Dijaci entre a teoria e a poesia
Professor de Sociologia da UFG, Dijaci David de Oliveira, lançou dois livros de poesia
Carolina Melo e Caroline Pires
O menino que ouvia os cantadores de repente, nas tardes dos almoços familiares de domingo, hoje se tornou poeta. Foi ali, entre comidas e cantorias, violas e canções, que Dijaci David de Oliveira teve o seu primeiro contato com a poesia. Aos 13 anos, no entanto, quando recebeu uma repreensão escolar e foi enviado para a biblioteca da escola por estar conversando muito em sala de aula, o jovem se deparou com um livro de poesia. Era Carlos Drummond de Andrade. “Um professor de português já tinha falado dele, mas quando comecei a ler senti um forte estranhamento”, lembra.
Os poemas sem rimas, com versos de todos os tamanhos, chamaram a atenção do então iniciante leitor para as possibilidades da expressão poética. “Esse primeiro contato foi muito importante, desde então nunca mais deixei de ler poesias”. De leitor a poeta, Dijaci se lançou e ainda se aventura em várias formas de expressão. Enquanto professor universitário, desenvolve pesquisas, publica artigos acadêmicos, escreve capítulos e organiza livros. Ocasionalmente publica artigos em jornais. Mas foi na literatura que teve o seu encontro extraverbal, sensitivo, místico. “Quando faço um poema, tento trazer o interlocutor para um outro universo”, conta.
Suas primeiras publicações de poesia foram de poemas livres, no estilo da poesia moderna. O primeiro livro foi lançado em 2017. O Casa do Cotidiano é um livro de haicais. Já o segundo, publicado em 2018, Fotossíntese, é composto apenas por poemas concretos. Pesquisador dos temas focados nos problemas sociais do Brasil, a inspiração para as poesias também vem de suas reflexões teóricas. “Desigualdade, a vida política, a violência, a defesa dos direitos humanos, o reconhecimento dos grupos socialmente segregados e a busca por justiça. Impossível não tratar desses temas nos poemas”. Uma herança de outro poeta: Ferreira Gullar.
Dijaci de Oliveira ainda lembra de quando descobriu Gullar e, nesse diálogo, a crítica social em forma de versos. “Naquele momento pensei: ‘Então tudo o que penso eu posso pôr em poemas’. Estava com 17 anos e, de fato, comecei a escrever de forma sistemática”. Hoje, poeta e professor de Sociologia, entrelaça as expressões de campos distintos e complementares, e procura inspirar seus alunos. “Conversando com os meus alunos, falo da necessidade de pensarmos em formas de produzir informações e transmiti-las por vários meios. Retomei a ideia de aliar Sociologia e Literatura, sobretudo, a ideia de fazer uma literatura que seja uma expressão artística em si mesma, e também um lugar de encontro entre pessoas e pontos de vista”.
(Foto: Pedro Gabriel)
SOBRE AS OBRAS
Título: Na Casa do Cotidiano
Lançamento: 2017
Autor: Dijaci David de Oliveira
Editora: Imprensa Universitária
Título: Fotossíntese
Lançamento: 2018
Autor: Dijaci David de Oliveira
Editora: Editora UFG
Categorias: Eu Faço Arte