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Universidade Federal de Goiás
Documentário FIC UFG

Documentário promove reflexões sobre o trabalho no sistema prisional

Em 15/07/20 09:27. Atualizada em 16/07/20 08:49.

Realizado pelos acadêmicos de Jornalismo da UFG, a produção traz um novo olhar sobre o trabalho em complexos prisionais

Augusto Araújo

Estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) lançaram na semana passada (8/7) o documentário “Cárcere e Ofício: perspectivas sobre o trabalho no sistema prisional.” O trabalho é uma ação de extensão coordenado pelas professoras Flora Ribeiro e Rosana Borges, ambas da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC/UFG). As filmagens foram realizadas no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.

Documentário FIC UFG

A professora Flora Ribeiro explica que um dos objetivos principais do documentário é "instigar a reflexão sobre perspectivas e (re)significação do trabalho para quem está privado de liberdade”. O depoimento dos apenados traz uma perspectiva emocional a respeito do trabalho para quem está naquele meio, sendo apontadas diversas visões a respeito das atividades laborais.

A produção é vinculada ao Telelab, laboratório de extensão ligado ao curso de Jornalismo, que busca incentivar "produções extensionistas socialmente referenciadas e que também contribuem na formação audiovisual e jornalística dos/as estudantes do curso", como explica a professora Rosana Borges.

Luiz Phillipe Araújo, estudante e diretor do documentário, defende a oportunidade de se ampliar a discussão tanto pela sociedade quanto academicamente. “A segurança pública é um dos pontos em que a sociedade mais vê necessidades de melhoria, mas se você não discute pontos como 'o que fazer com o cárcere', a gente não avança”.

Ofício

Durante o documentário, é possível ver as atividades laborais as quais os apenados podem realizar, como tecelagem, marcenaria, ferragista, dentre outras. O trabalho é visto por eles como uma oportunidade de se qualificar profissionalmente para uma vida pós-cárcere, além de trazer um pouco de autonomia e fuga da rotina dentro da cela.

Documentário FIC UFG

“Nós estamos presos, mas não estamos mortos” relata um dos entrevistados, que não foram identificados por determinação da administração penitenciária. É apontado por diversos apenados que a perspectiva do trabalho aproximou suas famílias, além de trazer um retorno financeiro para as mesmas. “Se você não tiver como incentivar a pessoa a pensar ‘eu tenho uma família lá fora, eu tenho que voltar pra ela’, a pessoa endoida”, aponta outro dos entrevistados.

A experiência individual dos estudantes têm em comum o ponto da reflexão e discussão sobre o tema. Caroline Mota, que realizou algumas das entrevistas, aponta que o impacto da realização do documentário trouxe novos olhares a respeito da realidade penitenciária. "Tudo o que lemos a respeito, a prática sustenta. Um complexo prisional deve ser um lugar de ressocialização e isso tem que sair do papel". 

Thauany Melo, que ficou responsável pela produção do projeto, rebate a percepção que algumas pessoas podem ter a respeito da incapacidade do indivíduo de mudar, se reinventar, e que basta a oportunidade para que isso aconteça. "O trabalho tem um papel na reinserção do apenado na sociedade", aponta a estudante. Contudo, ela enxerga que o incentivo à educação é outra forma de também estimular a criação dessas oportunidades.

Matheus Oliveira, que ficou encarregado da cinegrafia do projeto, entende que o documentário funciona como uma “quebra de estereótipos” das pessoas privadas de liberdade. “A gente tem que lutar para não marginalizar mais pessoas que já foram marginalizadas a vida inteira, e para que o sistema prisional seja mais humano.”

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Humanidades