Pesquisa da UFG indica adaptação do vírus Mayaro ao meio urbano
“Primo” da Chigungunya pode estar sendo transmitido pelo mosquito Aedes aegypt
Mariza Fernandes
Pesquisadores do Projeto Quantizika Humana, desenvolvido por docentes de várias unidades da Universidade Federal de Goiás (UFG), descobriram que o vírus Mayaro, antes verificado apenas em ambientes silvestres, como florestas e matas fechadas, pode estar se adaptando ao meio urbano. Após analisar amostras sanguíneas de pessoas que apresentavam sinais ou sintomas semelhantes aos causados pela dengue, os pesquisadores identificaram o vírus em vários pacientes atendidos em Unidade de Pronto Atendimento de Goiânia.
O Mayaro é um vírus da mesma família que o Chigungunya, por isso eles são chamados de “primos”. As doenças causadas pelos dois também são semelhantes. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça, diarreia, manchas vermelhas pelo corpo e dor nas articulações, o que também faz com que os casos sejam confundidos com dengue. Em vítimas mais graves do Mayaro, as dores podem durar até mais de ano.
Estudos anteriores indicavam que o vírus é transmitido pelo mesmo mosquito que transmite a febre amarela, o mosquito Haemagogus, encontrado em ambientes rurais e, mais comumente, na região amazônica. Agora, os pesquisadores da UFG identificaram o vírus em pacientes residentes em área urbana de Goiânia e, em alguns desses casos, existia a co-infecção com o vírus da dengue.
Projeto Quantizika Humana
O Projeto Quantizika da UFG teve início em 2016, quando um grupo de pesquisadores composto por professores das áreas de biologia molecular e genética, epidemiologista e médico sanitarista, selecionaram pacientes que apresentavam sintomas semelhantes a dengue, inicialmente com a finalidade de rastrear aqueles que pudessem apresentar infecção pelo vírus da Zika.
Durante o rastreamento molecular, e por meio de técnica própria desenvolvida na pesquisa, foram identificados também casos de infecção pelo vírus Mayaro. A pesquisa é financiada pela FINEP (Financiadora de Inovação e Pesquisa) e o projeto foi selecionado na Chamada Pública Edital MCTI/FINEP/FNDCT 01/2016- Zika. O projeto também conta com a colaboração do pesquisador Giovanni Rezza do Instituto Superiore di Sanità (Itália). No período de fevereiro a junho de 2018, foram coletadas amostras sanguíneas de mais de 400 pessoas pela equipe de campo do projeto, pela professora Sandra Brunini, enfermeira epidemiologista do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem e responsável pelo projeto junto ao Comitê de Ética, com apoio técnico e logístico da Unidade de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia.
As amostras sanguíneas seguiram para o Laboratório de Biologia Molecular e Citogenética do Instituto de Ciências Biológicas da UFG (ICB), onde o sangue foi processado e analisado por meio de uma técnica chamada PCR - Reação de Polimerase em Cadeia, sob a responsabilidade da professora Elisângela de Paula Silveira-Lacerda, coordenadora técnica do Projeto e gestora junto à FINEP, e pelo professor Carlos Eduardo Anunciação, responsável pelo desenvolvimento de um primer (instrumento de pesquisa) específico, capaz de detectar partículas virais do vírus Mayaro nessas amostras.
A equipe do Quantizika também é composta pelo professor Marco Túlio Zapata, médico sanitarista, especialista em doenças do viajante, professor do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG (IPTSP) e coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa com Agentes (Re) emergentes de interesse sanitário (NUPEREME).
Fonte: Secom UFG
Categorias: Saúde