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Universidade Federal de Goiás
Ana Paula

Poderia a matemática resolver o problema das fake news eleitorais?

Em 12/12/18 13:48. Atualizada em 12/12/18 13:55.

Ana Paula Chaves apresenta o modelo, criado por matemáticos, que detalha o impacto das  fake news sobre comportamento do voto

Ana Paula Chaves*

Com as eleições legislativas nos EUA, rumores de uma eleição geral no Reino Unido no inverno e um possível segundo referendo sobre o Brexit, matemáticos da Universidade de Surrey e AXA Suíça produziram um modelo matemático que detalha o impacto das  fake news sobre comportamento de voto

Em um artigo publicado no arXiv, o professor Dorje Brody e o pesquisador David Meier deram uma definição matemática para as fake news, possibilitando aos parlamentares a clareza necessária para combatê-las. Os pesquisadores também introduziram um modelo que pode ser usado para conduzir análises abrangentes de cenários e estudos de impacto.

Brody e Meier apresentam abordagens para modelar e categorizar diferentes tipos de eleitores com base em como lidam com as fake news. Talvez o resultado mais surpreendente diz respeito a compreensão de que um grau de consciência e sofisticação é suficiente para mitigar o impacto de fake news, mesmo que as pessoas não possam dizer exatamente quais notícias são falsas.

A disseminação de desinformação deliberada (fake news) pode ser melhor compreendida no contexto da teoria da comunicação. Brody e Meier perceberam que elas podem ser modeladas na forma de ruído tendencioso - em contraste com o ruído nos canais de comunicação convencionais, que é imparcial. Com seu modelo, agora é possível fazer perguntas quantitativas como: Qual é a probabilidade de mudança no resultado da eleição se as fake news forem divulgadas com certa frequência?

Dorje Brody, professor de matemática na Universidade de Surrey, disse: Estamos vivendo um tempo sem precedentes onde a desinformação, alimentada por sua velocidade de disseminação na internet, está se tornando um perigo real para os processos democráticos. Nossos modelos podem guiar o caminho para o planejamento estratégico no sentido de combater os impactos de notícias falsas. Mas lembre-se, o modelo também permite que aqueles que desejam disseminar a desinformação otimizem suas estratégias, algo que eles não poderiam ter feito anteriormente sem isso.

"Nossos legisladores terão que agir rapidamente para tratar dessa questão, mas, infelizmente, aqueles que desejam atacar a democracia tendem a ser mais motivados do que aqueles que desejam defendê-la. Dito isto, o quadro para a realização de um estudo aprofundado do mecanismo de notícias falsas está agora disponível, e estou otimista de que, seguindo essa linha de pesquisa, podemos manter a vantagem se o governo puder ser convencido a se envolver em pesquisas desse tipo".

Segundo o pesquisador David Meier, da AXA Suíça, “a eficiência geral com a qual se poderia, em princípio, mitigar o impacto de notícias falsas, descoberto em nosso trabalho, foi uma surpresa para nós. A sofisticação necessária para isso provavelmente vai além do que o público em geral é capaz de lidar, e isso tem implicações para a formulação de políticas.No nível mais geral, nosso trabalho também destaca a importância da modelagem matemática para as faces da nossa sociedade”.

 

* Ana Paula Chaves é professora da UFG e coordenadora da regional da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM)

 

Categorias: Artigo