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Universidade Federal de Goiás
Anatomia para Colorir

Corpos expostos em texturas, cores e formas

Em 14/05/19 10:55. Atualizada em 16/05/19 11:15.

Exposição “Anatomia para Colorir”, lançada na Galeria de Artes da Faculdade de Letras, aproxima a arte dos acadêmicos

Carolina Melo

Anatomia para Colorir(Fotos: Pedro Gabriel)

Formas anatômicas em novos arranjos, o vermelho, o preto. Ossos, músculos e entranhas. O descompasso dos corpos. O tempo. A exposição “Anatomia para Colorir”, de Patrícia Ferreira, que assina como Patworkpat, é um convite à reflexão sobre o corpo, seja humano ou animal, dissecado pelo olhar subjetivo da artista. Os desenhos permitem ao espectador uma experiência diferente sobre a unidade e a subjetividade dos seres e deixa muito espaço para a reflexão.

Quem participou do lançamento da exposição de Patrícia, na Galeria de Artes da Faculdade de Letras (FL), na sexta-feira (10/05), contemplou a representação de corpos inventados em texturas lisas, rugosas e anatomias híbridas e, ao experienciar os desenhos, em algum momento, fez o retorno do olhar para si, para o próprio corpo e as próprias dores. A estudante de Letras-Espanhol, Jéssica Gonçalves, por exemplo, gostou da figura que ela mesma intitulou como “dor nas costas”. “Foi assim que senti esse desenho. Ele me chamou atenção porque eu fico muito assim, com essa postura. Gerou-me uma identificação. A postura, o desconforto, a dor”, disse. Foi ali, nos corredores da Faculdade de Letras, a primeira experiência da estudante em uma exposição.

Anatomia para ColorirA artista Patrícia Ferreira ao lado do curador da exposição, professor Alexandre Badim

Para a artista Patworkpa, a anatomia foi assumida como uma gramática visual, que faz o diálogo com a temporalidade e a aceitação da passagem do tempo, para além do medo e da dor . “Cada trabalho é um organismo vivo, de tal forma que se pode perceber as transformações geradas pela passagem do tempo. Há presente as minhas próprias questões sobre a dor e o envelhecimento e como podem ser transformadas por mim”. Trata-se de uma reflexão em aberto sobre o corpo. “Será que estamos pensando sobre o corpo? Por que ele ainda causa tanto espanto? Por que um corpo nu incomoda?”, questiona.

Em diálogo com a arte de Patrícia, o acadêmico Luan Alves Nascimento caminhou pelo entendimento da dor de um abuso animal até a uma relação “nua e crua” com a natureza do corpo. Um dos trabalhos de Patworkpa, de alguma forma, fez com que ele enxergasse o mau-trato animal. “Algo aí me relaciona à dor”. Já um outro desenho fez com que o estudante enxergasse o glúteo, uma parte do corpo “tão ligada a sexualidade e ao erotismo, pela perspectiva do corpo interno, de dentro, o que pode até causar repulsa”. Segundo ele, “parece que a artista está dizendo algo do tipo ‘mostro pra você o que é sensual, mas que visto de dentro pode lhe causar repulsa’. A sensação é que ela utiliza a anatomia para tentar me dizer algo além”, afirma.

E foi a anatomia dos corpos, com as cores vermelhas sobressaltadas, que chamou a atenção do estudante de Enfermagem Érick Leal. “Vejo muito sangue! Eu lembrei das aulas de anatomia, onde conseguia ver as estruturas do corpo, mas lá não tinha sangue. Aqui me parece muito real e me causa certo espanto. Mas é essa a realidade. Nosso corpo é todo sangue”.

Anatomia para Colorir Luan Alves e Jéssica Gonçaves: arte em diálogo com o próprio corpo

A exposição “Anatomia para Colorir”, da artista Patworkpa, graduada na Faculdade de Artes Visuais (FAV) da UFG  pós-graduada na Faculdade de Letras (FL) ocorre na Galeria de Artes, sob a curadoria do professor da FL, Alexandre Badim. Conforme ele explica, a Galeria é um projeto de extensão da UFG que irá receber artistas ao longo de todo a ano. “Patrícia Ferreira foi a artista convidada, mas quem tiver interesse em expor no local pode escrever para a direção da faculdade para submeter os projetos a uma comissão técnica”.

 

Categorias: Arte e Cultura