Entrevista completa Tânia Rezende
É comum termos problemas de comunicação mesmo quando ela é feita pessoalmente. Com as redes sociais isso tornou-se ainda mais comum?
As práticas de linguagem são práticas políticas prenhes de ideologias. Ao falar, expressamos nossas ideologias e nossas posturas políticas, tendo ou não consciência disso. Muitos conflitos e desentendimentos sociointeracionais decorrem de confrontos políticos e ideológicos diferentes. Há, por outro lado, problemas de comunicação, como os desencontros de entendimento na interpretação dos enunciados, os mal-entendidos. Esses problemas de comunicação e de interação são comuns, mas não são naturais e não podem ser naturalizados. Não pode também ser naturalizado que os mal entendidos sejam geradores de desentendimentos e de conflitos sociointeracionais nem que justifiquem insultos. As diferenças existem, porque o mundo é diverso e as pessoas são diferentes, pensam, sentem e agem diferentemente no mundo.
Nas sociedades colonizadas, como o Brasil, grande parte dos desencontros sociointeracionais decorre da mentalidade (percepções, subjetividades, consciência) construída historicamente sob as bases fundantes do capitalismo: colonialismo, escravagismo e patriarcalismo; e dos projetos de construção dos estados-nação e estados nacionais, ancorados nas ideologias sustentadoras do projeto de unidade nacional: monolinguismo, monoculturalismo, monoepistemicismo, monoteísmo. O atual modelo de capitalismo, o neoliberalismo, vem reconfigurando e acentuando essas ideologias. O Brasil, apesar disso, é um país plural (plurilíngue, pluricultural, pluriepistêmico) e as políticas monolinguísticas do Estado geram políticas públicas mono- (monolíngues, monoculturais, monoepistêmicas), por isso, injustas e opressoras.
Um Estado de direito nem sempre é um Estado de políticas de garantia dos direitos. A realidade brasileira é a diversidade, muitos(as) e diversos(as) brasileiros(as), além de pessoas de outras nacionalidades convivem e interagem, com suas diferenças, no território nacional. Devido às ideologias que nos atravessam, em nossas interações cotidianas, tendemos a eliminar qualquer possibilidade de existência da pluralidade. Interagimos com as pessoas a nossa volta como se pertencêssemos todos(as) a uma única e mesma comunidade, a uma única e mesma rede sociointeracional. Cada pessoa, individualmente, vive e interage como se seu mundo fosse o mundo. Ignoramos que línguas, culturas e epistemologias diferentes significam interpretação e entendimento diferentes de mundo, modos diferentes de estar e de se relacionar com o mundo. Nós temos muita dificuldade de lidar com a diversidade, com as diferenças, devido aos processos de construção de nossas consciências e subjetividades. O respeito e a aceitação à diferença, muito mais propagados desde 1948, são seletivos e excludentes, têm uma direção determinada e mantêm a construção histórica de rejeição e discriminação dos grupos socioculturais subalternizados pela colonialidade e se estendem a estrangeiros(as), como os(as) imigrantes forçados(as) ou refugiados(as), também subalternizados(as).
Em resumo, dessa perspectiva teórica e ideológica da discussão, os mal entendidos e os conflitos que acontecem, com frequência, nas interações sociais, são comuns e são passíveis de compreensão, ainda que não justifiquem os insultos e as ofensas que deles decorrem.
O que quero dizer e mostrar, da perspectiva da Sociolinguística, é que o Estado, o responsável legal por proteger a dignidade humana e a vida de todas as pessoas, independentemente de suas vinculações e filiações ideológicas e socioculturais, tem sido responsável pela manutenção das bases fundadoras e sustentadoras dos conflitos sociointeracionais. A “pessoa raivosa” não é raivosa individualmente nem por sua livre e individual decisão, mas não é, pelo menos nem sempre é, uma “pessoa doente” e, por isso, deve ser responsabilizada por seus atos. Não há justificativa para a intolerância e o preconceito que fundamentam as violências linguísticas. Entretanto, o Estado também deve ser responsabilizado e cobrado a rever suas políticas injustas e as injustiças que são cometidas em nome do cumprimento da lei e das normas. Trata-se de uma problematização, de abordar o problema em sua complexidade.
Com relação ao papel das redes sociais nos conflitos de interação, é evidente que as mídias sociais potencializaram os conflitos de interação e a comunicação violenta. Elas tornaram público e muito mais visível o que existe há séculos no mundo em termos de manifestação e da vivência da violência pela linguagem, tornando possível enxergar a complexidade do problema. A revista científica Social Science Research Network publicou o resultado da pesquisa realizada por dois pesquisadores alemães, Carlo Schwarz e Karsten Müller, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, sobre a relação entre as mídias sociais e a propagação dos discursos de ódio a imigrantes em refúgio na Alemanha. A conclusão dos pesquisadores é que “nos municípios onde o uso do Facebook é maior que a média, houve proporcionalmente mais ataques contra migrantes”. Assim, para os pesquisadores, as “mídias sociais podem funcionar como mecanismo de propagação entre o discurso de ódio online e crimes” contra esses grupos. Pessoas violentas são violentas em qualquer ambiente e algumas situações estimulam o comportamento agressivo. As razões e os alvos das violências não são simples, ainda que parte deles possa ser historicizada.
Inicialmente, as mídias sociais criaram uma espécie de “efeito de acumulação”, semelhante à relação entre a temperatura do ambiente e a sensação térmica das pessoas no ambiente. Isso serviu de estímulo, mas não criou a prática da comunicação violenta na internet. Por isso, é importante avaliar a questão em sua complexidade para não atribuir às redes sociais uma responsabilidade que é de quem administra e usa o ambiente virtual como canal de comunicação, de informação e de interação social, e como mercado. As redes sociais potencializaram os problemas de comunicação e de interação, sem dúvida, sobretudo com respeito à comunicação violenta e ao discurso de ódio. Então, é fundamental levantar alguns questionamentos: os problemas aumentaram para quem? Foram potencializados em que sentido para quais grupos? Os discursos de ódio e a comunicação violenta sempre foram usados com o objetivo de atingir a dignidade de indivíduos e grupos ou de exposição pública ou historicamente vulnerabilizados.
Sempre houve assimetria profunda de poder no controle do acesso aos meios de comunicação de massa. Um grupo, que detinha o poder, falava e atingia outro(s) grupo(s), que não tinha(m) acesso com igualdade de direito aos meios de comunicação. A voz do poder, única e soberana, propagava seus discursos e construía efeitos de verdade, que não poderiam ser tensionados, tornando-se verdades únicas. Não havia possibilidade de luta sociodiscursiva na disputa pelo espaço de construção dos efeitos de verdade. Com a popularização da internet e, principalmente, dos aparelhos de celular, ainda que estejamos longe de uma difusão democrática e inclusiva, esse quadro foi mudando. O(s) grupo(s) atingido(s) começaram a reagir e a se defender, entrando nas narrativas, travando lutas sociodiscursivas e disputando os espaços de fala e tensionando os efeitos de verdade. Os grupos e coletivos sociais organizados, com a viralização de postagens, começaram a participar da tecelagem da malha infossociodiscursiva da verdade. Para isso, esses grupos silenciados pela negação do espaço de fala, e que antes pareciam silenciosos, passaram a travar verdadeiros embates nas redes sociais. Esses grupos insurgiram e construíram nas redes sociais seu espaço de enunciação contra a hegemonia vigente nos espaços convencionais que lhes eram negados. Essa polifonia, tecida com milhões de diferentes vozes ideológicas (Volóchinov, 2017), vem criando o que é entendido pelo poder constituído como problemas de comunicação e de interação. Ao mesmo tempo, esses grupos continuam sendo alvos da comunicação violenta e dos discursos de ódio, agora também nesse mesmo espaço onde foi construído seu lócus de enunciação.
Evidentemente, nos embates durante as tessituras dessas malhas infossociodiscursivas polifônicas, ocorrem extremos e imposturas, ferem-se a ética, por todos os grupos envolvidos. Nem todas as pessoas engajadas têm formação e maturidade teórico-políticas suficientes para enfrentar os debates. Perde-se, frequentemente, o limite entre liberdade de expressão, defesa de opinião, insultos e ofensas. Temos de admitir, entretanto, que para muitas pessoas, a violência e o ódio na comunicação e na interação fazem parte de suas posturas políticas e de seus posicionamentos ideológicos. O povo brasileiro (isso se aplica, por diferentes motivações, a todos os povos, vimos o caso da Alemanha) ainda não superou as bases da formação social, histórica e econômica do Brasil. Os insultos de agora são ainda a reverberação dos insultos do passado em direção aos mesmos alvos, pelos mesmos sentimentos de ódio, com o propósito de atacar a dignidade da pessoa insultada, inferiorizando-a, humilhando-a, silenciando-a.
Outro fator, não menos preocupante, é que as pessoas se comportam na internet como se o ciberespaço fosse desprovido de regras, como se fosse o lugar de realização de todas as vontades contidas, sem nenhuma preocupação com as normas de conduta, ou seja, a rede é vista como uma “terra sem lei”. Os bots, robôs, são típicos “foras da lei”, mas não tratarei desse aspecto, nesta discussão, somente me deterei nas condutas humanas robotizadas. Nesse sentido, as redes sociais potencializaram, sim, a falta de ética e a violência na comunicação. É importante, portanto, informar que os problemas de comunicação e de interação, decorrentes de ofensas por discriminação e preconceito, de qualquer ordem, não devem ser tolerados. No Brasil, discriminação e preconceito são crimes com pena prevista em lei (Lei n. 7.716, de 5 de janeiro de 1989).
Qual o efeito disso para a sociedade?
Os efeitos para a sociedade são os mesmos de sempre, desde que a sociedade começou a entrar em contato com as diferenças interculturais, sob o signo da violência para a dominação: a construção da inimizade, com desentendimentos, conflitos de comunicação e de interação social. O que temos de entender é que o insulto e a “fofoca”, assim como seus efeitos, são antigos, vêm de rodas de amigos(as), das reuniões de famílias, das portas das igrejas, das quermesses, de todos os eventos sociais, requintados ou não. Foram potencializados com o rádio, depois com a televisão e, agora, mais ainda, com a internet. Cada vez que há democratização do uso da voz e da produção de informações, os donos do capital se reinventam e retomam o comando. Com as redes sociais, temos os robôs e a disseminação de fake news. Essa “política de inimizade” (Mbembe, 2011) leva à destruição moral e à morte (vejam o caso do suicídio de Plínio Alexandre Zalewski, em Porto Alegre, em 2016). Em casos menos extremos, ocorrem adoecimentos progressivos, que também podem levar à morte. O que está acontecendo com a intelectual e ativista política indígena Célia Xakriabá, neste momento, é um caso sério de crime contra a honra da pessoa, por meio das redes sociais, e está causando, dentre outros, danos emocionais à vítima. Os ataques diretos à dignidade das pessoas, em redes sociais, visando à autopromoção de quem pratica com a desqualificação moral de quem é atacado(a), com palavras, expressões, enunciados e tonalidades discursivas violentas, também adoecem. A política da inimizade é adoecedora e letal.
Avalia que a pandemia piorou a comunicação entre as pessoas?
A pandemia piorou a vida social, em todos os aspectos, porque estabeleceu uma norma de convívio social, nem sempre possível para muitas pessoas e muitos grupos, por diferentes razões. Para evitar o contágio pelo coronavírus, há a exigência vital do distanciamento físico entre as pessoas, a permanência em casa (#FiqueEmCasa) e com determinados hábitos de higiene. Essas regras limitam a mobilidade e o convívio social interpessoal. Para muitas pessoas e para mitos grupos sociais, são normas difíceis e até impossíveis de serem observadas e seguidas por falta de condições mínimas e básicas de sobrevivência. Essas pessoas ficam expostas a maior risco de contágio, de adoecimento e de morte. Para muitas pessoas que podem cumprir com as normas, em condições materiais ou inseguras ou mais confortáveis de sobrevivência, a convivência interpessoal está se mostrando insustentável. A OMS e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Brasil têm demonstrado preocupação com o aumento de denúncias de violência doméstica e familiar contra as mulheres desde o início da pandemia do coronavírus. Além de tudo isso, por conta do distanciamento físico, a pandemia estabeleceu um modo e um meio de comunicação, de interação social, de trabalho e prestação de serviço para uma grande parcela da população: o remoto. Uma nova modalidade de vida que se implementa, em meio a uma crise sanitária e a sérias crises políticas. Um novo modo do viver, a se aprender e a se adaptar, em estado de medo. Temos medo das pessoas, da proximidade com as pessoas, temos medo do que as pessoas representam, do que elas são e do que elas dizem. Temos medo de adoecer, de morrer. Temos medo do óbvio, que deixa de ser óbvio. Negamos a verdade. Todo esse afetamento é descarregado no meio virtual, nas redes sociais, por quem tem acesso e para quem este está sendo o principal meio de comunicação e de interação social. Há muitas pessoas que, ao contrário, estão fazendo das redes sociais um meio de compartilhamento de afeto para amenizar as dores e os sofrimentos, há muitas redes de solidariedade.
Em meio a toda essa turbulência de emoções, considerando que somos diversos(as) e diferentes e que, em nossas diferenças, os modos do dizer, com os diversos efeitos de verdade em disputa, entram em ação e em atuação com muito maior potência. Agrava ainda mais o fato de que, no Brasil, existe uma voz soberana enunciadora da verdade que se quer única. A voz do Estado. Essa verdade se torna a enunciação de uma política de morte (Mbembe, 2018), nesse momento de morte, em que a luta é pela vida e pela sobrevivência e em que há inúmeras redes de solidariedade lutando em prol da vida, construindo políticas de vida (Esposito, 2000). A necropolítica e a política da inimizade declaradas pelo Estado soberano ficaram escancaradas e são apoiadas por significativas parcelas da população e combatidas por outras parcelas. A seleção darwinista das espécies, aprimorada pelos critérios de validade de existência do neoliberalismo, é legitimada e legitima práticas necrolinguísticas (Lima; Rezende, 2020), em que grupos socialmente vulnerabilizados são os alvos, são os corpos eleitos para serem deixados para morrer. Não há recursos suficientes para todas as pessoas que carecem de atendimento médico e começa, rapidamente, o estabelecimento de critérios de seleção e, com a mesma rapidez, esses critérios são naturalizados. Nesse movimento, as práticas necrolinguísticas ganham força nas redes sociais. Como se sente uma pessoa idosa ou uma pessoa não idosa com comorbidade, ao ouvir que um jovem saudável tem prioridade no atendimento, no leito, na UTI, para receber respiradores etc., porque tem mais futuro, é mais aproveitável?
Há ações que podemos tomar para evitar as dificuldades na comunicação? Por exemplo, cuidados que podem ser adquiridos como hábitos?
Sem uma séria e honesta promoção de letramento digital massificado fica muito difícil o sucesso de qualquer ação no combate às tramas da comunicação nas redes sociais. O que podemos fazer para minimizar é um trabalho vigoroso e sério de letramento digital e de conscientização a respeito dos danos que a comunicação violenta e os discursos de ódio causam nas pessoas atingidas, mostrando que os alvos são sempre os mesmos ao longo da história e que o objetivo é atingir a dignidade humana, é humilhar, inferiorizar e silenciar as pessoas. Ademais, é fundamental a responsabilização dos(as) agressores(as). Temos de ter consciência de que quando os insultos nas redes sociais têm o objetivo de incitar a violência coletiva contra um indivíduo ou um grupo o resultado pode ser desastroso e isso deve ser evitado com a constante responsabilização dos(as) atores e atrizes por tais manifestações de ódio. Podemos ainda ir adquirindo cotidianamente “o constante cuidado com o dizer”, em seus menores detalhes, como muito sabiamente nos ensina o intelectual A’uwẽ Jacinto Tsororawe. É ter sempre o cuidado de escolher as palavras, expressões e enunciados que não ferem a dignidade das pessoas, ter cuidado com a tonalidade discursiva do enunciado, que é diferente de tom ou timbre de voz e, ao ouvir ou ler um comentário, procurar pensar nas diferentes possibilidades de interpretação e não se fechar na interpretação única de um só frame de entendimento, afinal, vivemos em um país e em um mundo plurais. Não temos de ser monoglotas, porque o sistema-mundo foi projetado para que algumas pessoas sejam mono-. Agredir a dignidade de uma pessoa para lacrar nas redes pode resultar em alguns likes para quem lacra, um efeito passageiro, e em muito sofrimento para a vítima, um efeito duradouro. Não vale a pena.
E se o problema já ocorreu? O que fazer quando percebemos que incorremos em uma violência linguística?
Em geral, a violência linguística acontece em relações sociais com algum tipo de assimetria de poder. A pessoa que violenta se sente superior e quer diminuir a outra pessoa, quer mostrar que é superior ou quer tirar dela algum poder, se ela tiver. Em outras palavras, quem violenta quer mostrar à pessoa violentada qual é o seu lugar no mundo. Nesse caso, pouco será feito. Não haverá reconhecimento de responsabilidade e não haverá reparação, como, por exemplo, um pedido de desculpa. Entretanto, a única forma de reparar é reconhecer a violência, assumir a responsabilidade pelo ato e que estamos todos(as) em processo de aprendizagem de como lidar uns(umas) com os(as) outros(as) em um mundo que se transforma tão rapidamente, e apresentar uma reparação. A pessoa violentada pode se sentir melhor, respeitada.
Por que as pessoas são tão violentas em suas comunicações na internet?
O comportamento sociolinguístico é muito complexo, é arriscado determinar as razões que levam as pessoas a serem violentas em suas comunicações na internet. O que temos até o momento são algumas hipóteses com base nos enunciados responsivos aos necroenunciados oficiais, ou seja, os comandos enunciativos do Estado. Circulam nas redes sociais postagens sobre o fato de a morte estar sendo naturalizada, o que demonstra falta de empatia. Os mesmos perfis, no nosso grupo de acompanhamento, há algum tempo, compartilhavam postagens enunciando que “bandido bom é bandido morto” e postagens similares. No contexto desta discussão, a morte dos grupos subalternizados pela colonização e pelo imperialismo, os corpos discriminados pela sociedade e os corpos rejeitados pelo capitalismo neoliberal, sempre foi naturalizada, a empatia e a compaixão sempre foram seletivas. O que que ocorre é que esses sentimentos estão escancarados, aumentando a naturalização também do dizer sobre o assunto. Há uma autorização e uma legitimação da violência. As pessoas se sentem seguras, pois não correm o risco, ao serem violentas, de sofrer um revide direito, ela pode violentar e sair, por exemplo, e não tem o risco de uma reação física. Além do mais, já mencionei, o ciberespaço é um “mar aberto, sem dono e sem lei”, onde tudo pode. O documentário “O dilema das redes”, da Netflix, faz sérios e importantes alertas nesse sentido, com relação à desinformação, à má informação, dentre outros problemas, e predisposição para a violência. As redes sociais estimulam a violências, expondo postagens de atos violentos e discursos de ódio. A comunicação violenta e o discurso de ódio se tornaram produtos de alta demanda nas redes sociais, porque há esse interesse pela violência, que pode ser visto também no cinema. Se ser violento(a) é mais atrativo e põe o perfil em maior evidência, então, que assim seja. As pessoas com necessidade de visibilidade pagam o preço, lamentavelmente.
Bibliografia citada e sugerida:
ESPOSITO, Roberto. El dispositivo de la persona. Manantial. Buenos Aires, 2000.
LIMA, Hildomar José de; REZENDE, Tânia Ferreira. O(A) surdo(a) em terras euro-ouvintistas: corpos e línguas na trama colonial. In: FARIA, Juliana Guimarães; REZENDE, Tânia Ferreira (Org.). Expressões Sinalizadas. vol. 2, Goiânia: Cegraf, 2021 (no prelo).
MBEMBE, Achille. Políticas da inimizade. Tradução Marta Lança. Lisboa-PT: Antígona, 2017.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Tradução de Renata Santini. São Paulo: N1 Edições, 2018.
VOLÓCHINOV, Valentin (Círculo de Bakhtin). Marxismo e filosofia da linguagem – problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução: Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017.