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Universidade Federal de Goiás
Edward e Sandra capa

Os compromissos da nova gestão

Em 07/03/18 09:23.

Reitor Edward Madureira e vice-reitora Sandramara Matias falam dos planos para a UFG nos próximos quatro anos

Edward e Sandra

Luiz Felipe Fernandes

A nova gestão da Universidade Federal de Goiás (UFG) assume com desafios que atingem as instituições públicas de ensino superior de todo o país: além dos sucessivos cortes no orçamento, um discurso de deslegitimação ameaça o modelo de universidade pública e gratuita. Apesar do cenário adverso, os professores Edward Madureira Brasil e Sandramara Matias Chaves – reitor e vice-reitora da UFG, respectivamente – afirmam o compromisso de reorganizar a estrutura da Universidade, valorizando servidores e estudantes, e de se aproximar cada vez mais da sociedade. Confira na entrevista.

Que princípios norteiam a atual gestão da UFG?

Edward Madureira – São duas linhas de ação que vão receber a maior atenção por parte da gestão. Uma delas é a reorganização interna da instituição, que atinge todas as áreas da Universidade. As mais visíveis inicialmente serão as áreas de gestão de pessoas e de assuntos estudantis. Estamos modificando a estrutura de pró-reitorias que existe hoje. Com a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, queremos colocar literalmente as pessoas no centro de todas as atividades. Entendemos que a Universidade vai avançar muito melhor se tivermos pessoas reconhecidas, valorizadas e trabalhando de maneira mais harmoniosa. Também criamos a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, que vai ter o foco nos estudantes, só que em mais vertentes. A questão da assistência estudantil é preocupante e fundamental, porque a falta de assistência estudantil contribui para o abandono dos cursos; então estamos muito preocupados com tudo o que envolve a permanência, seja no apoio acadêmico, seja no apoio à saúde mental. Também haverá uma área voltada para o protagonismo estudantil. Vemos muitas iniciativas dos estudantes na Universidade, como grupos de estudos, ligas acadêmicas, atléticas, organizações de evento, para além dos centros acadêmicos e do DCE (Diretório Central dos Estudantes), que são elementos que mobilizam e aglutinam os estudantes. Precisamos estar atentos a isso para auxiliar na medida do possível. Do ponto de vista do dia a dia da Universidade, precisamos nos preocupar mais com o planejamento em tudo o que fazemos, pois isso tem reflexo nos indicadores institucionais. Uma grande preocupação é a organização didático-pedagógica da Universidade como um todo, para conseguirmos racionalizar mais o trabalho docente e, com isso, permitir que os professores e os técnicos possam se dedicar também às outras atividades da instituição, como pesquisa, extensão, inovação e, inclusive, gestão. Que isso também seja valorizado, mas sem sobrecarga. E a outra tônica é justamente o olhar cuidadoso para a sociedade. A sociedade é quem nos mantém, é com quem devemos ter as relações mais fortes, e aí eu falo da sociedade na sua inteira complexidade. Entendo que a sociedade será fundamental na discussão sobre o futuro da Universidade, uma discussão que começa pelo papel da Universidade no país.

Sandramara Matias – Além desses dois pilares, desse olhar para dentro e desse olhar para fora, trazemos alguns princípios que para nós são fundamentais e que vão nos ajudar a alicerçar essa gestão: o diálogo, que para nós é um princípio fundamental, a participação, o trabalho em equipe, o respeito às diferenças e à diversidade que são esta Universidade e a sua composição, a valorização de todas as dimensões da UFG, substituindo o "ou" pelo "e". Nossa perspectiva é de que é possível valorizar essas diferentes dimensões da mesma forma, por exemplo: ensino e pesquisa, internacionalização e regionalização, educação presencial e educação a distância. Com o papel que a instituição tem e com a sua função social, todas essas dimensões são extremamente importantes e nós devemos valorizá-las. É possível valorizar a extensão, é possível valorizar a pesquisa, é possível valorizar a pós-graduação, a graduação, a educação a distância, a educação presencial, a internacionalização, a regionalização, sem perder de vista a importância de cada uma dessas dimensões, mas sem também secundarizar uma em detrimento de outra.

O modelo de universidade pública e gratuita vem sofrendo sucessivos ataques. A defesa da universidade pública é uma bandeira da gestão?

EM – Sem dúvida. Defendemos de forma muito convicta a universidade pública, gratuita e de qualidade, mas também de forma muito racional, ou seja, olhar também para as críticas e os questionamentos que são feitos com relação à universidade, ver aqueles que são pertinentes e os que não são e, claro, naquilo que for pertinente, estar atento para corrigir. Queremos uma instituição ágil, eficiente, mas que tenha os princípios que são os mais caros para a Universidade, que são a liberdade de pensamento, sua autonomia e sua independência. A gestão está pronta para discutir, mesmo as questões mais difíceis.

SM – Com certeza. Acreditamos que a sociedade é quem vai poder nos ajudar a fortalecer essa luta em defesa da Universidade e do sistema federal de educação superior e do papel que essas universidades têm no país, tanto no que elas expandiram quanto no que incluíram e estão incluindo. Queremos aprimorar e aperfeiçoar cada vez mais essa relação com a sociedade, para que ela nos reconheça e reconheça o nosso papel e possa nos defender e entender o papel que a Universidade tem no contexto, no caso da UFG, no estado de Goiás e na Região Centro-Oeste. Precisamos ter a sociedade do nosso lado, para que possamos fazer frente a todo esse desmonte que está sendo colocado para as universidades públicas, a todo esse discurso que está sendo construído em torno do papel das universidades públicas no país, especialmente as federais.

Nesse início de gestão foram feitas visitas às regionais da UFG. Qual a importância dessa aproximação com a realidade da instituição?

EM – Essa deve ser uma preocupação permanente, uma aproximação da Reitoria com as unidades e regionais, mas também para fortalecer a relação entre eles, entre as regionais e as unidades acadêmicas, porque a Universidade é um todo, a Universidade é um organismo que precisa trabalhar de maneira harmônica, e isso vale também para os órgãos. A distância física que temos entre a sede da administração em Goiânia e os municípios onde temos regionais ou câmpus, como no caso de Aparecida, é um fator que dificulta a integração, então temos de trabalhar na lógica de quebrar essa distância com a maior aproximação das pessoas, no dia a dia da Universidade.

SM – Essa é outra meta que colocamos desde a campanha e agora o plano de gestão também vai se pautar nisso, em uma relação bastante próxima com as regionais. Isso está sendo colocado para toda a equipe. Esse é um início de trabalho para que as regionais conheçam a nova equipe e a ideia é que as equipes, por áreas, estejam cada vez mais presentes nas regionais e tragam as regionais para participar das discussões, das decisões, dos encaminhamentos. Porque só assim nós vamos fortalecer o papel das regionais e criar uma articulação e uma proximidade que vai fortalecer a UFG cada vez mais. Nós somos Universidade Federal de Goiás e precisamos romper cada vez mais os limites entre regionais, entre unidades acadêmicas, para que possamos pensar como uma universidade grande que é hoje a UFG. O trabalho articulado, integrado, em equipe e que leve em consideração as especificidades de cada regional e de cada unida- de acadêmica, mas que também não perca de vista que a integração e a articulação dessas regionais e dessas unidades acadêmicas são fundamentais para o fortalecimento da UFG nas suas diferentes dimensões.

Que mensagem vocês deixam para os novos estudantes da UFG?

EM – Quero dizer aos nossos novos estudantes que eles chegam em uma instituição que prima pela qualidade acima de tudo, mas que tem o olhar cuidadoso para a inclusão e a permanência. E convidá-los a viverem a Universidade na sua plenitude. A Universidade é muito mais do que o lugar onde você vem assistir aulas. Universidade é o lugar onde você tem acesso à cultura, a projetos de extensão, a atividades outras que complementam toda a formação do cidadão. Queremos cada vez mais um estudante proativo e que participe, inclusive propondo soluções para o nosso cotidiano, mas que também tenha aqui um espaço de fazer a sua formação profissional na plenitude. Então teremos mais espaços de empreendedorismo e mais espaços culturais. Diversas iniciativas estão sendo pensadas e, lógico, sempre junto com outros parceiros, para que tornemos esse ambiente o mais adequado possível para a formação do cidadão.

SM – O que nós desejamos para quem está chegando são as boas-vindas e que usufruam ao máximo o que esta Universidade pode oferecer, não só no campo da formação profissional, mas de tudo o que ela pode propiciar em termos de vivências no âmbito da cultura, da extensão e da pesquisa. Porque universidade é isso, é essa diversidade de saberes, é a diversidade de pessoas que fazem a riqueza do que é um ambiente universitário. Nós temos muito o que oferecer nas diferentes regionais e eu convido os estudantes a usufruírem de todas essas possibilidades, e não só da formação técnico-científica específica, que é fundamental; mas que esse momento também seja um momento que possa ampliar horizontes e que possa trazer novas perspectivas a partir de todas as vivências que a Universidade permite.

Fonte: Ascom/UFG

Categorias: Entrevista edição 93