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Universidade Federal de Goiás
Cães-guias

Formando cães-guias para mudar vidas

Em 18/04/19 12:14. Atualizada em 11/06/19 15:42.

Projeto da EVZ-UFG em parceria com o IFGoiano - Campus de Urutaí pretende consolidar centro de excelência em formação de cães-guias

Caroline Pires e Beatriz de Oliveira

O Brasil tem cerca de 6 milhões de pessoas cegas ou com baixa visão e pouco mais de 180 cães-guias. A dificuldade de acesso ou de oportunidade de se ter um cão-guia é justificada pelo alto custo de produção de um filhote e pela falta de pessoal capacitado para treinamento. Visando colaborar para mudar esse cenário, a Universidade Federal de Goiás (UFG) é parceira, desde 2013, do Instituto Federal Goiano de Urutaí na implementação de um Centro de Genética e Treinamento de Cães-Guias no estado de Goiás.

Cãos-guias

(Fotos: Natália Cruz)

Ao investir no compartilhamento de experiências com instituições internacionais da área, como o Centro de Genética do Guiding Eyes for the Blind, UFG e IF Goiano Urutaí têm unido forças para mudar essa realidade. Diante do enorme desafio de estabelecer em Goiás um centro especializado para que o país tenha cada vez mais cães-guia, foi realizado entre dias 2 e 5 de abril o Fórum Internacional para o Desenvolvimento do Programa de Cães Guia na América Latina. O evento foi organizado pela International Guide Dog Federation, Instituto Federal Goiano - Câmpus de Urutaí e Universidade Federal de Goiás.

Mais de 20 instituições de seis países participaram do fórum que teve como principal objetivo estabelecer um termo de colaboração institucional e fortalecer o programa de formação de cães-guia na América Latina. “Estamos tendo contato com especialistas renomados mundialmente no trabalho com cães-guias. Está sendo muito importante para consolidação dos conceitos e está cada vez mais claro que é a colaboração entre as instituições que irá fazer o projeto decolar. São eventos assim que dão solidez para os programas brasileiros que trabalham com cães-guia”, afirmou a professora Rosângela Carvalho.

Os participantes puderam conhecer em profundidade os atuais processos de socialização de filhotes e treinamento de adultos, além da apresentação do programa de dados genéticos e suas potencialidades. A professora Rosângela de Oliveira Alves Carvalho, com o apoio do ex-diretor da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da UFG, Marcos Barcelos Café, encabeça há anos o estabelecimento de um centro para a produção de cães-guia na UFG. Após período no Guiding Eyes for the Blind, junto com a professora Adriana Santana do Carmo, concretizou-se a possibilidade de contribuir para o melhoramento genético  destes cães na UFG, com compartilhamento de dados com outras instituições de todo o mundo. O objetivo é que o Centro de Produção e Genética de Cães Guia, que está em fase de finalização no Campus Samambaia, estabeleça parceria com outros países para a colaboração com o IWDR, que é o programa do banco genético mundial para a área de cães de trabalho. O espaço construído na UFG irá funcionar ao mesmo tempo oferecendo a estrutura necessária para gerenciar o melhoramento genético e o suporte para a socialização precoce dos animais.

Cães-guiasPesquisadores conhecem Laboratório de Acessibilidade Informacional da UFG

A professora Rosângela afirma que a ideia do projeto é abarcar a produção do cão-guia desde o melhoramento genético até a entrega para os centros de treinamento. Ela defende que, nesse processo, a etapa de socialização do animal é uma das mais importantes, e por isso é tão fundamental o apoio da comunidade acadêmica da EVZ para colaborar com o projeto atuando como família socializadora dos cães que poderão se tornar guias.

O professor Leonardo Goulart, do IFGoiano - Urutaí, explicou que os filhotes recém-nascidos serão enviados para a UFG com 65 dias de vida e ficarão em socialização até os 13 meses e terão da universidade todo o suporte veterinário que for necessário. “Pelo tamanho da UFG somos um excelente campo para treinamento e conscientização da sociedade. Nós queremos que os estudantes da EVZ colaborem sendo as famílias socializadoras desses cães, uma etapa que é importantíssima para a formação deles”, completou Rosângela Carvalho.

 

Socialização dos filhotes

Socialização Cão-guia

Durante o Fórum Internacional, os estudantes da Escola de Veterinária e Zootecnia tiveram a oportunidade única de participar de palestra com professores Jane Russenberger e Eldin Leighton, que são referências mundiais na área de genética de cães-guias. O encontro fez parte de uma série de atividades promovidas pela Universidade Federal de Goiás e o Instituto Federal Goiano - Câmpus Urutaí, com o objetivo de estreitar relações com instituições internacionais para troca de informações e consolidação de um Centro de Genética e Treinamento de Cães Guias no Estado de Goiás.

Na oportunidade, o professor Eldin Leighton apresentou vídeos dos primeiros treinamentos de cães-guias. Segundo ele, o movimento para o treinamento começou no início do século XX e foi desacreditado por muito tempo. Mas hoje o processo conta com etapas que passam não só pelo treinamento, mas também pelo melhoramento genético de cães, socialização e seleção dos filhotes aptos para se tornarem cães-guias. O professor lembrou que atualmente existem nos Estados Unidos 100 mil pessoas que poderiam ter cães-guias, mas que a área sofre com dificuldades de formação de pessoal e treinamento qualificado. Além disso, outro dificultador é o custo para formar um cão-guia, que chega  a 50 mil dólares.

Já a pesquisadora Jane Russenberger destacou que a socialização adequada dos filhotes é fundamental para que todo o processo seja bem sucedido. De acordo com a professora, as primeiras 12 semanas de vida do animal têm uma influência enorme para determinar a sua adequação ou não para ser cão guia isto porque eles são extremamente influenciáveis nesse período e a fase se equipara a aquisição da linguagem por crianças. Além disso, ela destacou a importância de que o processo todo seja acompanhado de perto, desde a orientação genética, passando pelo armazenamento de sêmen, inseminação e, posteriormente a avaliação clínica e reprodutiva do cão.

Durante o evento, a professora Rosângela Carvalho (EVZ) reforçou a ideia de que os estudantes da EVZ atuem como voluntários no processo de socialização dos filhotes, zelando por esse período inicial da vida deles que são fundamentais para o sucesso de formação de um cão guia. “A UFG hoje tem 83 alunos cegos ou com baixa visão. Cada um de vocês pode tomar esse dado como inspiração para se engajar no projeto e ajudar o próximo”, convidou a professora.

Equipe projeto cães-guias
Fórum Internacional ocorreu em Urutaí e promoveu o compartilhamento de experiências (Foto: Arquivo pessoal)

 

Autonomia para ir e vir

Entre as atividades realizadas na UFG, os pesquisadores Jane Russenberger e Eldin Leighton foram conhecer o Laboratório de Acessibilidade Informacional (LAI) e a estudante Tálita Serafim Azevedo, que utiliza o laboratório desde a sua graduação em Letras-Português. Hoje ela cursa o mestrado em Educação Básica e sonha em ser professora universitária.  “Adoraria ter um cão-guia pois ele me ajudaria a caminhar e a transitar pela cidade e pelo campus com facilidade”, afirmou. No final da conversa Tálita conheceu Fox, um dos cães treinados no IFGoiano - Urutaí, um cão da raça labrador retriever.

O LAI é uma parceria entre o Sistema de Bibliotecas (Sibi) e o Núcleo de Acessibilidade da UFG e tem como objetivo fazer com que as informações que estão na biblioteca fiquem acessíveis para pessoas com deficiência e para isso, possui serviços e equipamentos de tecnologia assistiva.

Cães-guias

Fonte: Secom UFG

Categorias: destaque ciencias naturais