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Universidade Federal de Goiás
Painel Econômico

PAINEL ECONÔMICO

Em 25/01/19 15:12.

Inflação de 2018 fica dentro da meta do Banco Central

O IBGE apresentou os números fechados da inflação de 2018, medida pelo IPCA, e o resultado ficou em 3,75% no acumulado do ano, cumprindo, portanto, a meta estabelecida de 4,5% a.a pelo Conselho Monetário Nacional – CMN e perseguida pelo Banco Central – BC. Desconsiderando-se os seus limites inferior e superior nos 20 anos em que sistema de metas de inflação vigora no Brasil, o IPCA fechou dentro da meta em apenas outras cinco ocasiões: nos anos 2000, 2006, 2007, 2009 e 2017. Por outro lado, a meta de inflação foi estourada nos anos de 2001, 2002, 2003, 2015 e 2017.

Entre 2001 e 2003, as Cartas Abertas emitidas pelo BC apontaram a depreciação cambial como principal causa do descumprimento da meta de inflação, decorrente, em 2001, da crise argentina e dos ataques terroristas às torres gêmeas nos EUA e, em 2002 e 2003, pela retração dos fluxos de capital para o país e a consequente deterioração das expectativas oriunda desses eventos. Em 2015, o repasse cambial também aparece na Carta Aberta, mas a razão central apontada pelo BC para o aumento da inflação foi o realinhamento dos preços administrados em relação aos preços livres, com destaque para as elevações dos preços dos combustíveis e da energia elétrica.

Em relação ao ano de 2017, o motivo do descumprimento da meta de inflação apontado pelo BC não foi o estouro do limite superior inflação e sim do seu limite inferior. O IPCA fechou em 2,95% naquele ano e a meta era de 4,5%, podendo ter um intervalo de tolerância de 1,5% para cima ou para baixo em relação ao centro da meta e permanecendo entre 3,0% e 6,0% ao ano. Embora a deflação dos preços dos alimentos ocorrida em 2017 tenha sido apontada pelo BC como fator determinante da queda do IPCA e, portanto, do descumprimento da meta de inflação, é possível afirmar que o nível parcimonioso da atividade econômica do país contribuiu ativamente para o resultado.

Não houve necessidade de emissão de nova Carta Aberta pelo BC para explicar o resultado do IPCA de 2018, mas o nível de atividade econômica do país parece permanecer morno. Em janeiro de 2019, o IPCA-15 (prévia da inflação oficial medida pelo IPCA) registrou seu menor nível para o mês de janeiro de toda a série histórica, iniciada em janeiro de 2001. Além disso, o nível de ociosidade das empresas está muito alto, a taxa de desocupação no país continua elevada e os empregos gerados têm apresentado remuneração e qualidade inferiores aos que foram perdidos durante a crise econômica que atingiu o país a partir de segundo semestre de 2014.

Não por acaso, o próprio presidente do BC tem afirmado que se deve analisar se a política monetária tem sido suficientemente estimulativa (vide Jornal Valor Econômico do dia 23/01/2019) e, com isso, gerado expectativas acerca de novas reduções da taxa básica de juros, Selic, que já se encontra no seu menor patamar histórico, de 6,5% ao ano.

Esses movimentos devem ser acompanhados de perto pelo estado de Goiás. Seguindo a mesma tendência nacional, o IPCA-15 do município de Goiânia atingiu 0,08% e foi também o menor índice registrado para o mês de janeiro de toda a série disponibilizada pelo IBGE a partir de 2012. Embora haja a convergência desse movimento, as informações do Instituto mostram, entretanto, que a dinâmica da economia goiana em 2018 parece ter sido pior do que a nacional nos setores de indústria, serviços e comércio. Especificamente até o mês de novembro, a economia goiana acumulou queda de 4,7% da produção industrial, ao passo que a nacional aumentou 1,5%; o volume de serviços do estado caiu 0,9% e o do Brasil 0,1%; as vendas do comércio varejista em Goiás, por sua vez, não tiveram nenhuma variação, enquanto as nacionais aumentaram 2,5%.

Se para a economia nacional como um todo ainda restam dúvidas de que a política monetária deve ser mais estimulativa, caso a análise levasse em conta apenas a economia goiana, tais dúvidas certamente não existiriam.

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás - N. 105/janeiro de 2019. Equipe responsável: prof. Dr. Edson Roberto Vieira, prof. Dr. Antônio Marcos de Queiroz.

Fonte: Secom/UFG

Categorias: colunistas