
Respeito à diversidade e combate ao preconceito
Universidade promove ações em prol da quebra de barreiras arquitetônicas e atitudinais
Texto: Luciana Gomides/ Fotos: Divulgação
Resultados do Censo 2010, apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que aproximadamente 45,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que equivale a quase 25% da população. São indivíduos que, cada vez mais, lutam pela igualdade de direitos, a fim de garantir sua inclusão social e acesso às oportunidades e dignidade. Sob o ponto de vista educacional, ao nos referirmos às pessoas com deficiência, falamos de características, formas de locomoção, comunicação e aprendizado peculiares que demandam preparo e adaptação por parte das instituições, desde a educação básica até a pós-graduação, a fim de atendê-las de forma efetiva.
Segundo a Lei 13.146/2015, do Estatuto da Pessoa com Deficiência, “a educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurado sistema educacional inclusivo em todos os níveis de aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”. Na Universidade Federal de Goiás (UFG), o desenvolvimento de ações que promovam a acessibilidade é tido como valor institucional que prima pelo respeito à diversidade humana. Por isso, desde 2008, a instituição vem formulando a Política de Acessibilidade da UFG, através do Núcleo de Acessibilidade (NA).
Inicialmente sob a coordenação da professora Dulce Barros de Almeida, o NA foi criado para propor e viabilizar a educação superior inclusiva, eliminando ou minimizando barreiras relacionadas a aspectos infraestruturais, pedagógicos e, sobretudo, atitudinais. A atual diretora do Núcleo, professora Vanessa Santana Dalla Déa, explica que o Núcleo de Acessibilidade tem como foco principal atender os 220 alunos com deficiência que fazem os cursos de graduação da UFG” Segundo ela, para ter uma universidade acessível, é necessário ir além da adaptação com rampas e elevadores. “Temos que considerar a complexidade do ser humano e suas necessidades”, comenta a docente.
Núcleo de Acessibilidade trabalha para viabilizar educação inclusiva
As ações são elaboradas após estudos feitos para identificar a necessidade específica de cada estudante. Por esse motivo, as interferências do NA contemplam variados campos, como a acessibilidade comunicacional, na qual a Universidade conta com intérpretes para alunos surdos durante cursos, eventos e cerimônias de formatura. Outra ação de destaque é o Laboratório de Acessibilidade, parceria firmada com o Sistema de Bibliotecas (Sibi) para ofertar equipamentos e tecnologias assistivas, além da preparação de materiais acadêmicos para estudantes com deficiência visual. No que toca à estrutura física, o NA atua junto ao Centro de Gestão do Espaço Físico (Cegef) para estudos e melhorias arquitetônicas.
Porém, para Vanessa, a dimensão que merece atenção especial ainda se refere ao combate ao preconceito, com destaque para o capacitismo. Trata-se de discriminação, de certa forma velada, envolta em uma capa de paternalismo e na tendência em considerar pessoas com deficiência como incapazes de gerir suas próprias vidas. “As pessoas com deficiência têm mostrado sua eficiência no trabalho, no esporte, na família e, também, no ambiente acadêmico”, defende a professora. Por isso, são oferecidos pelo Núcleo cursos de formação, palestras e eventos, além de divulgação de informações no intuito de levar conhecimento sobre as diversidades neurológica, motora, visual e auditiva, objetivando desconstruir esse tipo de intolerância.
Intérpretes de Libras em solenidades da UFG contribuem para acessibilidade
SINAce
Em 2014, foi instituído o Sistema Integrado de Núcleos de Acessibilidade da UFG (SINAce), órgão suplementar vinculado à Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). O SINAce é composto pelos diferentes órgãos e pró-reitorias da UFG, representantes dos corpos discente e de servidores com deficiência. O principal objetivo do sistema é estruturar e aprovar a Política de Acessibilidade da UFG, documento que estrutura metas e ações em oito eixos: Inclusão e Permanência, Infraestrutura Acessível, Acessibilidade Pedagógica e Curricular, Acessibilidade Comunicacional e Informacional, Catalogação das Informações sobre Acessibilidade, Extensão sobre/com Acessibilidade, Recursos Humanos e Financiamento da Política de Acessibilidade.
Ações externas
Atualmente, a UFG realiza trabalhos com Núcleos de Acessibilidade de outras instituições públicas de ensino. “Estamos formulando, em parceria com o Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (Ciar), um curso de formação para docentes do ensino superior junto à Universidade Estadual de Goiás (UEG), ao Instituto Federal de Goiás (IFG) e ao Instituto Federal Goia- no (IFGoiano), que estará pronto no segundo semestre”, informa Vanessa. Ademais, há a participação conjunta com universidades fede- rais dos estados do Paraná, Pará, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul na elaboração de documento orientador para efetivação de cotas dos alunos com deficiência nas instituições federais de ensino superior e técnica.
Professora Vanessa Dalla Déa em evento sobre Síndrome de Down