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Universidade Federal de Goiás
Editorial

Fake news matam

Em 19/04/18 09:27.

Confira o editorial da edição 94 do Jornal UFG

Magno Medeiros é secretário de Comunicação da UFG e professor da FIC

Fake news têm assassinado pessoas e reputações há milênios. O general Marco Antônio, por exemplo, suicidou-se em 30 a.C. após receber a falsa notícia de que a sua esposa Cleópatra havia morrido. Era mentira. Em diferentes momentos históricos, temos assistido à proliferação de informações enganosas e odiosas, cujo objetivo central é destruir a honra e/ ou a vida de inimigos políticos e comerciais. Ou seja, forjar narrativas de ódio visando neutralizar o outro.

Nos tempos atuais, as fake news multiplicam-se em razão do bombardeio informativo propiciado pela internet. Ocultados em perfis falsos, os perpetradores do discurso de ódio e irradiadores de boatos atacam pessoas e grupos sociais, especialmente negros, mulheres, imigrantes, nordestinos, comunidade LGBT, etc. O cenário tende a se acirrar com as eleições de 2018, quando se trava "sangrenta" guerra simbólica pelo poder.

O que fazer para combater as fake news? A questão é complexa e envolve um conjunto de ações articuladas. Inicialmente, é preciso criar empreendimentos de checagem de dados (fact-checking) e de produção de desmentidos (debunking). Recente levantamento do Duke Reporter’s Lab mapeou cerca de 150 organizações de checagem de dados em diferentes países. É pouco, especialmente porque se trava uma difícil guerra contra os bots, robôs que espalham notícias falsas na internet e reproduzem cliques automatizados nas redes sociais. No Brasil, Aos Fatos e Lupa são exemplos promissores de organizações de fact-checking.

Alguns países da Europa estão aprimorando a legislação com vistas a inibir o chamado ecossistema de desinformação. A Alemanha criou uma lei denominada NetzDG com o objetivo de excluir conteúdos ofensivos e ilegais na internet. Grandes corporações como Facebook, Google e Twitter são obrigadas, por força de lei, a criar dispositivos para bloquear conteúdos e usuários infratores. Essa lei parece ser uma espada de dois gumes: por um lado, contribui para inibir o discurso de ódio; por outro, joga a responsabilidade nas megaempresas que, a seu critério, decidem o que é ou não é ofensivo e ilegal.

O sujeito deve estar atento às seguintes dicas: sempre pesquisar a fonte da notícia; verificar o autor da informação; ver a data da postagem; avaliar o grau de preconceito capaz de afetar o seu julgamento; estar atento ao conteúdo e não apenas ao título; diversificar as fontes de informação; atentar-se as conteúdo eventualmente satíricos ou irônicos; consultar especialistas ou profissionais de credibilidade em determinada área do conhecimento. Enfim, nunca compartilhar ou reproduzir postagens que tenham conteúdo suspeito ou ofensivo.

Fonte: Secom/UFG

Categorias: editorial Edição 94