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Universidade Federal de Goiás
Luana Cássia Miranda

O diálogo entre universidade e coletividade por meio da extensão

Em 01/06/22 09:13. Atualizada em 01/06/22 09:33.

Luana Cássia Miranda Ribeiro*

Luana Cássia Miranda

As universidades possuem, constitucionalmente, o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Os dois primeiros termos são amplamente conhecidos, mas o terceiro, geralmente, só faz parte do vocabulário de quem ingressa em uma instituição pública federal de ensino superior, como é o caso da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Apesar desse desconhecimento inicial, a extensão universitária não é uma novidade e está muito mais perto das pessoas do que se imagina. O conceito surgiu na Europa, no século 19, e começou a aparecer no Brasil no início do século 20. Na Era Vargas, a extensão foi oficializada com a aprovação do Estatuto das Universidades Brasileiras. No entanto, esse tema passou a ter mais relevância com o Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (Forproex), em 1987, e com a Constituição Federal de 1988 (artigo 207).

Mas, afinal, o que é extensão universitária? Ela faz parte da formação do estudante e favorece a relação entre a comunidade universitária e a sociedade. Nesse diálogo com os setores externos à universidade, o estudante tem a possibilidade de socializar os conhecimentos aprendidos no ensino e na pesquisa, bem como ter novos aprendizados e trocas de experiências. Com a extensão, o estudante tem a oportunidade de vivenciar na prática os saberes teóricos.

Nesse processo de compartilhamentos de conhecimentos e experiências, os saberes acadêmico e popular são sistematizados, proporcionando também ganhos para a comunidade. É por meio da extensão que a democratização do conhecimento acadêmico acontece, gerando uma relação transformadora entre universidade e sociedade.

Segundo a Resolução do Conselho Universitário (Consuni) da UFG nº 39/2020, que trata do Regulamento das Ações de Extensão e Cultura na Universidade, a extensão universitária é um processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico, tecnológico, social e político que promove a interação entre a universidade e outros setores da sociedade. Essas ações são orientadas pelas diretrizes contidas na Política Nacional de Extensão Universitária, de 2018, que define os princípios, os fundamentos e os procedimentos que devem ser observados no planejamento, nas políticas, na gestão e na avaliação das instituições de educação superior de todos os sistemas de ensino do País.

Na UFG, a extensão universitária baseia-se, obrigatoriamente, em cinco fundamentos: 1) ações que tenham como público principal a comunidade externa à UFG; 2) ações que estimulem ou potencializem as relações entre a universidade e outros setores da sociedade; 3) processos formativos articulados ao ensino e à pesquisa, considerando as demandas sociais da população; 4) participação dos servidores e estudantes da UFG no planejamento e na execução das ações; 5) produção e sistematização do conhecimento para a comunidade externa à UFG.

Atualmente, a UFG contabiliza 1.638 ações de extensão em andamento, presentes em 22 Estados e 176 municípios brasileiros. Essas atividades são realizadas na forma de projetos (1.081), eventos (295), cursos (117), prestação de serviços (99) e programas (47). As ações são de abrangência local (634), nacional (458), regional (410), internacional (132) e outras (5).

As áreas temáticas principais são educação, com 526 ações, e saúde, com 483, respectivamente. Na sequência aparecem cultura (193), tecnologia (144), meio ambiente (89), comunicação (88), direitos humanos (78) e trabalho (38), mas existem ainda muitas outras. As unidades acadêmicas responsáveis pelo maior número de ações de extensão são a Faculdade de Medicina (123), Escola de Música e Artes Cênicas (105), Escola de Veterinária e Zootecnia (104), Escola de Agronomia (79), Instituto de Ciências Biológicas (77), Faculdade de Enfermagem (66) e Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (60).

Outro aspecto importante a ser destacado é a composição da equipe executora das atividades de extensão. A maior parte é formada por docentes (32,27%) e estudantes (32%). Há ainda membros externos (18,15%) e servidores técnico-administrativos (17,52%). Quanto aos coordenadores, 64,79% são docentes e os demais 32,21% são servidores técnico-administrativos. A quase totalidade das atividades extensionistas são realizadas pela Regional Goiânia da UFG (95,24%). O Câmpus Goiás, na Cidade de Goiás, responde pelos 4,76% restantes.

A expectativa é de que, nos próximos anos, as ações de extensão universitária cheguem a um número ainda maior de pessoas. De acordo com a Resolução Nº 7, de 2018, emitida pela Câmara Nacional de Ensino Superior, vinculada ao Ministério da Educação, por meio do Conselho Nacional de Educação, as atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação e devem fazer parte da matriz curricular dos cursos. O trabalho das instituições de ensino superior como a UFG, por meio das unidades acadêmicas, sob a orientação da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), é promover autoavaliação contínua para o aperfeiçoamento da extensão universitária, de modo que ela esteja cada vez mais alinhada aos seus princípios, articulando o ensino, a pesquisa, a formação do estudante, a qualificação do docente, a relação com a sociedade, a participação dos parceiros e a outras dimensões acadêmicas institucionais.

A UFG segue atuando e buscando meios para levar a extensão universitária ao próximo nível. A prestação de serviços de qualidade para a sociedade, feita por uma das instituições mais respeitadas do Estado, com 61 anos de atuação, não é pouco, sobretudo quando está associada à formação dos futuros profissionais e pesquisadores. Ademais, saber que esse movimento contribui para que os envolvidos exerçam plenamente sua condição de cidadãos é gratificante. E isso ocorre tanto com quem se beneficia de uma ação ou projeto de extensão quanto com quem a executa. Afinal, além de prover ensino, pesquisa, extensão e de formar os melhores profissionais para o mercado de trabalho, a UFG tem o compromisso de contribuir para o desenvolvimento de cidadãos comprometidos com a melhoria da sociedade – e isso tem uma relação direta com a extensão universitária.

*Luana Cássia Miranda Ribeiro é pró-reitora de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Goiás (UFG). Artigo originalmente publicado no Jornal Opção.

 O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom UFG

Categorias: artigo