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Universidade Federal de Goiás
Agrotoxicos

Utilização de agrotóxicos aumenta até 700% no Brasil

Em 01/06/19 13:49. Atualizada em 03/06/19 09:53.

Dados sobre o uso dessas substâncias no país foram apresentados no primeiro dia da Agro Centro-Oeste Familiar 2019

Letícia Santos

O Brasil é um dos maiores consumidores mundiais de agrotóxicos. Sua utilização é bastante difundida nas produções agrícolas, especialmente em monoculturas. Para pensar sobre o atual cenário de consumo e utilização dos produtos químicos, a Universidade Federal de Goiás promoveu a palestra “Agrotóxicos, saúde, meio ambiente e políticas públicas”, durante o primeiro dia de Agro Centro-Oeste Familiar, na tarde da última quarta-feira (29/05).

Os agrotóxicos são, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, caracterizados por produtos e agentes de processos biológicos, físicos e químicos, com a finalidade de alterar a composição da flora ou até mesmo da fauna, para preservação. Lorena Nunes, da Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental do Estado de Goiás, pontuou que o Ministério da Saúde considera como agrotóxicos, não apenas os produtos destinados para o uso agrícola, mas também os de uso domésticos, como os produtos popularizados para combater insetos. Os produtos utilizados na saúde pública, como aqueles utilizados para controle de vetores, os de uso veterinário e os raticidas também são considerados agrotóxicos. “Por curiosidade, o agrotóxico conhecido como chumbinho não é um raticida, como a maioria das pessoas pensam, a sua destinação é exclusiva para o uso agrícola, além de ser considerado um produto extremamente tóxico”.

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(Fotos: Natália Cruz)

Anualmente são usados no mundo aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de agrotóxicos. O consumo anual de agrotóxicos no Brasil tem sido superior a 300 mil toneladas de produtos comerciais. Desde o ano de 2004, o uso dessas substâncias aumentou aproximadamente 700%, enquanto no mesmo período, a área agrícola aumentou 78%. “Por que temos um aumento tão grande no número de agrotóxicos, sendo que a área agrícola não consegue acompanhar esse crescimento?”, questionou Lorena. No estado de Goiás, conhecido por diversas produções agrícolas, a preocupação com o uso de agrotóxicos é eminente, desde questões relacionadas a saúde do trabalhador rural, a qualidade dos alimentos e da água que chegam nas mesas de cada família. “É um desafio para a área da saúde controlar a qualidade dos alimentos que as pessoas estão consumindo, por isso, o uso de agrotóxicos é considerado um grave problema de saúde pública”, afirmou a coordenadora.

As intoxicações provenientes do uso errado e exacerbado dos agrotóxicos colocam o estado de Goiás, de acordo com o Ministério da Saúde, como o quinto estado que mais utiliza agrotóxicos no país. No período de 2007 a 2017, estudos relatam um total de 6.441 notificações por intoxicação de agrotóxico no estado, desde número, foram registradas 112 mortes. A preocupação atual da área da saúde é conscientizar a população sobre esse perigo. “A questão é: como levar essa informação pra quem realmente precisa?”, questionou Lorena. O problema se agrava quando muitos casos de intoxicação não são registrados, seja por falta de diagnóstico de um profissional da saúde ou por a vítima não procurar tratamento adequado.

A aplicação imprecisa de agrotóxicos, como o uso de substâncias proibidas no Brasil mas vendidas de maneira clandestina, podem causar diversas consequências, tanto na água, nos alimentos e nos próprios produtores. A Vice Coordenadora do Fórum Goiano Contra os Impactos do Agrotóxico, Giselle Freitas, pontua que são três os órgãos responsáveis pela liberação dos agrotóxicos no país: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). “O papel desses três órgãos são complementares e importantes”. Giselle também chamou atenção do público, para novas alternativas de fiscalização. “Temos o projeto das Hortas Urbanas Sustentáveis, que levanta a utilização e as consequências de diferentes agrotóxicos nas mais de 200 hortas existentes na cidade de Goiânia”.

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Métodos e alternativas de conscientização são fundamentais para quem utiliza os defensivos agrícolas. Para Rodrigo Baiocchi, Fiscal Estadual Agropecuário (Agrodefesa-GO), o uso dessas substâncias está enraizada no cotidiano das pessoas e essa situação promete perdurar por muito tempo. “Infelizmente ou felizmente, o uso de agrotóxicos vai continuar acontecendo. Os órgãos públicos precisam assumir a responsabilidade de instigar os cidadãos para o uso mais correto desses produtos”. É papel da Agência Goiana De Defesa Agropecuária fiscalizar o uso, comércio, armazenamento e transporte dos agrotóxicos no estado de Goiás.

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Categorias: Saúde