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Universidade Federal de Goiás
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Bambu viabiliza tratamento natural de esgoto

Em 22/02/17 15:15. Atualizada em 08/03/17 09:21.

Projeto da UFG propõe novas perspectivas para o uso sustentável e alternativo do vegetal

Rogério de Almeida é o responsável pelo projeto que explora o potencial produtivo do bambu

Rogério de Almeida é o responsável pelo projeto que explora o potencial produtivo do bambu

 

Vinícius Paiva – Ilustração: Reuben Lago/Freepik – Fotos: Carlos Siqueira

 

No Brasil, o bambu é utilizado principalmente em móveis como estantes e sofás, peças artesanais de decoração, como vasos e cestas, e também em algumas construções arquitetônicas, incluindo pontes, áreas cobertas e até mesmo casas. Aproveitando a durabilidade, resistência e versatilidade do bambu, pesquisadores da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da UFG têm avaliado uma nova forma de utilização da planta: o tratamento de esgoto.

Intitulado Sistema de Zonas de Raízes, o procedimento direciona os resíduos líquidos passando pelas raízes fasciculadas (conjunto de raízes finas que partem de um único ponto) do vegetal, que absorvem matéria orgânica e minerais, devolvendo o esgoto tratado ao meio ambiente. Nesse processo, as plantas também absorvem água e a liberam para a atmosfera. Segundo o coordenador da pesquisa, professor Rogério Almeida, se a quantidade de esgoto aplicada for inferior à capacidade das plantas em absorvê-la, não haverá mais efluente. “Assim, a eficiência de tratamento será de 100%, eliminando o risco de contaminação ambiental, pois mesmo após tratamento, o potencial de contaminação do esgoto ainda existe”, explica.

Rogério Almeida afirma que, com o método, o custo para o tratamento dos resíduos seria menor porque não são necessárias extensas redes hidráulicas para conduzirem o material, que pode ser tratado no mesmo local de sua produção em sistemas descentralizados de tratamento. Outra vantagem reside no fato do esgoto ser tratado subterraneamente, diminuindo também o mau cheiro proveniente das estações de tratamento que assola diversos bairros. Além disso, as estações constituiriam uma miniplantação, que tornariam o local um ambiente paisagístico com a beleza e a união dos bambus. “Também está sendo estudado o potencial do bambu em remover do esgoto os hormônios provenientes dos anticoncepcionais femininos, pois o sistema tradicional não remove”, afirma o professor.

 

info bambu


Alternativas

Rogério Almeida acrescenta que, como o tratamento do esgoto gera muita biomassa, os bambus poderiam ser usados na construção de peças artesanais para manuseio e/ou decoração, incentivando o trabalho e gerando renda para os artesãos locais. Também está sendo formado nas dependências da UFG um auditório constituído por plantas vivas de bambu em sua estrutura básica, contribuindo para o meio ambiente de forma sustentável, criativa e aconchegante. O professor destaca ainda que a Universidade possui plantadas em sua área uma floresta com três espécies de bambus gigantes e uma coleção que já conta com mais de 80 espécies. “Nós não ficaremos somente nessa coleção, pois fizemos a multiplicação das mudas e as distribuímos em oito pontos diferentes do estado”, completa o professor.

 

bambu

Disponível em quase todos os lugares do mundo, o bambu é uma gramínea de caules lenhificados que permite usu frequente, pois a extração correta de colmos faz com que a planta dê vida a novos brotos. Resistente, o vegetal ainda se difere de outras plantas por não carregar a típica característica da desfolhação, ganhando novas folhas no outono e na primavera que substituirão as antigas. Em todo o mundo, estima-se que existam mais de 1,5 mil tipos da planta e, por aqui, o objetivo é que a UFG tenha 200 espécies em sua coleção. 


Lei

Sancionada em 8 de setembro de 2011, a Lei nº 12.484 apodera uma política nacional de incentivo ao manejo sustentado e ao cultivo do bambu, objetivando o desenvolvimento da planta no Brasil por meio de ações governamentais e privadas. Como em Goiás não existe uma lei local que discirna questões parecidas com a lei nacional, Rogério Almeida ressalta a importância da criação de uma lei pensando a partir da realidade do estado. “O plantio e cultivo do bambu estão se tornando um interesse estadual. Com a liberação de verba tanto por empresas privadas quando pelo estado, se tornará mais fácil a disseminação do bambu no território goiano”.

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Pesquisa EA Edição 85 bambu tratamento de esgoto