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Universidade Federal de Goiás
Prof. César Viana

Artigo: Novos espaços de informação e cidadania

Em 02/10/12 17:19. Atualizada em 04/10/12 09:24.

Desde maio está em vigor no Brasil a Lei de Acesso à Informação (lei nº 12.527/2012), que muda a forma como nos relacionamos com o poder público. Tudo, cada centavo, os mínimos detalhes da administração pública, deve ser disponibilizado para consulta dos cidadãos. Dar acesso a todos os arquivos requer esforço tanto do governo como da sociedade. Isso acontece aqui e em outros países.


Vivenciamos os primeiros balbucios da infinidade de perspectivas que se abrem para a transparência e a convivência em público nos âmbitos digitais. Com isso, abrem-se novas frentes coletivas de atuação para resolver questões cotidianas, como melhorar os fluxos em nossas ruas, reaproveitar o sem-fim de informação gerado em todas as cidades, acompanhar cada detalhe das eleições, ou de como são aplicados os orçamentos públicos.


Pelo mundo afora aparecem mudanças sociais que ganham força pela mobilização em redes online. Isso em si é uma grande fonte de notícias e também de dados. Os jornalistas precisam saber como achar e utilizar as fontes para tratar e divulgar a informação, bem como se há permissão legal para se publicar uma base de dados e abri-la para que outras pessoas também tenham acesso.

Jornalismo de precisão
Há um movimento que ganha mais e mais adesão: querem melhorar e difundir o jornalismo de precisão, jornalismo de dados ou #DDJ, sigla-repositório de comentários, ações e links sobre esse tal data-driven journalism. São diferentes nomes para práticas recentes: incluir os sistemas de dados como fontes de informação no cotidiano das redações ou entre os agentes comunitários de notícias.


O jornalismo de precisão (este termo é o mais usado na literatura de Comunicação desde o início da década de 1970) também pode ser entendido como um esforço da mídia para se adaptar às mudanças que transformam os espaços de informação. Isso inclui diversos aspectos, como mais interatividade e narrativas multidimensionais capazes de incluir o leitor nos processos de produção de notícias. Há muito a se incentivar e a envolver o público na criação e na avaliação de reportagens, por exemplo.


Muda o jeito como os jornalistas passam a apurar, a elaborar e a envolver o público em suas reportagens. Mas quais as dicas, os primeiros casos de sucesso, os procedimentos mais eficazes? A partir do esforço conjunto de entidades como a Fundação pelo Conhecimento Livre (www.okfn.org) e o Centro Europeu de Jornalismo (www.ejc.net) foi feito o desafio de se construir um manual de jornalismo de precisão totalmente aberto. A ideia foi lançada no Mozilla Festival do ano passado, em Londres, e convocava pessoas para, juntas, prepararem artigos durante um fim de semana.


Surgiram 71 colaboradores que fizeram 120 páginas durante seis meses de trabalho. Pessoas de diversos países, culturas e veículos de comunicação se juntaram por meio de uma lista de e-mail. Qualquer um pode acompanhar ou participar de todas essas conversas em http://lists.okfn.org/mailman/listinfo/data-driven-
journalism.


Entre os participantes estão jornalistas da BBC, Chicago Tribune, Guardian, Financial Times, The New York Times, ProPublica, Deutsche Welle e Washington Post. Para saber mais sobre as práticas de jornalismo de precisão e baixar gratuitamente uma cópia é só acessar a página criada pelos voluntários: http://datajournalismhandbook.org.

Inteligência social
Este é um exemplo de como empresas de mídia e alguns setores da sociedade começam a se organizar para criar ou testar novas formas de colaboração para garantir qualidade e presteza aos serviços de notícias. Nos últimos anos surgiram fenômenos que mudaram nosso jeito de nos expressar ou de ler o mundo. Agora temos um pé no digital e nos conectamos mais tempo à internet – inclusive para “conviver” com a família e os amigos.


Se cada pessoa com um celular que fotografa, filma ou funciona como computador é um repórter em potencial, como nos preparamos para garantir acesso à informação, para ganhar em qualidade de educação ou gerar inovação? Já temos mais celulares que gente no Brasil, as condições estão presentes para as mais diversas aplicações de inteligência social. As tecnologias digitais incorporam novas maneiras de disseminar conhecimento e de produzir riquezas. Está em nossas mãos decidir como queremos compartilhar e aproveitar essas oportunidades.
 
*César Viana é professor da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) da UFG. Foi um dos colaboradores da primeira edição do Manual de Redação de Jornalismo de Precisão EJC/OKFn.

Categorias: Mídia Jornalistas jornalismo de precisão

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Jornal UFG 54 p15 573 Kb 17873d96614d3b87d1db85de318099fa