Paixão brasileira pelo futebol não lota estádios
Pouco profissionalismo na gestão dos clubes e na organização das partidas interfere no número de participantes, analisa pesquisa da UFG
Kharen Stecca
Que o Brasil é o país do futebol, ninguém discute. Mas por algum motivo esse amor não repercute na lotação dos estádios durante o Brasileirão, o maior campeonato do futebol brasileiro. Seja por problemas estruturais, seja por problemas organizacionais, ainda há pouco profissionalismo na gestão dos clubes e, consequentemente, na organização das partidas que são feitas com base em conhecimento empírico e pouca pesquisa. Para mostrar que com pesquisa é possível melhorar o conhecimento sobre como se dá a lotação dos estádios brasileiros, o Grupo de Pesquisa e Extensão em Marketing e Comportamento do Consumidor da Universidade Federal de Goiás (ADMKT) analisou duas mil partidas entre 2012 e 2017. Entre os achados do relatório estão o bom desempenho de público das partidas realizadas no período da manhã, e a ocupação maior no final do campeonato, exceto no caso de times que podem ser rebaixados.
Acesse aqui o estudo completo.
Para se ter uma ideia do quanto nossos estádios ainda deixam a desejar em termos de capacidade de ocupação, estima-se que a ocupação média de jogos do Flamengo e Corinthians, os dois maiores clubes do Brasil, chega a 40% durante as partidas do campeonato brasileiro, o que o deixaria em 12º lugar no mundo. Em países como Inglaterra e Alemanha a ocupação aproxima-se de 100%. Ainda há poucos estudos sobre o que determina a presença do público nos estádios brasileiros. Por isso, a iniciativa do grupo é de grande importância para a profissionalização da administração do futebol brasileiro.
O relatório, coordenado pelo professor Marcos Severo, analisou os principais clubes brasileiros: Atlético Mineiro, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, São Paulo, Santos e Vasco. Mas outros times que passaram pela primeira divisão do campeonato brasileiro também entraram na análise em diversos momentos. Segundo o professor Marcos, costuma-se avaliar apenas uma variável que é a presença total de público em partidas. Nesse relatório, para fazer a análise, foram considerados o ticket médio (média entre o ingresso mais barato e o mais caro), o percentual da demanda (relação entre ingressos colocados a venda e ingressos vendidos) e a taxa de ocupação. Os clubes foram divididos em quatro grandes grupos, pois temos 12 grandes times, que são os que tem mais títulos do campeonato brasileiro conquistados. Em outros países com campeonatos fortes há dois a três times que se destacam, como na Inglaterra e Alemanha. O principal achado foi a percepção da força das marcas Corinthians e Flamengo: partidas envolvendo os dois clubes afetam de forma simultânea e positiva todas as outras variáveis.
Confira alguns achados da pesquisa do grupo:
ADMKT
O ADMKT é o Grupo de Pesquisa e Extensão em Marketing e Comportamento do Consumidor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Fundado em 2012 pelos docentes e pesquisadores Marcos Severo e Ricardo Limongi, professores efetivos da UFG, o grupo foi criado com o objetivo de promover atividades da área de marketing realizadas no âmbito da instituição de ensino. As atividades do grupo incorporam a integração entre pesquisa e mercado. O objetivo é formar profissionais de mercado ou pesquisadores com conhecimento analítico para solucionar problemas mercadológicos de diferentes setores. O grupo operacionaliza esse objetivo por meio de eventos de integração com o mercado e parceria com empresas de diferentes portes. O ADMKT concentra-se em produzir trabalhos de pesquisa exclusivamente quantitativos, com forte apelo gerencial. Por essas razões, as temáticas abordadas nos trabalhos divulgados pelo grupo referem-se a questões de gestão de marketing, marcas, comportamento do consumidor e redes sociais. A abordagem utilizada nos problemas mercadológico/gerenciais identificados é pragmática e busca estabelecer relações de causa e efeito que possam fornecer a gestores de marketing explicações racionais para as mais variadas medidas de desempenho individual ou gerencial.
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Fonte: Secom/UFG
Categorias: Esporte Edição 95 Arte e Cultura