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Universidade Federal de Goiás
eucalipto

Estudo de professor da UFG tem reconhecimento internacional

Em 02/10/12 14:38. Atualizada em 21/08/14 11:46.

Docente da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos recebe prêmio por estudo de genes associados à produtividade e qualidade da madeira em espécies florestais pode proporcionar significativos benefícios socioeconômicos

Evandro Novaes agronomia

 

Layane Palhares

O professor Evandro Novaes, da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG, recebeu da International Academy of Wood Science (IAWS) um prêmio em reconhecimento à qualidade da sua tese envolvendo o estudo da madeira. A IAWS é uma entidade sem fins lucrativos composta por cientistas eleitos pelo mérito de seu trabalho no  campo da ciência da madeira.


Esse prêmio é para pesquisadores que realizaram seus estudos em outro país, com o objetivo de incentivar a pesquisa para além das fronteiras nacionais. As teses enviadas pelos candidatos são selecionadas pelo comitê executivo da academia. Até três prêmios anuais podem ser concedidos nas categorias ouro, prata e bronze. Os vencedores são agraciados com medalhas e certificados e os resultados publicados na página da IAWS http://www.iaws-web.org/en/ .  


Segundo informações da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), atualmente  as florestas cobrem 30% da área terrestre do mundo. Para atender à crescente demanda por madeira e bioenergia, sem prejudicar os ecossistemas naturais, é fundamental o plantio de florestas para que haja espécies que garantam o suprimento comercial de madeira.


O estudo sobre Genética e Genômica Florestal do professor Evandro Novaes foi desenvolvido na Universidade da Flórida, entre 2006 e 2010. O trabalho se deu na área de bioinformática, por meio de ensaios de laboratório com o objetivo de encontrar genes associados à produtividade e à qualidade da madeira nas espécies de Eucalyptus  e  de Populus, que são de grande importância socioeconômica em países de clima tropical e temperado, pois apresentam crescimento rápido.  De acordo com o professor, para melhorar a produtividade dessas espécies é importante que os recursos genéticos e genômicos estejam acessíveis para permitir a identificação dos genes responsáveis pelas características de interesse da espécie.


Em sua tese de doutorado, o professor Evandro Novaes também estudou o  genoma de Populus analisando a expressão de todos os seus genes para mapear os que estiverem potencialmente envolvidos no controle da produção e qualidade da biomassa lenhosa. A expressão gênica é o processo pelo qual a informação hereditária, contida em um  gene da sequência de DNA, é processada em um  produto gético funcional, tal como proteínas  ou RNA.


Segundo Evandro Novaes, a primeira etapa da pesquisa procurou identificar e colocar à disposição pública a sequências de genes do eucalipto: “Fomos o primeiro grupo a identificar e sequenciar os genes de eucalipto. Sabíamos que essas sequências já existiam, porém, circulava apenas em domínio privado. Por meio de modernas técnicas de sequenciamento, hoje as informações estão disponíveis em bancos de dados como o Short Read Archive – http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sra. Apesar de o processo de sequenciamento genômico ser muito difícil, os resultados obtidos são de grande interesse para a sociedade, especialmente a comunidade científica”,  disse o professor.


Logo em seguida, o pesquisador partiu para o estudo do Populus, que já possuía o genoma sequenciado. “Basicamente o que fizemos foi identificar algumas regiões do genoma que eram responsáveis por duas coisas extremamente importantes na área florestal: a produtividade e a qualidade da madeira”, afirmou Novaes.


Durante o estudo o pesquisador encontrou uma região do genoma responsável pela quantidade e qualidade da madeira que a árvore poderia fornecer. “Identificamos uma região do genoma que estava diretamente ligada ao aumento da produtividade da madeira. Além disso, essa mesma região também levava a árvore, em seu estágio inicial de desenvolvimento, a diminuir o teor de lignina. A lignina é responsável pelo fortalecimento e rigidez da planta, funcionando como um agente de fixação que impede e dificulta a retirada da celulose”, disse ele. Ou seja, com a redução da lignina temos madeira menos rígida, mas, por outro lado, torna-se mais fácil extrair a celulose .

madeira agronomia
Amostra de plantas transgênicas para análise de genes envolvidos na determinação da qualidade da madeira pelo professor Evandro Novaes (foto)

 

Segundo o professor, mediante de uma técnica chamada mapeamento genético, foi possível conhecer uma região bem ampla do genoma com centenas de genes potencialmente envolvidos no controle da quantidade e qualidade da madeira. Porém, como seria impossível testar todos esses genes, optou-se pela seleção de evidências indiretas relacionadas ao crescimento e à qualidade da madeira, para só então partir para análises laboriosas da função do gene mais promissor. “Para que o gene possa ser expresso, ele  passa pelo estágio de molécula de ácido ribonucléico (RNA) e quanto mais moléculas desse tipo forem encontradas, maior tende a ser a quantidade de proteína e maior a sua expressão. A seleção de evidências indiretas busca associações entre o crescimento e quantidade de lignina na madeira da planta, com a quantidade da expressão dos genes identificados naquela região do genoma”, disse o professor.


O trabalho iniciado pelo professor Novaes continua sendo conduzido por outros pós-graduandos no laboratório de seu ex-orientador o professor Matias Kirst. O objetivo é criar árvores transgênicas que comprovem os resultados de suas pesquisas. A expectativa é de que as pesquisas iniciadas com o trabalho do professor da UFG produzam árvores geneticamente modificadas que cresçam mais rapidamente e, ao mesmo tempo, facilitem a extração de celulose.


A redução do teor de lignina, que é o maior entrave para extração da celulose, é altamente desejável para as indústrias de celulose e de biocombustíveis, uma vez que pode reduzir custos e a emissão de agentes químicos nocivos ao meio ambiente, mas necessários à extração da celulose. Porém, de acordo com o professor, é preciso ressaltar que alterar a genética ou a estrutura bioquímica da planta pode ocasionar efeitos adversos. A redução do teor de lignina, por exemplo, que é responsável pela sustentação natural da planta, pode tornar a árvore mais suscetível a quebra por ventos e até mesmo a patógenos.


De acordo com o professor, desenvolver pesquisas no Brasil na área de Genética e Genômica  Florestal ainda é difícil pela falta de infraestrutura nos laboratórios e, principalmente, pela falta de incentivo das agências de fomento aos pesquisadores recém-doutores. Ele destaca também que é necessário considerar os problemas específicos de cada região. “O projeto que realizei na Flórida envolveu um alto grau de tecnologia, mas o meu foco agora está voltado para os problemas de importância aqui em Goiás. Por aqui, os problemas na área florestal são muito mais básicos, como, por exemplo, a escassez de materiais genéticos de Eucalyptus testados e adaptados às condições do estado. Sendo assim, aqui na UFG, estamos tentando fazer um trabalho de melhoramento genético clássico, iniciando com a busca de uma diversidade de aproximadamente 100 clones de Eucalyptus, que serão testados em quatro regiões distintas do estado. Também trabalho em estreita cooperação com grupos de pesquisa mais consolidados aqui na UFG. Nessas colaborações estamos aplicando o nosso conhecimento de genômica e bioinformática para auxiliar as pesquisas de conservação das espécies do Cerrado, bem como o melhoramento genético da cana-de-açúcar na Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA) http://www.ridesa.agro.ufg.br”, disse ele.

Fonte: Ascom UFG

Categorias: pesquisa IAWS reconhecimento madeira

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Jornal UFG 54 p8e9 499 Kb 933ef63f9583a770532519d7bbcc03eb