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Universidade Federal de Goiás
Mobilidade pendular

48,6% dos trabalhadores de Senador Canedo têm emprego fora da cidade

Em 15/04/19 15:41. Atualizada em 23/04/19 15:12.

Em Goianira, 45,7% dos moradores ativos no mercado precisam sair da cidade para trabalhar. Em Aparecida de Goiânia, o índice é de 39,2%

Letícia Santos

O acesso à Educação e ao trabalho nem sempre é uma garantia na cidade onde se reside. Não raro, as pessoas precisam se deslocar, todos os dias, para outros municípios com o propósito de estudar ou trabalhar. Esse movimento cotidiano é chamado de mobilidade pendular. Segundo pesquisa realizada pela UFG, dentro da região metropolitana de Goiânia, Senador Canedo é a cidade que comporta o maior número de moradores que precisam sair do município para trabalhar, seguida de Goianira e Aparecida de Goiânia.

mobilidade(Foto: Carlos Siqueira)

Ao analisar proporcionalmente os dados dos deslocamentos com a quantidade de População Economicamente Ativa (PEA) dos municípios, a pesquisa constatou que em Senador Canedo 48,6% do total de trabalhadores se deslocam para outros municípios, já em Goianira 45,7% de seus moradores ativos no mercado precisam sair da cidade, e 39,2% dos trabalhadores aparecidenses também se deslocam para outros municípios diariamente. O estudo, realizado pela pesquisadora Larissa Camilo, no âmbito do programa de pós-graduação em Geografia do Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa), avaliou a mobilidade pendular da região metropolitana de Goiânia durante 10 anos, entre os anos 2000 e 2010.

De acordo com a pesquisadora, a necessidade desses deslocamentos acaba evidenciando a importância, no ambiente metropolitano, do acesso aos espaços que oferecem Educação, Saúde, trabalho, entre outros. A mobilidade evidencia as desigualdades socioespaciais existentes nos municípios que integram essas regiões e, também, a centralidade de uma área de atração e dispersão de fluxos de pessoas, mercadorias, informações .“Percebe-se que em boa parte dos municípios metropolitanos periféricos, os recursos econômicos públicos não condizem com a sua importância no conjunto urbano, o que acaba gerando ainda mais desequilíbrios socioespaciais”, analisa Larissa.

Os deslocamentos atuam de forma diferenciada no ambiente metropolitano devido à acentuada atração dos polarizadores centros urbanos e de uma forte demanda de mão de obra dos diversos setores de atividades que ultrapassam os limites da cidade ou do aglomerado urbano. “A população será forçada a escolher o lugar onde irá morar pensando, sobretudo, em fatores econômicos, dentre eles, a falta de moradias próximas do centro de atração, preço das terras e dos aluguéis, valores dos impostos e tributos municipais e imobiliários, ligações afetivas e familiares, infraestrutura urbana e lazer”, afirma a pesquisadora. Segundo Larissa, o estudo observou que os custos econômicos serão os principais fatores na escolha da moradia, por isso os grupos sociais com menores condições financeiras tendem a residir em áreas com valores da terra mais baixos, em regiões desvalorizadas, com pouca ou nenhuma infraestrutura urbana adequada, poucos postos de trabalho e escassas opções de lazer.

Goiânia, capital do estado, é o núcleo central da região metropolitana, composta por 20 municípios, e exerce forte influência perante a região, ao estado e também diante dos estados do Tocantins, Pará, Maranhão, Piauí e Mato Grosso. De acordo com a pesquisa de Larissa, apesar de ter sido uma cidade planejada, a malha urbana da capital cresceu de forma espontânea e não seguiu todas as diretrizes do seu Plano Diretor, resultando em problemas físicos, demográficos e sociais que extravasam para os municípios de seu entorno. O solo urbano de Goiânia se torna mais caro e surgem diversos loteamentos em municípios vizinhos com valores mais baixos, muitas vezes desprovidos de serviços básicos urbanos, sociais e com números reduzidos de postos de trabalho, o que faz com que ocorra a mobilidade pendular em direção ao núcleo central.

Postos de trabalho

A área comercial é o setor que mais emprega trabalhadores pendulares, visto que os municípios que mais possuem postos de trabalho necessitam de mão de obra nessa área, como é o caso de Goiânia e Aparecida de Goiânia.

As atividades que exigem maiores qualificações acadêmicas, profissionais, científicas e que pagam maiores salários, são minoritariamente ocupadas por trabalhadores de outros municípios. “Os trabalhadores pendulares não conseguiram manter uma residência próxima das principais centralidades, por isso são forçados a se deslocarem em busca de postos de trabalho, que em sua maioria estão nas áreas industriais, comerciais, na construção civil e nos serviços domésticos”, avalia Larissa. Algumas vezes os trabalhadores se movimentam por grandes distâncias em busca de melhores salários, outras vezes buscam simplesmente um trabalho qualquer que possam garantir sua sobrevivência.

Os serviços domésticos caracterizam uma seção ocupacional de destaque na região metropolitana, mediante expressivos números de trabalhadores se deslocando. Ao todo, esse posto de trabalho acolhe 9,5% do total de trabalhadores pendulares da região. De acordo com Larissa, por se tratar de uma ocupação que não demanda tanta qualificação e capacitação escolar e profissional, é uma área que paga menores salários e concentra muitos trabalhadores informais, como é o caso das diaristas. “Como possuem uma renda menor, os indivíduos que atuam nesse ramo acabam não conseguindo morar em áreas centralizadas e próximas de seu local de trabalho, restando ao trabalhador fixar moradia em residências próprias ou alugadas em municípios periféricos, onde os custos habitações são menores”, afirma a pesquisadora.

Goiânia como município polo, oferece maior qualificação escolar e profissional, com maiores números de postos de trabalho e com salários mais altos. Segundo Larissa, de modo consequente, é o município com menor número percentual de deslocamento de seus trabalhadores para atuar na área dos serviços domésticos. Somente 2% dos trabalhadores pendulares de Goiânia vão para outros municípios para postos de trabalhos domésticos, ou seja, os trabalhadores da capital acabam encontrando emprego em seu próprio município. “É notório que quando há um grande número de trabalhadores saindo de Goiânia para trabalhar em outros municípios é para atuar, em sua maioria, em campos ocupacionais que exigem maiores qualificações escolares e profissionais, que trarão maior rentabilidade financeira”.

Selo Eu defendo

Fonte: Secom UFG

Categorias: pesquisa destaque Ciências Naturais