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Universidade Federal de Goiás
Para recepcionar os novos estudantes foi realizado o Seminário “Tempo de Chegada”

Regional Goiás recebe 2ª turma de Direito do Pronera/Incra

Em 29/07/16 15:28. Atualizada em 02/08/16 14:27.

Curso é especialmente voltado para beneficiários da Reforma Agrária e agricultores familiares

Texto e fotos: Weberson Dias

 

Regional Goiás recebe 2ª turma de Direito do Pronera/Incra

No mês de junho, a Regional Goiás recebeu os estudantes da 2ª Turma Especial de Direito voltada para beneficiários da Reforma Agrária e Agricultores Familiares, por meio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária  (Pronera). A primeira turma especial de Direito recebeu o nome do professor Evandro Lins e Silva e iniciou em 2007. Em 2012, a Regional formou um total de 57 bacharéis de 19 estados brasileiros. Em 2015 foi realizado o processo seletivo para a segunda turma, que ofertou 60 vagas e no qual ingressaram, este ano, estudantes de 12 estados brasileiros na faixa etária de 16 a 54 anos.

A diretora da Regional Goiás, Maria Meire de Carvalho, vê com bons olhos a chegada da nova turma, ela acredita ser uma conquista dos movimentos sociais e também da Regional Goiás. “É um presente, um aprendizado. Ficamos felizes ao ver que a Regional está cumprindo seu papel de inclusão social”. Atual responsável pela turma, a professora Erika Macedo Moreira também comemora a chegada dos novos estudantes que considera representarem a continuidade e a consolidação de um projeto. “A Regional Goiás tem se consolidado como um projeto de educação superior voltado para a reflexão sobre a realidade do campo. A educação e o ensino superior contribuem nesse processo de transformação das condições de vida desse povo”, afirma.

 

Para recepcionar os novos estudantes foi realizado o Seminário “Tempo de Chegada”

Para recepcionar os novos estudantes foi realizado o Seminário “Tempo de Chegada”

 

A coordenadora estadual do Pronera/Incra, Marília Barreto, destaca a importância da parceria e assegura que a formação é um pilar para o desenvolvimento sustentável das comunidades: “Os egressos podem atuar após formados nos conflitos que ocorrem nos assentamentos, naqueles vivenciados pelas famílias em relação ao estado e auxiliando as cooperativas com apoio jurídico, entre outros”.

O professor do curso  de Direito para beneficiários da Reforma Agrária e Agricultores Familiares, José do Carmo, lembra que, ainda como uma extensão da Regional Goiânia, a unidade de Goiás estava prestes a fechar, e a decisão de continuar o curso foi devido a um movimento que mobilizou a Regional. “Engajei-me nesta luta com a visão de que a educação é um direito de acesso universal, sem restrição, garantido na Constituição Federal. Essa semente foi bem plantada, bem cuidada pela equipe diretiva da UFG com todos os parceiros e está dando bons frutos, demonstrando que foi fundamental ter essa oportunidade de formação em educação superior aqui em Goiás”, detalha o professor, acrescentando que este é o sexto curso nesse modelo em todo o país e que esta foi  a primeira vez que houve concurso público para dez professores do curso.

 

Reitor participa da mesa de abertura dos trabalhos do seminário realizado com a 2ª turma

Reitor participa da mesa de abertura dos trabalhos do seminário realizado com a 2ª turma

 

Planos para o retorno à comunidade

O jovem William Clementino, natural de Wanderlândia (TO),  deixou a família em outro estado para se dedicar aos estudos em Goiás: “Nosso grande desafio é somar vivência com o conhecimento acadêmico-científico e, a partir desse conhecimento e sob a perspectiva do Direito, influenciarmos na transformação da vida dos agricultores familiares e camponeses”. Demonstrando ansiedade e expectativa, William declara que o ingresso da turma na universidade, além de contribuir para a Regional, fortalece a estratégia dos movimentos sociais. “Apesar de sermos constantemente violentados em relação aos nossos direitos, queremos o tratamento que merecemos, queremos ser sujeitos de nossa própria transformação e, consequentemente, da sociedade”, observa.

Natural do município de Santa Maria da Boa Vista (PE), Ananda Natyelle Nunes veio de um acampamento com cerca de 50 famílias. “O curso representa a universidade nos aceitando, dialogando com nosso movimento e reconhecendo a nossa luta pela reforma agrária como algo importante e necessário para o Brasil”, comemora a pernambucana. O colega Antônio Marcos Bandeira veio do assentamento Padre Josimo, município de Nova Rosalândia (TO), e relata que houve uma preparação para chegar à UFG. “Fizemos um processo anterior de escolha política na comunidade para saber quem viria fazer o processo seletivo, o curso e retornar para contribuir na luta popular por meio do acompanhamento, defesa e atendimento às causas jurídicas”, relata ele, assegurando tratar-se de um compromisso coletivo, uma vez que há falta de profissionais com o conhecimento específico para atender a demanda em sua região, palco de grandes conflitos agrários.

O educador popular da Escola Nacional de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Antenor Lima, ministrou uma disciplina na primeira semana de curso da turma com o objetivo de discutir o processo de formação de consciência crítica dos indivíduos a partir da compreensão da realidade social na qual ele vive. “A formação dessa consciência é fundamental para a luta social e representa melhoria na organização, entendimento, mobilização e resistência”, destaca ele.

 

Categorias: Universidade Edição 81