Inclusão social é direito de cidadania
Secretário de Comunicação da UFG, professor Magno Medeiros assina o editorial do número 98 do Jornal UFG
Magno Medeiros*
O relato emocionante de Vercilene Dias, constante da seção Eu Faço a UFG, sintetiza a trajetória de lutas e desafios vivenciados por milhões de brasileiros que sonham em ingressar em uma universidade pública. No caso desta estudante, trata-se de uma história de superação. Sim, superação das condições de desigualdade e exclusão social que ela enfrentou e ainda enfrenta em suas lutas cotidianas. São condições estruturais que obstaculizam a ascensão social dos setores pobres da sociedade brasileira, notadamente as populações historicamente discriminadas, a exemplo daquelas compostas por negros, quilombolas e indígenas.
Apesar do cenário de exclusão social, que marca estruturalmente a realidade do Brasil, Vercilene – como vários outros guerreiros e guerreiras – já é uma vencedora de batalhas inacabadas. Conseguiu ingressar na UFG, onde se formou em Direito e onde atualmente cursa pós-graduação – Mestrado em Direito Agrário. Mais que um relato pessoal, o caso demonstra que, havendo oportunidades e políticas públicas de inclusão social, o acesso e a permanência à universidade pública podem tornar-se realidade de fato. Como vem ocorrendo na UFG e em várias universidades brasileiras.
Ao completar dez anos de existência em 2018, o Programa UFGInclui notabiliza-se como uma importante iniciativa no campo das ações afirmativas e da inclusão social na Universidade. E foi graças a este programa que a UFG conseguiu abrir as portas, de forma mais efetiva, a jovens oriundos da escola pública, especialmente negros, quilombolas e indígenas. Criado em 2008, o UFGInclui é uma das principais marcas da gestão do professor Edward Madureira, reitor à época, e da professora Sandramara Matias Chaves, então pró-reitora de Graduação. Hoje, dez anos depois, o UFGInclui se mantém como um programa de fundamental importância para continuar desenvolvendo a função social da Universidade. Uma Universidade pública, gratuita, laica, socialmente referenciada e de excelência acadêmico-científica.
Incluir os setores socialmente discriminados à Universidade significa implementar ações afirmativas no campo da produção e da socialização do conhecimento. A inclusão social revela uma postura de democratização do saber desde a perspectiva do ensino superior. Traduz uma política de acesso e permanência que contribui decisivamente para o desenvolvimento econômico, social e cultural do País.
Portanto, implementar políticas públicas de inclusão social significa contribuir substancialmente para a construção de um Estado Social de Direito. Nessa perspectiva, combater a exclusão social e criar mecanismos institucionais que incentivem ações afirmativas são necessidades políticas que se coadunam com os direitos de cidadania. Como afirma a filósofa espanhola Adela Cortina, a inclusão social faz parte do Estado Social de Direito, dentro do qual se defendem os direitos humanos por uma questão de exigência ética e de justiça social.
Assim, entende-se que o Programa UFGInclui, pauta principal da presente edição do Jornal UFG, vem contribuindo decisivamente para garantir o acesso e a permanência dos setores socialmente excluídos da sociedade e, com efeito, buscando democratizar o ensino superior brasileiro.
* Magno Medeiros é secretário de Comunicação da UFG e professor da FIC/UFG
Fonte: Secom/UFG