 16:20.

 

O professor analisa os novos movimentos sociais e o envolvimento da juventude com a política

A plenária “Democracia Real, Já”, realizada durante o Fórum Social Temático 2012, em Porto Alegre, reuniu, na Faculdade e Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a juventude que vem movimentando o mundo com suas “novas” formas de organização (representantes de Indignados de Espanha, Estudantes do Chile, Ocupa Londres e Ocupa Wall Street, Primavera Árabe, entre outros) e o pioneiro da luta social Leonardo Boff. Na oportunidade, os jovens trocaram experiências acerca de suas motivações, da forma como têm se organizado e do que vêm desejando para suas comunidades. Já o filósofo, teólogo e místico Leonardo Boff tratou de alinhavar as ansiedades, antevendo tempos transformadores no que diz respeito à postura ético-política das pessoas que t}em ido em massa para as ruas desde a última eclosão da crise global, em 2011. ao final da plenária, ele trocou palavras também com a reportagem do Jornal UFG On-Line. Acompanhe!

 

O que representa a ocorrência de manifestações sociais e de novos movimentos, que vivenciamos em 2011?

Primeiramente representa uma insatisfação global contra o sistema-mundo, porque o mundo se globalizou com base em uma lógica econômica concorrencial altamente concentradora de riquezas e criadora de grandes exclusões e separações entre ricos e pobres. E o efeito mais pesado disso recai sobre a juventude, que em quase todos os países oscila entre 20% e 40% de desempregados. Então, há um mal estar na civilização que indica que, assim como está o mundo, não é possível continuar, tanto ecologicamente quanto eticamente. Os mais sensíveis percebem que temos de inventar uma nova forma de habitar o planeta, se não poderemos ir ao encontro do pior: uma grande e catastrófica crise ambiental. E aí temos de escutar esses reclames que deixaram para trás os discursos até mesmo das esquerdas, criando o discurso dos valores mínimos que são: liberdade, direitos humanos, participação, trabalho, dignidade e respeito. Esses são os valores básicos da sociabilidade humana. Os novos movimentos não falam em nome das esquerdas, nem do socialismo, nem das religiões. Falam em nome da humanidade. Esse é o valor e a força dos novos movimentos.

 

Há uma superação de correntes políticas clássicas de um modo geral ou somente do socialismo?

Não que as correntes políticas clássicas tenham perdido seu valor, mas não têm relevância para a nova situação da humanidade. Tinham para a história passada. Para os novos contextos do mundo globalizado e para uma nova consciência planetária, como o despertar do sentido da dignidade do ser humano e do respeito à natureza, isto só foi possível agora. Então, é importante primeiro que haja essa dimensão. A questão mais grave agora é: “qual é o projeto concreto que nos serve?”. E como se encaminha isso? Via partidos? Via movimentos? Com a transformação do próprio Estado? Talvez criando grupos colegiados de coordenação junto com o povo, exigindo uma governança global do planeta, como um centro pluriforme que cuide das questões globais, da água, do clima, da alimentação, da humanidade. Acho que o efeito final chegará a essa última possibilidade e o próprio sistema se obrigará a isso. É o começo de uma saída.

Fonte: Patrícia da Veiga

Categorias: Política entrevista sociedade