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Universidade Federal de Goiás
Monumento trabalhador

Aos trabalhadores: respeito!

Em 28/07/17 13:36.

Grupo luta pela reconstrução de monumento que foi destruído e apagado da herança cultural de Goiânia

Texto: Vinícius Paiva

Foto: Arquivo Pessoal

Monumento trabalhador

Em 1959, erguia-se o Monumento ao Trabalhador, obra que renomearia a antiga Praça Americano do Brasil para a atual Praça do Trabalhador. Dez anos depois, 1969, o Comando de Caça aos Comunistas (CCC) fez do piche fervido uma arma para destruir os painéis que mostravam, no seu lado direito, o mundo do trabalho, e no lado esquerdo, a luta dos trabalhadores. O ataque começou na ditadura, mas a total retirada da obra aconteceu no ano de 1986, quando houve a demolição dos dois cavaletes de concreto que sustentavam as obras e permaneciam no local como um ato de resistência.

Para entender em que medida os antigos moradores de Goiânia se lembram do monumento, pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) realizaram um  levantamento de opinião com 288 pessoas, com idade mínima de 40 anos e que residem em Goiânia anteriormente ao ano de 1985 (um ano antes de o monumento ser demolido). O questionário foi elaborado com 11 indagações, e destas, três foram planejadas para detectar as referências políticas da cidade na hierarquia de percepção dos entrevistados. O levantamento mostrou que, salvo raras exceções, o público desconhece a obra e sua construção, e que o nome da praça é um tributo a sua antiga presença naquele ambiente.

Reconstrução

Responsável por avaliar o resgate do monumento e apresentar as propostas de reconstrução, foi criado um Grupo de Trabalho pelo prefeito da época, Pedro Wilson, por meio do decreto nº 1.805, de 24 de junho de 2003.  Um dos representantes do grupo, o jornalista Marcantônio Dela Côrte afirma: “O monumento trará à realidade atual elementos importantes capazes de forçar parte da sociedade goiana a tomar consciência de seu passado quanto à preservação de tudo que diz respeito ao seu Patrimônio Histórico e Cultural, fazendo que novas mentalidades surjam e novos comportamentos sejam incentivados no sentido de melhorar o nível cultural da cidade”.

Para a reconstrução, foram feitos diversos orçamentos com materiais diferentes em cada um deles, incluindo os painéis, cavaletes de sustentação, além do valor a ser pago aos profissionais que se envolverão na obra, como artistas reconstrutores, arquitetos, engenheiro e aplicadores de pastilhas. Segundo o professor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, Pedro Célio, oito Conselhos Diretores da UFG votaram a favor da reconstrução do monumento, alguns com unanimidade. O atual governador do Estado, Marconi Perillo, também se mostrou interessado e autorizou, em maio de 2016, a liberação de uma quantia financeira suficiente para a reconstrução; falta, agora, a autorização da prefeitura. 

Somente 3,1% dos entrevistados citam o Monumento ao Trabalhador e apenas 1,3% deles lembram-se daqueles que lutaram contra a ditadura militar. Além disso, 32,2% das fontes deixaram as respostas em branco. Os interlocutores expuseram seus incômodos a respeito da falta de informações sobre os monumentos existentes e da precária sinalização turística da cidade. O estudo também aponta o parco tratamento dado à memória local. Ao serem solicitados a citar um monumento político de Goiânia, a Estátua de Pedro Ludovico, o Monumento à Goiânia e o art déco dos prédios, foram os mais lembrados.

Memória

As Políticas de Memória compõem um eixo essencial das justiças de transição em sociedades que, buscando fortalecer a democracia, comprometem-se em elucidar e reparar os graves crimes contra os direitos humanos cometidos por agentes dos regimes ditatoriais em nome do Estado. A reconstrução do monumento é uma política pública de reparação que pensa a perspectiva dos direitos humanos e da democracia. Dessa forma, insere na agenda pública da cidade o resgate da formação urbana de Goiânia, como registro e interpretação dos acontecimentos passados e presentes.

Monumento trabalhador

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Universidade Edição 89