A saúde tem cor de oliva
Consumo de azeite extravirgem reduz risco de doenças cardiovasculares, afirma especialista
Gustavo Motta
Estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (FM/UFG) destaca a importância do consumo de azeite de oliva extravirgem na prevenção de doenças cardiovasculares. A pesquisadora Annelisa Silva e Alves de Carvalho Santos explica que o produto "é reconhecido como um alimento rico em compostos bioativos que favorecem o bom funcionamento do organismo e auxiliam na prevenção de problemas cardiovasculares, como infartos". Entre os benefícios do óleo, comprovados pela pesquisa, está a redução dos níveis do colesterol, que, em excesso, traz prejuízos à saúde.
O estudo avaliou pacientes adultos, de ambos os sexos, com obesidade grave. A nutricionista conta que o trabalho de investigação foi realizado com pessoas cujo Índice de Massa Corporal (IMC) era superior a 35 quilos por metro quadrado. "O Brasil está entre os cinco países com maior população de obesos no mundo", ressalta, com base em dados recolhidos pela Global Burden of Disease, uma rede de pesquisa internacional, e publicados na revista científica The Lancet.
Entre os benefícios do consumo do azeite extravirgem está a redução dos níveis do colesterol (Divulgação)
Pesquisa
A investigação foi conduzida no Ambulatório de Nutrição e Obesidade Grave do Hospital das Clínicas (HC), coordenado pela professora da UFG, Erika Aparecida da Silveira. "Por meio de uma parceria do hospital com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), foram encaminhados pacientes que se encaixavam no perfil da pesquisa, totalizando 150 participantes". A pesquisadora conta que foi realizado um ensaio clínico randomizado, considerado um modelo de alto padrão para estudos de qualidade na área. "Houve uma preparação de, aproximadamente, um ano e meio, contando com equipe multidisciplinar treinada e padronizada".
Inicialmente, os participantes responderam a questionários e foram submetidos a exames. "Na sequência, durante 12 semanas, realizamos o acompanhamento dessas pessoas, divididas em três grupos sorteados aleatoriamente". Ao primeiro grupo, propôs-se o consumo diário de 52 ml de azeite extravirgem, distribuído na forma de sachês; ao segundo, apresentou-se um plano alimentar baseado na dieta tradicional brasileira, sem o uso do produto; e ao terceiro conjunto de indivíduos fez-se uma intervenção que incluía as duas proposições dos grupos anteriores.
Embora fosse esperado um melhor resultado no grupo de pacientes que recebeu as duas intervenções, ou seja, a dieta e o azeite, isso não ocorreu. Os resultados foram insuficientes. Como hipótese, os pesquisadores acreditam que os pacientes apresentaram dificuldades em se adaptar à dieta. Já os participantes que foram orientados a seguir apenas a dieta (segundo grupo) ou a consumir o azeite (primeiro grupo), tiveram mais facilidade de adaptação e apresentaram resultados mais satisfatórios.
Foi verificado, entre os pacientes submetidos à intervenção exclusiva com azeite, que houve redução em alguns parâmetros de risco cardiovascular, a exemplo da circunferência da cintura em até 10%. "A presença do colesterol LDL, que contribui para o bloqueio do fluxo sanguíneo com placas de gordura, foi reduzida em até 5%", conta Annelisa. E foi constatado também o aumento percentual do colesterol HDL, responsável por absorver gorduras e transportar ao fígado, para que sejam eliminadas. A nutricionista conta que os pacientes que receberam azeite, tanto do grupo 1 quanto do grupo 3, também notaram melhora no funcionamento do intestino.
A nutricionista destaca que a experiência da pesquisa pode auxiliar na estruturação de novos serviços de cuidado e atenção à saúde voltados a obesos graves. "Essa população tem crescido muito nos últimos anos, no entanto, ainda se carece de estudos com esse público. Pesquisas que busquem soluções alternativas à cirurgia bariátrica, efetivas e de baixo custo, devem ser estimuladas", avalia.
Fonte: Secom/UFG