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Universidade Federal de Goiás
livro

Imagens e Memórias pintam retrato da construção da universidade

Em 02/10/12 16:00. Atualizada em 21/08/14 11:45.

Livro publicado em parceria com os Correios revela grande acervo histórico da UFG

Raniê Solarevisky

O livro Universidade Federal de Goiás – Imagens e Memórias – 1960-1964 é o resultado da união de dois projetos. Um desenvolvido pelo Centro de Informação, Documentação e Arquivo (Cidarq UFG), de organização, digitalização e divulgação do acervo fotográfico da UFG. E o outro desenvolvido na Faculdade de Educação (FE-UFG), focado na realização de entrevistas e documentação de memórias de servidores, professores e alunos que participaram da construção da universidade. A obra, lançada em 2010, atraiu a atenção não só da comunidade universitária, mas também do público externo. As autoras Heloísa Esser Reis, Maria Teresinha Santana, Rosângela Barbosa Silva (Cidarq-UFG), Isabel Ibarra Cabrera, Orlinda Carrijo Melo e Maurides Macedo (FE-UFG), concederam uma entrevista ao Jornal UFG para falar sobre a produção e a repercussão da obra.

No ano de 2002, uma equipe do Cidarq iniciou o projeto de extensão “Organização, digitalização e divulgação do acervo fotográfico do Arquivo Geral da UFG”, que pretendia reunir e recuperar imagens diversas da instituição, além de torná-las públicas. Como a equipe tinha de recorrer, muitas vezes, a pessoas que já não tinham qualquer vínculo com a universidade (ex-alunos, servidores técnico-administrativos e docentes aposentados, além de pessoas da comunidade em geral), o projeto foi caracterizado como sendo de extensão.

“Apresentamos o projeto ao diretor regional dos Correios à época, Sérgio Douglas Repolho Negri, e ele ficou muito interessado no material. Em 2007, fizemos o lançamento de um carimbo comemorativo e um selo personalizado do centenário de nascimento do primeiro reitor da UFG, Colemar Natal e Silva”, relata a coordenadora do Cidarq, Heloísa Esser. A partir de 2008, o grupo do Cidarq começou a desenvolver o projeto com o patrocínio da Empresa Brasileira de Correio e Telégrafos, Correios (já sob direção de Eugênio Montenegro Cerqueira) e, em 2010, junto com o livro, lançaram também um selo personalizado e um carimbo comemorativo dos 50 anos da UFG. “A parceria com os Correios foi fundamental  para a confecção do livro; beneficiou de fato a elaboração do material”, afirma a professora Maurides Macedo. “O patrocínio permitiu que a obra saísse com uma qualidade gráfica invejável”, comenta a professora Isabel Ibarra, que ressaltou o incentivo do reitor da UFG, Edward Madureira Brasil, na produção e divulgação da obra.
“Os depoimentos são registros de vivências das pessoas que participaram das conquistas e das derrotas da instituição nos últimos 50 anos. Às vezes, passávamos horas conversando com alguém sobre uma única imagem; e a possibilidade de ter na mesma obra todas essas entrevistas deu outro sentido às fotos”, completa Rosângela Barbosa. “Durante o trabalho de reunião de imagens e identificação dos personagens que apareciam nas fotos, às vezes conversávamos com pessoas que foram chamadas para trabalhar na universidade no serviço de limpeza, ou apenas servindo o café, mas que têm um carinho pela instituição que é impressionante”, conta emocionada Heloísa Esser.
“Recentemente, em junho deste ano, uma fonte-chave para a realização de todo o trabalho, o professor aposentado Orlando Ferreira de Castro, foi empossado como sócio titular no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG) e levamos várias cópias do livro para distribuir na cerimônia”, relata Maria Teresinha Santana. “Saímos de lá de mãos vazias, com pedidos de outros exemplares e ótimas impressões dos que estavam presentes”, conclui. Vários sócios do IHGG fizeram parte da história da universidade.

 

imagens e memórias
Em destaque a diretora do Cidarq, Heloísa Esser, durante o lançamento do livro, do selo personalizado e do carimbo comemorativos do cinquentenário da UFG, em 14 de dezembro de 2010

 

Heloísa Esser lembra que não é usual que os arquivos universitários trabalhem a questão da memória da forma como a obra em questão o faz. “Entre as universidades federais, a publicação de materiais dessa natureza é ainda mais incipiente, já que somente muito recentemente, com recursos do Programa de Reestruturação e  Expansão das Universidades Federais (Reuni), é que elas passaram a equipar ou instalar centros de documentação e arquivo”, ressalta a coordenadora do Cidarq.

A professora Orlinda Carrijo Melo, da Faculdade de Educação (FE-UFG), afirma que o mérito do livro foi reunir uma pesquisa sobre imagens e outra sobre história oral, de modo que uma complementa a outra. “O livro é extremamente rico porque reúne memórias; e a memória não é uma mera reprodução do passado, mas uma interpretação sobre ele feita no presente”, explica. Maurides Macedo afirmou que a obra “é uma forma de preservar a memória dessas pessoas e transmiti-las às gerações futuras; olhando o passado a partir do presente, os entrevistados fazem uma reconstrução do que aconteceu a partir dos anos que viveram na instituição”, afirmou. “Nós mostramos como um depoimento sempre complementa o depoimento do outro. As memórias dos entrevistados foram reconstruídas obedecendo a esse vai-e-vem passado-presente-passado, diferente de uma proposta de história linear”, acrescenta a professora Isabel Ibarra.

O projeto da FE, iniciado em 2004, Universidade Federal de Goiás – UFG: memória, história e leitura, buscava uma análise do discuso que existia sobre a universidade. Ele ganhou, consecutivamente, nos anos de 2005 e 2006, o prêmio do Programa de Iniciação Científica – UFG/PIBIC, na área de Ciências Humanas, com os trabalhos do aluno bolsista Gilson Luis Costa de Oliveira. “Não queríamos contar uma história, linearmente; nosso objetivo era ir além disso, e descobrir como essa história foi e é interpretada”, explica a professora Orlinda Carrijo. Alunos de pós-graduação em Educação têm utilizado o livro como modelo metodológico para o uso da oralidade e/ou da interpretação de imagens em pesquisas vinculadas à questão da memória, ou que abordem o passado da UFG.

“Temos material escrito, oral e audiovisual de sobra para os outros dois volumes que propomos”, revela a professora Maurides Macedo. De acordo com a professora Isabel Ibarra, a ideia era organizar uma publicação dedicada aos anos do regime militar (1964-1985) e uma outra que compreenderia o período de 1985 até hoje.  “Para melhorar as publicações poderíamos realizar uma contextualização das falas dos entrevistados entrecruzando diversas fontes, orais, escritas, jornalísticas”, explica a professora Isabel Ibarra.

Para garantir o acesso ao livro, os visitantes da exposição sobre os 50 Anos da UFG na Casa de Memória da Justiça Federal (localizada na rua 20, no Centro) podem, conforme disponibilidade, levar uma cópia para casa. A exposição é aberta ao público e deve permanecer até o final do ano. Vários exemplares também foram enviados a diversas instituições de ensino de todo o Brasil, assim como a arquivos públicos, bibliotecas e museus. Muitas agradeceram dizendo que incluiriam a obra em seus acervos. As autoras também levavam cópias a congressos da área de arquivologia, e geralmente voltavam de mãos vazias. “A procura é tamanha que os exemplares iniciais já ameaçam acabar”, revela Rosângela Barbosa.

Para a professora Maurides Macedo, muitos alunos não têm ideia alguma sobre a essência da instituição em que estudam. “Assim, o livro é um retorno muito gratificante e merecido para a comunidade acadêmica. Com a obra eles podem ter uma noção, uma compreensão do que foi a luta pela construção da UFG”. Usando memórias sob a forma de vozes, imagens, silêncios e lágrimas, o livro pintou um quadro da luta pela criação da UFG, com todas as dores e conquistas que o pincel do tempo marcou na história do estado, do país, e, mais importante, na vida dos que criaram a tela.

 

Em destaque a diretora do Cidarq, Heloísa Esser, durante o lançamento do livro, do selo personalizado e do carimbo comemorativos do cinquentenário da UFG, em 14 de dezembro de 2010

Fonte: Ascom UFG

Categorias: livro Imagens e memórias

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Jornal UFG 54 p10 587 Kb b89ccf38f438bf23e48110dafe536846