
Pesquisa analisa transformações em cidades planejadas
Estudo é realizado em cidades de Goiás e em Minas Gerais
Monithelle Cardoso
Goiânia, Brasília e Belo Horizonte são cidades planejadas que tornaram-se importantes metrópoles. As modificações nas paisagens urbanas destas cidades são o foco da pesquisa “De cidades planejadas a metrópoles contemporâneas: novas sensibilidades urbanas e transformações na paisagem em Goiânia, Brasília e Belo Horizonte”, que é realizada no Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa/UFG).
A investigação consiste em explorar as mudanças nas paisagens urbanas, nas suas formas, mas também nas práticas culturais que compõem as cidades. Com a pesquisa, serão verificadas essas modificações nas cidades escolhidas. “A tentativa é para mapear espaços que denotam uma transformação cultural e que modificam a imagem urbana”, explica a pesquisadora e coordenadora do estudo, Valéria Cristina Pereira da Silva.
Capital goiana
Goiânia foi planejada como uma cidade moderna e teve sua paisagem marcada pelo art déco. Nas primeiras observações foi identificado que, em muitos lugares da cidade, o estilo fora destruído, em outros, o que restou é considerado patrimônio histórico.
A pesquisadora destacou duas novas construções que modificaram a paisagem da cidade. A Vila Cultural Cora Coralina, que é um espaço de memória e cultura cuja exposição inicial, Goiânia 80 anos, unia tecnologia de ponta e memória da cidade na construção de suas imagens. Outra paisagem que rompe do ponto de vista da forma, embora não do ponto de vista ambiental e da prática do comércio, é o Shopping Passeio das Águas que possui estética arquitetônica contemporânea em formato de borboleta que altera a percepção visual.
Espaços de práticas culturais têm emergido em Goiânia, porém, com pouca visibilidade diante da população. A professora destaca um retrocesso que tem ocorrido paralelo à criação desses novos espaços, como a perda da paisagem dos flamboyants na Avenida Goiás e a Praça do Relógio, que tinham uma conotação afetiva por parte dos moradores da cidade.
Outras metrópoles
Em Belo Horizonte, cidade moderna e planejada do final do século XIX, o conjunto de prédios administrativos localizado no centro histórico e cívico foi deslocado para outra região da cidade. Assim, essa parte do centro histórico tornara-se, na última década, exclusivamente centro cultural. O local foi transformado em museus e casas de cultura, teatros, entre outros espaços culturais, o que não ocorreu em Goiânia. De acordo com a pesquisadora, essa região de Belo Horizonte passou por uma transformação significativa que democratiza o acesso aos bens culturais e simbólicos para uma maior camada da população.
Brasília é a metrópole mais nova, das três cidades observadas no projeto, derivada do modernismo e fundada na década de 1960. “Desde o início da ocupação de Brasília, já começaram os rompimentos com a rigidez. Projetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, vários edifícios da cidade seguem o estilo do modernismo, mas uma novidade que talvez possa ser ligada ao nosso inconsciente barroco: as curvas de Brasília”, destaca a pesquisadora.
A partir das primeiras observações foi constatado que a cidade tornara-se, em pouco tempo, também patrimônio histórico. “Essas cidades planejadas são metrópoles que envelhecem, que abrigam novas tribos urbanas, detêm emergências, resistências e mudanças que ressignificam as próprias permanências”, completa Valéria Cristina.
Nesta etapa da pesquisa, estão sendo entrevistadas pessoas que moram nas cidades e que são atuantes naquele cenário. Os lugares também estão sendo fotografados. O projeto tem previsão para ser concluído no final deste ano.
Fonte: Ascom/UFG
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