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Universidade Federal de Goiás
Pesquisa Andris

UFG pesquisa nanotecnologia em castração não-cirúrgica de animais

Em 10/05/22 10:15. Atualizada em 10/05/22 10:44.

Professor Andris Bakuzis, do Instituto de Física, agregou a técnica de hipertermia magnética ao estudo

Luciana Santal

A partir de reuniões no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Nanobiotecnologia, o professor Andris Bakuzis, do Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás (IF/UFG), firmou uma parceria com a professora Carolina Madeira Lucci, da Universidade de Brasília (UnB). O objetivo era aplicar uma técnica semelhante a que ela tinha visto em uma palestra de Andris, em que ele apresentava resultados preliminares do uso da técnica da hipertermia magnética (HM) para tratamento oncológico em camundongos. A professora queria encontrar, por meio de alternativas nanotecnológicas, um método não-cirúrgico para castração de animais machos.

Estudada pelo professor Andris, a técnica de magnetohipertermia, que utiliza nanopartículas magnéticas na forma de um fluido magnético, conseguiu ser aplicada à castração de animais e a inovação foi patenteada em 2020. Ele explica que a patente é uma parceria entre pesquisadores e alunos da UFG e da UnB. “Nós da UFG tivemos papel fundamental no desenvolvimento da técnica e na síntese do nanomaterial para essa aplicação. Sem nossa experiência prévia para o tratamento de tumores, é possível que o projeto não conseguisse obter resultados promissores tão rapidamente”, ressaltou. As primeiras análises já estão disponíveis no periódico internacional Pharmaceutics e Andris figura como coautor do artigo publicado.

Pesquisa Andris
Imagem: Reprodução/Pharmaceutics

O procedimento consiste na injeção de nanopartículas de óxido de ferro no testículo do animal, que deve estar sedado. A partir daí, podem ser adotadas duas técnicas de esterilização: por meio da aplicação de um campo magnético (magnetohipertermia) ou de uma luz de LED (fotohipertermia). No caso da magnetohipertermia, o campo magnético externo é aplicado na região dos testículos e as nanopartículas injetadas geram calor apenas no local da aplicação. Já na fotohipertermia, utiliza-se um LED infravermelho para que as nanopartículas transformem a luz em calor e promovam a esterilização. Nos dois procedimentos, a temperatura chega aos 45 graus, aproximadamente, e não causa queimaduras nos animais. Os processos duram em torno de 20 minutos, período no qual o animal permanece sedado. (Veja mais informações aqui.)

Fomento à pesquisa

Algumas importantes etapas da pesquisa, intitulada “Alternativas nanotecnológicas para a castração não cirúrgica de animais machos”, foram realizadas na UFG. Os estudos in vivo com a técnica de HM foram todos realizados no Instituto de Física, enquanto a avaliação dos efeitos biológicos ficou a cargo da UnB. De acordo com o professor, essa técnica foi sugerida em 1957 para tratamento de câncer, mas até hoje sua aplicação in vivo demanda uma infraestrutura específica e conhecimento técnico. “HM é o fenômeno de geração de calor produzido por nanopartículas magnéticas quando submetidas a campo magnético alternado. Este efeito acontece em condições experimentais bem particulares e depende de parâmetros externos, controlados pelo equipamento, como frequência e amplitude de campo magnético AC; e de parâmetros intrínsecos, associados às propriedades das nanopartículas, como dimensão da nanopartícula e composição do material”, detalhou Andris. 

Para montar o Laboratório de Medicina Térmica do IF-UFG, onde os estudos são realizados, foi preciso recorrer a importantes financiamentos das agências de fomento. Andris acrescenta que uma parte desses recursos foi aprovada quando ele coordenou a Rede de Terapias Inovadoras Aplicadas à Nanomedicina, que contou com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Goiás (Fapeg). 

O professor enfatiza a importância que o financiamento contínuo tem para a pesquisa científica, fundamental ou aplicada. “Foi por meio desse recurso que conseguimos colocar em prática nosso conhecimento anterior nesse importante problema de saúde pública. Esse é mais um exemplo de que o investimento em ciência é fundamental para o futuro da sociedade. A pesquisa e o conhecimento gerados não são lineares. Muitas vezes, não temos ideia da relevância de um determinado conhecimento específico, mas com o tempo, utilizamos essa informação e tecnologia em problemas não imaginados anteriormente. É fundamental que a sociedade perceba a importância de se investir em ciência básica e aplicada. São pessoas com perfis muito específicos que terão maior chance de resolver os problemas mais difíceis e fundamentais para a sociedade”, defendeu.

Os primeiros testes com gatos já foram realizados na primeira semana de maio. O próximo passo será adequar a técnica para cães de diversas raças. E se alguém que leu esse texto pensou na possibilidade de a técnica ser aplicada como uma substituição da vasectomia, o professor Andris responde: no caso de humanos, é possível que a técnica não seja desejada. Isso porque o resultado em ratos mostrou uma perda de libido nos animais. O mesmo comportamento é esperado para cães e gatos, mas em humanos, essa provavelmente não é uma característica de interesse da maior parte das pessoas.

Fonte: Secom UFG

Categorias: destaque IF Saúde Tecnologia