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Universidade Federal de Goiás
Capa Dicionário Goianês

Dicionário Goianês Avançado

Em 27/09/17 10:39. Atualizada em 03/10/17 09:01.

Aposentados da UFG publicam livro com mais de 300 expressões goianas

Goianês 2

Texto: Patrícia da Veiga

Ilustrações: Gabrielle Carneiro

“Espia só”: Armando Honório da Silva e Ismael David Nogueira, ambos servidores técnico-administrativos aposentados, no tempo em que trabalharam juntos na Universidade Federal de Goiás (UFG), de tanto “jogar conversa fora”, descobriram que são “a tampa com o balaio”. Muito “ladinos”, de pronto reconheceram um no outro as origens camponesas, o apreço pela cultura popular e o sentimento saudoso em relação ao vivido. Passaram a compor músicas caipiras, rascunhar poesias e a tomar nota do modo de falar que “está no mundo”. “Atinaram” que esse é um fazer que sempre lhes fez “dar as horas”. Foi assim que a dupla “refrescou” quatro mil palavras e 300 termos e, “condefé”, estavam organizadas em um livro eletrônico.

Termos e expressões do coloquial do cotidiano da zona rural no Brasil central no século XX (Goiânia: Gráfica UFG, 2017. 157 p.) é o título da primeira publicação virtual da Gráfica UFG, assinada por Armando e Ismael. Trata-se de um dicionário que pode ser bastante útil, sobretudo, quando dois ou mais goianos estiverem “engatados” naquela prosa afiada que ora atravessa gerações, ora fica para trás. Segundo Armando, a ideia do registro é manter a memória viva. “O que está na boca do povo vai se perdendo e nos preocupamos com isso. Muito do que ouvíamos quando jovens, não se usa mais. Por isso, o que fizemos foi uma tentativa de preservação”, comenta.

Goianês 1

Armando e Ismael passaram sete anos (de 2009 a 2016) “assuntando” e anotando termos que expressam o modo como as pessoas se relacionam umas com as outras, no trabalho, nos momentos de lazer, com a natureza, com a culinária, na religiosidade, na música etc. Para tanto, recorreram aos ouvidos, à atenção imediata e também às próprias recordações. “Não há registro sistemático dessa linguagem em lugar algum, sua fonte de pesquisa é a memória das pessoas mais antigas e as conversas casuais do cotidiano presente”, escreve Ismael, no livro.

Nesse trabalho, o olhar de Armando e Ismael para o senso comum é sensível e apurado. No processo de elaboração do dicionário, eles adotaram métodos para resgatar as palavras. Essas, ainda de acordo com o prefácio assinado por Ismael, muitas vezes “vinham à lembrança sem nem um estímulo”. Conforme explica Armando, os cadernos de campo e o diálogo constante foram os procedimentos escolhidos: “nós anotávamos tudo, andávamos com os caderninhos para todo canto e íamos relatando um para o outro o que havíamos escrito”.

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Como a própria vida

O e-book assinado pelos servidores técnico-administrativos tem um quê de biográfico. Ismael é natural de Mato Grosso. Quando menino, ele viveu com a família perto de um garimpo, de onde retirou boa parte de seu repertório. Já Armando, nascido em Minas Gerais, veio criança para morou em Pires do Rio, trabalhou em lavoura perto de Pontalina por cinco anos e em 1967 entrou para o quadro de servidores da UFG. Atualmente, mesmo aposentado desde 1994, Armando continua colaborando com a universidade, atuando nos arquivos do Departamento de Contabilidade e Finanças (DCF). Já Ismael, que se aposentou em 2017, retornou à terra natal. “O livro, na verdade, é a vida da gente”, resume Armando.

box sobre o Goianês

 

 

Livro Ismael e Armando

 

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Cultura edição 91