A mobilidade urbana no contexto da Universidade
Professora da Faculdade de Artes Visuais da UFG fala sobre mobilidade
Erika Cristine Kneib, professora da Faculdade de Artes Visuais da UFG
A mobilidade urbana pode ser entendida como a capacidade de deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano. E muitas são as variáveis e os elementos que impactam a mobilidade e são por ela impactados, tendo um efeito notório e cada vez mais relevante na qualidade de vida dos centros urbanos.
No Brasil, muitas cidades foram pensadas e planejadas visando garantir velocidade e fluidez dos automóveis. Vias largas, asfaltadas e impermeáveis, com amplos espaços de estacionamentos, que favorecem a velocidade, potencializam a degradação do espaço e dificultam a relação das pessoas com a cidade. Esse modelo de (i)mobilidade vem sendo questionado na busca por cidades com maior qualidade, nas quais o veículo deixe de ser o protagonista e o espaço urbano passe a ser pensado, concebido e desenvolvido para as pessoas.
Cidades que buscam uma mobilidade urbana mais sustentável apoiam-se em quatro princípios: prioridade ao pedestre e ao ciclista; valorização do transporte público coletivo; racionalização do uso do automóvel, com o objetivo de fazer um uso consciente e adequado dos veículos motorizados individuais; e planejamento das redes urbanas, de modo que haja compatibilidade entre as atividades urbanas e os sistemas de transporte. Tais princípios contribuem sobremaneira para uma cidade mais justa, mais humana, com uma economia forte e um ambiente sustentável.
No ambiente universitário – de pensamentos, questionamentos e reflexões –, há de se questionar até quanto e até quando este modelo de cidade voltada à fluidez dos automóveis pode ser replicado na distribuição e concepção dos espaços dos campi universitários. Até quando os espaços verdes, de lazer e de convívio serão prejudicados em busca de uma velocidade e fluidez veicular e espaços de estacionamento asfaltados e impermeáveis que só tendem a prejudicar a segurança, o convívio das pessoas e a qualidade do espaço.
Uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Artes Visuais da UFG mostra que, no Câmpus Samambaia, por exemplo, mais de 60% das pessoas se deslocam para o câmpus a pé, de bicicleta ou de transporte público coletivo; enquanto 37% se deslocam por automóvel.
Como potencializar os deslocamentos a pé, por bicicleta e por transporte coletivo ao Câmpus e dentro do Câmpus? Como tornar o espaço da universidade um modelo de mobilidade sustentável capaz de mudar paradigmas que possam ser refletidos positivamente em toda a cidade?
Perguntas e reflexões que devem permear o debate acadêmico e contribuir, de forma técnica, científica e pragmática com a qualidade dos espaços dos campi e também com a mudança de paradigmas capazes de contribuir para a concepção de novos espaços nos campi e na cidade, mais justos socialmente, mais adequados ambientalmente e capazes de colaborar qualitativamente com a mobilidade urbana e com a qualidade de vida nas cidades goianas e brasileiras.