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Universidade Federal de Goiás
máscaras

15 de maio: Dia Nacional de Controle da Infecção Hospitalar

Em 14/05/20 16:16.

Saiba mais sobre as práticas recomendadas para a prevenção e controle das infecções hospitalares

Leia a entrevista com a equipe do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (SCIRAS) do HC e saiba mais sobre as práticas recomendadas para a prevenção e controle das infecções hospitalares.

A data foi instituída pela Lei nº 11.723, de 23 de junho de 2008 e objetiva a conscientização de autoridades sanitárias, diretores de instituições e trabalhadores de saúde sobre a importância do controle das infecções, buscando enfatizar e fortalecer as práticas recomendadas para a prevenção e controle deste agravo, que interfere na segurança do paciente.

Para entender melhor o tema, leia a entrevista com a Equipe do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à Assistência à saúde (SCIRAS) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

O que é a infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS), antes chamada de infecção hospitalar, e como ela pode se manifestar?

Para entendermos melhor é importante dizer que, no âmbito da assistência à saúde, utilizamos duas definições: infecção comunitária e IRAS. A infecção comunitária é aquela doença que o paciente já chega ao serviço de saúde e verifica-se a presença de sinais e sintomas. Já as IRAS são aquelas adquiridas após a admissão do paciente e que se manifestam durante a internação ou após a alta. Está relacionada aos cuidados e procedimentos aos quais o paciente foi submetido durante a internação. Por exemplo: alguns pacientes que foram submetidos à sondagem vesical de demora podem desenvolver uma infecção de trato urinário. Ou ainda, um paciente com cateter venoso central tem um risco de infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS).

No entanto, estas infecções não são consideradas IRAS somente se ocorreram durante a internação. Porém, há outros critérios, como o tempo e exames, para a sua definição como sendo IRAS. Por exemplo: para um paciente que fez uma cirurgia, o tempo que se pode associar uma infecção à cirurgia realizada varia de 30 a 90 dias. No caso de 90 dias, seria aquela situação em que na cirurgia foi colocado algum implante cirúrgico, muito comum em algumas especialidades (ortopedia, neurocirurgia, cirurgia cardíaca, etc.).

Estas infecções, adquiridas no hospital, podem ser causadas por microrganismos que também se encontram na comunidade. O que os difere é que alguns são de difícil tratamento, porque podem ter resistência ao antibiótico, e assim dificulta a melhora do paciente.

A OMS refere que, a cada 10 pacientes, um contrairá IRAS ao receber cuidados em serviços de saúde. Porém, estas infecções podem ser reduzidas em até 30% quando as medidas de prevenção e controle são efetivamente implementadas. E sabemos que algumas são 100% preveníveis. As IRAS, portanto, são eventos de importância para a saúde pública e é uma situação crítica, porque impacta negativamente o sistema de saúde, pois aumenta o tempo de internação e a necessidade de realização de procedimentos e tratamentos do paciente, diminui a capacidade de atendimento da população, eleva os custos e o que é mais grave: favorece o dano e a perda do paciente por óbito.

O Dia Nacional do Controle de Infecção, dia 15 de maio, é importante para enfatizar e fortalecer as práticas recomendadas para a prevenção e controle deste agravo, que interfere na segurança do paciente. Esta data relembra o ano de 1847, na Hungria, quando o médico-obstetra Ignaz P. Semmelweis, a partir das observações de como os profissionais realizavam os cuidados em saúde e o número de óbitos que aconteciam, alertou que a prática da lavagem de mãos seria importante e a instituiu como atitude obrigatória para enfermeiros e médicos. Após isso, as taxas de infecção e óbitos reduziram, sendo a primeira evidência dessa ação como fundamental para a redução e controle de infecção.

Esta medida simples de higienização das mãos foi e ainda continua sendo a ação de maior relevância para a prevenção das doenças, seja no contexto dos serviços de saúde, seja na comunidade em geral. Quando pensamos no momento atual da COVID-19, este gesto, associado a outros cuidados, faz toda a diferença entre adoecer ou não.

2. Quais são os fatores que mais favorecem a infecção relacionada à assistência à saúde e quais as melhores formas de prevenção?

Existem diversos fatores que favorecem a incidência de infecção relacionada à assistência à saúde, o que chamamos de cadeia de transmissão de agentes causadores das IRAS (os microrganismos, o paciente-hospedeiro suscetível e o ambiente de prestação de assistência à saúde). Estes podem ser relacionados à condição de saúde do paciente ou ao serviço de saúde.

Para evitá-los, é fundamental a adoção das ações de prevenção e controle, dentre as quais as precauções padrão, que são um conjunto de medidas aplicadas no atendimento de todo paciente, que inclui o uso dos equipamentos de proteção individual, a limpeza do ambiente e equipamentos, bem como a medida mais simples, com menor custo e grande eficácia, que é a higiene de mãos, que deve ser realizada antes e após o contato com o paciente e com as superfícies e objetos próximos ao paciente, e antes e após a realização de qualquer procedimento que requeira técnica asséptica, com o paciente e após o contato com fluidos corporais do paciente.

Ressalta-se que a higiene de mãos é uma medida básica que deve ser realizada não somente pela equipe de saúde, mas também pelos acompanhantes/visitantes e pelo próprio paciente, sendo esse último, antes e após usar o banheiro, fazer refeições e ao manusear objetos. Recomenda-se que o acompanhante/visitante, ao chegar no ambiente hospitalar, realize a higiene de mãos antes e após o contato com o paciente e com os objetos próximos a ele. Também atenda às orientações da equipe de saúde para que contribua para a segurança de todos.

As ações que norteiam o programa de controle de IRAS são de caráter obrigatório, conforme a Portaria 2016/1998 e outras normas complementares dos órgãos governamentais de saúde. Mas antes de tudo, são indicadores de qualidade da assistência em saúde. Entretanto, faz-se necessário esclarecer que, mesmo quando todas as condutas consideradas como padrão ouro são cumpridas, ainda assim, infelizmente, haverá pacientes que as terão, pois existem situações que não há como intervir, como por exemplo, pacientes imunossuprimidos (lúpus, câncer e etc), já que o sistema de defesa destas pessoas não está apto a responder adequadamente.

3. O seu tratamento só pode ocorrer em hospitais?

Não. O fato de serem relacionadas ao ambiente de assistência de saúde não significa que o paciente deverá permanecer internado ou fazer nova hospitalização, caso seja identificada após a alta. A condição clínica do paciente é que definirá a necessidade ou não da internação hospitalar. Então, esta conduta dependerá da avaliação do estado de saúde e da criticidade do paciente. Quando possível, a melhor alternativa é sempre fazer o tratamento em domicílio para evitar a exposição desnecessária.

4. Quais os principais grupos de risco no que se refere à infecção relacionada à assistência à saúde?

Pacientes com algum grau de imunossupressão, que permanecem internados por longo tempo, recebem antibióticos de amplo espectro, os que estão em unidades de terapia intensiva, que estão com procedimentos invasivos, bem como os que são submetidos a procedimentos cirúrgicos. Estes são os principais grupos de risco.

5. Quais as principais medidas adotadas pelo HC-UFG visando ao controle das infeções relacionadas à assistência à saúde?

O HC, em consonância com as orientações nacionais e internacionais, trabalha no sentido de trazer as melhores práticas por meio de ações que vão desde o planejamento do ambiente, aquisição de produtos para cuidado em saúde à definição de protocolos institucionais que vão de encontro às medidas gerais, como as precauções padrão, assim como as específicas, como, por exemplo, aquelas dirigidas a grupos específicos, como as unidades de terapia intensiva. Busca atualizar e capacitar a equipe de saúde. E, ainda, participar de projetos de melhoria do cuidado em saúde, a exemplo “Projeto Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil” no HC-UFG, que tem como meta reduzir 50% das IRAS em 3 anos, que é direcionado às UTIs de pacientes adultos. Outras ações que corroboram com a meta de redução das IRAS destacam-se também os protocolos do programa de segurança do paciente, os quais estabelecem as condutas para administração segura de medicamentos, cirurgia segura, entre outros.

Para finalizar, é importante dizer que a prevenção e controle dessas infecções requer um comprometimento coletivo e solidário que passa pela administração do serviço de saúde, equipe de saúde que realiza o cuidado direto ou indireto dos pacientes/usuários, bem como dos acompanhantes/visitantes. Resumindo, as ações do controle de infecção perpassam por toda a equipe de saúde, pelos gestores, por todos da instituição.

Fonte: Ascom do HC-UFG/Ebserh

Categorias: Saúde Ebserh HC