As equipes de Neurocirurgia e Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da UFG, vinculado à Rede Ebserh, realizaram na última quarta-feira (18/05) uma cirurgia minimamente invasiva para a ressecção de um tumor benigno, localizado na parte interna do nariz de um paciente, que chegou a invadir a base do crânio após apresentar um crescimento exagerado. A técnica, denominada Cirurgia Endoscópica Endonasal, proporciona um tratamento menos invasivo para o paciente, pois não há cortes e não há manipulação do tecido cerebral.

“Essa é uma técnica cirúrgica inovadora e minimamente invasiva, realizada através do nariz, em que por meio de um endoscópio associado a uma câmera e a uma fonte de luz conseguimos acessar as posições centrais da base do crânio. É muito eficiente no tratamento dos Tumores da Hipófise, Craniofaringiomas, Meningiomas do Tubérculo Selar, Cordomas e Nasoangiofibromas, entre outros. Essa técnica evita que seja feita uma ressecção óssea aberta mais ampla ou uma retração/manipulação do cérebro do paciente, o que confere o caráter minimamente invasivo da cirurgia”, explica o neurocirurgião da equipe de Neurocirurgia do HC-UFG que realizou o procedimento, Rodrigo Cavalcante, que é especialista em Cirurgia Endoscópica Endonasal pela Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia-EUA.

Segundo o otorrinolaringologista que participou da cirurgia e coordenador da equipe de Otorrinolaringologia do HC-UFG, Leandro Azevedo Camargo, essa técnica é muito recomendada em casos como este, em que a lesão invade o nariz e o crânio. “A vantagem dessa cirurgia é que podemos evitar cortes no paciente. Antigamente, realizava-se cortes muito extensos na face do paciente. Eram cortes que podiam abranger toda a face, mas hoje, por meio do sistema de óptica, conseguimos acessar regiões bem profundas, sem cortes e com uma melhor abordagem para a cirurgia”, afirma Camargo.

A cirurgia foi realizada em um paciente de 30 anos de idade, com Nasoangiofibroma, um tumor raro e benigno, que surge no nariz e normalmente cresce muito, podendo invadir a base do crânio. “O Nasoangiofibroma é um tumor benigno, mas que estava causando obstrução nasal e sangramentos nasais recorrentes no paciente, impedindo que ele tivesse uma respiração normal. Através dessa técnica cirúrgica, nós conseguimos fazer a ressecção do tumor, sem que houvesse a manipulação ou a retração do tecido cerebral. Isso é muito importante, pois confere um pós-operatório mais tranquilo e um melhor prognóstico a longo prazo”, diz Cavalcante. 

O Hospital das Clínicas da UFG/Ebserh está entre os poucos centros especializados no mundo que realizam essa cirurgia, pois conta com equipes altamente qualificadas e com um Centro Cirúrgico moderno, equipado com equipamentos de alta tecnologia. “Centros como o nosso, que realizam em torno de 50 a 100 procedimentos desse por ano, com uma abordagem multidisciplinar, ou seja, de duas equipes cirúrgicas, e com condições de infraestrutura física e clínica modernas, são pouquíssimos, não somente no Brasil, mas em todo o mundo. Essa realmente é uma cirurgia de vanguarda que é ofertada para a população usuária do SUS”, afirma Cavalcante.

Rodrigo Cavalcante é neurocirurgião, graduado em Medicina pela UFG, mestre e doutor em Neurociências pela Universidade de Campinas (Unicamp) e Research Fellow em Cirurgia Minimamente Invasiva pela Universidade de Pittsburg-EUA. Atualmente é professor adjunto de Neurocirurgia na Universidade Federal de Goiás.

Centro Cirúrgico com estruturas física e clínica modernas

As equipes de Neurocirurgia e Otorrinolaringologia do HC-UFG/Ebserh iniciaram as cirurgias endoscópicas endonasais em 2017 e já realizaram 50 procedimentos desde então. As cirurgias foram paralisadas por um tempo e, neste ano de 2022, retomaram após a aquisição de equipamentos novos e modernos para o Centro Cirúrgico do HC.

“Atualmente, o Hospital das Clínicas da UFG vem recebendo investimentos, através do Ministério da Educação e também do Ministério da Saúde, para a aquisição de equipamentos novos e modernos, tais como equipamentos de vídeo, de endoscopia e de microscopia, que pouquíssimos centros no país possuem e isso diferencia o nosso hospital, pois aqui conseguimos realizar procedimentos cirúrgicos complexos, que outros hospitais não conseguem, especialmente na área do ensino, na formação de recursos humanos para o SUS, pois o HC-UFG forma profissionais altamente especializados e capacitados para atender a população que de fato precisa”, afirma o enfermeiro e chefe da Unidade de Bloco Cirúrgico e Processamento de Material Esterilizado do HC-UFG, Daniel Fernandes Correia Júnior.